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1835
- GUERRA DOS
FARRAPOS
Desde
o apagar do
século
18 a economia
gaúcha
tinha como
base a criação
de gado e
a venda dos
produtos dela
derivados,
como o charque,
ou carne salgada
- consumida
em todo o
país
- e couro
dos animais
- exportado
para a Europa.
Mas os estancieiros
gaúchos
sofriam forte
concorrência
da Argentina
e Uruguai,
cujos produtores,
beneficiados
pelo custo
de produção
mais baixo,
vendiam os
mesmos produtos
a preços
inferiores
aos praticados
no Brasil.
Enquanto isso
ocorria o
governo imperial
relutava em
adotar medidas
que protegessem
os criadores
brasileiros,
o que levou
alguns jornais,
como O Constitucional
Rio-Grandense,
a defender
idéias
separatistas.
Em 1834, a
aprovação
de um novo
aumento de
impostos para
a província
gaúcha
determinou
o início
da rebelião
que ganhou
o nome de
Revolução
Farroupilha.
Ocorrida no
Sul do Brasil
entre 1835-1845,
essa luta
civil foi
assim denominada
porque os
revolucionários,
pelas roupas
esfarrapadas
que vestiam,
foram apelidados
de farrapos
pelos soldados
imperiais,
enquanto estes,
por sua vez,
eram denominados
caramurus
por seus adversários.
A origem desse
conflito é
atribuída
a causas diferentes:
descontentamento
crescente
diante dos
pesados impostos
exigidos pela
regência;
descalabro
administrativo;
e rivalidade
entre portugueses
e brasileiros,
porque estes
supunham que
aqueles pretendiam
reconduzir
D. Pedro I
ao trono do
país.
Chefiado por
Bento Gonçalves
da Silva,
o movimento
começou
em 1835, na
cidade de
Porto Alegre,
quando os
revoltosos
obrigaram
as autoridades
imperiais
a fugir e
tomaram conta
de quase toda
a província
do Rio Grande
do Sul. (Na
ilustração,
carga da temida
cavalaria
farrapa, retratada
por