Termodinâmica

Termodinâmica

 
  Introdução
  Lei Zero
  Gáz Ideal
  Termômetro Padrão
  Processos Reversíveis 
  Trabalho de Expansão
 
 
Introdução
 
    A termodinâmica estuda como as trocas de energia com a vizinhança afetam o comportamento de um sistema. Isto é feito sem considerar as propriedades específicas das partículas que constituem esse sistema.
    Como tal, várias grandezas físicas de natureza macroscópica, como a energia trocada no processo chamado calor, a energia trocada no processo chamado trabalho, a entropia e a capacidade térmica, entre outras que podem ser medidas experimentalmente, são introduzidas sem se relacionarem diretamente com a estrutura interna do sistema.
    Por isso, os métodos e resultados da termodinâmica têm caráter extremamente geral.
 
 
 
Lei Zero
 

    Um sistema está isolado quando contido por paredes adiabáticas, ou seja, quando não pode trocar energia na forma de calor com a vizinhança.
    É um fato experimental que um sistema isolado sempre tende a um estado de equilíbrio térmico, isto é, um estado para o qual as variáveis macroscópicas que o caracterizam não mudam com o tempo.
    Quando dois sistemas estão separados por uma parede diatérmica dizemos que estão em contato térmico.
    Colocando em contato térmico dois sistemas que, isoladamente, estavam em equilíbrio térmico, observam-se mudanças em suas variáveis macroscópicas até que alcancem novos valores que permanecem constantes com o tempo. Dizemos, então, que os dois sistemas estão em equilíbrio térmico um com o outro.
    O conceito de temperatura está associado ao seguinte fato experimental, conhecido como lei zero da termodinâmica: dois sistemas em equilíbrio térmico com um terceiro estão em equilíbrio térmico ente si.
    Assim, dois sistemas em equilíbrio térmico entre si estão à mesma temperatura.
    Para saber se dois sistemas têm a mesma temperatura não é necessário colocá-los em contato térmico entre si, bastando verificar se ambos estão em equilíbrio térmico com um terceiro corpo, chamado termômetro.
    Na prática, um termômetro pode ser construído como segue.
    Escolhe-se uma substância termométrica. Por exemplo, o mercúrio.
    Escolhe-se, desta substância, uma propriedade que dependa da percepção fisiológica de temperatura. Por exemplo, o volume.
    Define-se a escala de temperatura. A escala Celsius, por exemplo, é definida por dois pontos fixos e uma lei linear.


    As leis físicas são expressas por equações matemáticas mais simples se a temperatura é dada na escala Kelvin:

    T[K] = 273 + t[oC]

 
 

 
Gás Ideal
 

    O estado de um gás ideal fica definido pelas variáveis macroscópicas: pressão (P), volume (V) e temperatura Kelvin (T).
    As variáveis pressão e temperatura representam valores médios de grandezas microscópicas.
    A pressão está relacionada com o valor médio da quantidade de movimento transferida das partículas às paredes do recipiente nas colisões.
    A temperatura está relacionada com a energia cinética média das partículas.
    A relação matemática entre estas variáveis é chamada equação de estado.
    Gás ideal é aquele para o qual vale a equação de estado (de Clapeyron):

    PV = nRT

    para quaisquer valores de P e T.
    Aqui, n é o número de mols da substância em questão e R, a constante universal dos gases.

    Lei de Charles

    Para uma transformação isovolumétrica (a volume constante):

    P / T = constante


    Assim, para uma dada massa de gás mantido o volume constante, a pressão é diretamente proporcional à temperatura absoluta.

    Lei de Gay-Lussac

    Para uma transformação isobárica (a pressão constante):

    V / T = constante


    Assim, para uma dada massa de gás mantida a pressão constante, o volume é diretamente proporcional à temperatura absoluta.

    Lei de Boyle-Mariotte

    Para uma transformação isotérmica (a temperatura constante):

    PV = constante


    Assim, para uma dada massa de gás mantida a temperatura constante, a pressão é inversamente proporcional ao volume ocupado.

  
 
 
Têrmometro Padrão
 

    Os valores atribuídos à temperatura de um sistema qualquer dependem do termômetro usado, mesmo que todos concordem nos pontos fixos que definem a escala usada.
    Existe, portanto, a necessidade de escolher um termômetro padrão, pelo menos para uso científico. O termômetro escolhido como padrão é o termômetro de gás a volume constante.


    Um gás enche um bulbo e um capilar ligado a um manômetro de tubo aberto com mercúrio. O bulbo é colocado em contato térmico com o sistema cuja temperatura se quer determinar.
    Um tubo flexível permite levantar ou abaixar um reservatório com mercúrio, fazendo com que o mercúrio no ramo esquerdo do manômetro coincida sempre com o zero da escala.
    Assim, o volume do gás pode ser mantido constante, apesar do aumento ou diminuição da sua temperatura.
    Neste termômetro, a propriedade termométrica é a pressão do gás.
    Medindo-se h, o desnível do mercúrio no manômetro, e conhecendo-se o valor da pressão atmosférica, PA, o módulo da aceleração da gravidade, g, e a densidade do mercúrio, r, a pressão do gás no bulbo é determinada por:

    P = PA + rgh

    A temperatura do gás e, portanto, do sistema em questão, é definida em função de um ponto fixo, o ponto triplo da água, por:

    T(P) = 273,16 [ P / PT ] K

    onde PT é a pressão do gás quando em contato com a água no ponto triplo.
    O ponto triplo representa o estado em que coexistem, em equilíbrio, as fases líquida, sólida e gasosa da água. Para esse estado, P = 4,58 mmHg e T = 0,01 oC.
    Na prática, mede-se PT e P para quantidades cada vez menores de gás (ou seja, para PT tendendo a zero) e a temperatura é tomada como o resultado desse processo de limite.
    A escala de temperatura assim definida depende apenas das propriedades gerais dos gases e não das propriedades de um gás particular.
    Como os gases reais se comportam como ideais no limite de baixas pressões, esta escala é chamada de escala termométrica de gás ideal.
    Então, o termômetro usada como padrão é o termômetro de gás a volume constante com a escala termométrica de gás ideal.
    A escala escolhida desta maneira independe das propriedades de qualquer gás em particular, mas depende das propriedades dos gases ideais.
    A escala termométrica absoluta Kelvin independe das propriedades de qualquer substância. A escala Kelvin e a escala de gás ideal são idênticas no intervalo de temperatura em que o termômetro de gás pode ser usado.

 
 

 

Processos Reversíveis

            Se um sistema experimenta um processo espontâneo que o leva de um estado de equilíbrio a outro, os estados intermediários não são estados de equilíbrio.
    Contudo, se o processo é efetuado lentamente, desenvolvendo-se em pequenas etapas, a cada nova perturbação o sistema não se afasta apreciavelmente do estado de equilíbrio e tem tempo de atingir um novo estado de equilíbrio antes de outra perturbação. Então, em qualquer instante dado, o estado do sistema está próximo de um estado de equilíbrio.
    Um processo efetuado muito lentamenteé e em etapas infinitesimais é chamado quase-estático e pode ser considerado como uma sucessão de estados de equilíbrio.
    Se, além de ser quase-estático, o processo puder ser invertido por variações infinitesimais em qualquer propriedade do sistema, este processo também é reversível. Em outras palavras, o processo é reversível se pode ser invertido, com o sistema passando pelos mesmos estados (de equilíbrio) intermediários, na ordem inversa.
    A importância dos processos reversíveis reside nos seguintes fatos. O trabalho de um gás sobre a sua vizinhança numa expansão adiabática é máximo quando o processo é reversível. E inversamente, o trabalho da vizinhança sobre o sistema numa compressão adiabática é mínimo quando o processo é reversível.
    Para discutir um exemplo de processo reversível, consideremos um gás confinado a um cilindro por um pistão móvel sem atrito. O cilindro e o pistão isolam termicamente o gás da sua vizinhança.
    O gás é comprimido quase-estaticamente colocando-se grãos de areia sobre o pistão, um a um e lentamente. O processo é reversível porque pode ser invertido retirando-se os grãos de areia, um a um, lentamente e na ordem inversa de sua colocação.
    Caso exista atrito entre o cilindro e o pistão, este só pode ser colocado em movimento por um certo número mínimo de grãos de areia. Assim, o processo de compressão não pode ser quase-estático nem reversível. E se o pistão já está em movimento lento, comprimindo o gás com a colocação lenta de grãos de areia, esse movimento só pode ser invertido com a retirada de um certo número mínimo de grãos de areia. Assim, o processo pode ser quase-estático, mas não pode ser reversível.
    O processo de transferência de energia na forma de calor de um corpo a uma dada temperatura para outro, a temperatura menor, é irreversível porque ocorre espontaneamente em um único sentido.
    Também é irreversível qualquer processo que converta energia mecânica em energia interna. Por exemplo, quando dois objetos em contato são movidos um em relação ao outro, o atrito faz com que energia mecânica se transforme em energia interna (a temperatura dos corpos se eleva). O processo inverso, isto é, a transformação do excesso de energia interna em energia mecânica, não pode ser realizado porque a vizinhança não volta ao seu estado original.
    Como qualquer estado de equilíbrio termodinâmico de um fluido homogêneo, por exemplo, fica definido por duas variáveis, podemos representa-lo por um ponto no plano P-V. E uma transformação reversível pode ser representada por uma curva nesse plano, já que, então, o sistema passa por uma sucessão de estados de equilíbrio.
 
 

 
Trabalho de Expansão
 
            Consideremos um certo sistema cujo volume sofre uma variação muito pequena, passando de V para V + DV, sob o efeito de uma pressão externa PE.


    A força externa que atua sobre um elemento de superfície da fronteira do sistema de área DA é:

    DFE = - PE DA

    e se esse elemento de superfície sofre um deslocamento Ds, o trabalho desta força externa sobre ele é:

    D2 WE = DFEDs = - PE DA Ds

    Quando todos os elementos de superfície são incluídos, o trabalho das forças externas (da vizinhança) sobre o sistema é dado pela soma de D2 WE sobre toda a superfície de área A, resultando:

    DWE = - PE DV

    Esta expressão dá o trabalho da vizinhança sobre o sistema quando o volume do sistema sofre uma variação muito pequena DV.

    O trabalho da vizinhança sobre o sistema é positivo quando DV < 0, ou seja, quando o sistema se contrai.
    O trabalho da vizinhança sobre o sistema é negativo quando DV > 0, ou seja, quando o sistema se expande.
    Quando a variação de volume do sistema é finita, pode-se pensar que ela se dá por uma série de etapas, cada qual associada a uma variação de volume muito pequena. Então, o trabalho total da vizinhança sobre o sistema é a soma dos trabalhos associados a cada etapa:

    WE = - S PE DV

    Por outro lado, pela terceira lei de Newton, as forças externas que atuam sobre o sistema são iguais em módulo e direção, mas de sentido contrário, às forças do sistema sobre a vizinhança.
    Assim, podemos escrever, para o trabalho do sistema sobre a vizinhança, quando o volume do sistema sofre uma variação muito pequena DV:

    DW = - DWE = PE DV

    Agora, caso o processo de variação de volume do sistema seja reversível, tem sentido falar na pressão P do sistema, com P = PE. Então:

    DW = P DV

    Esta expressão dá o trabalho do sistema sobre a vizinhança quando o volume do sistema sofre uma variação muito pequena DV.

    O trabalho do sistema sobre a vizinhança é positivo quando DV > 0, ou seja, quando o sistema se expande.
    O trabalho do sistema sobre a vizinhança é negativo quando DV < 0, ou seja, quando o sistema se contrai.
    Para uma transformação reversível finita no volume do sistema:

    W = S P DV

    A relação entre a pressão e o volume (dada pela equação de estado) de um sistema que se transforma reversivelmente pode ser representada por uma curva no plano P-V.


    A área entre a curva e o eixo OV, de V1 até V2, representa o trabalho do sistema contra a vizinhança numa expansão de V1 até V2.
    A partir dessa interpretação geométrica para o trabalho podemos ver claramente que o mesmo depende do processo que liga os estados inicial e final, já que então a área correspondente deve ser diferente.
    Para um processo de expansão isobárico reversível:

    W = P ( V2 - V1 )

    e caso o sistema seja um gás ideal:

    W = nR ( T2 - T1 )

    Para um processo de expansão isotérmico reversível de um gás ideal:

    W = nRT ln ( V2 / V1 )

 
 
Autor: Adriano Pasqualotti
Fonte: http://usuarios.upf.br/~pasqualotti/hiperdoc/concreto.htm

 

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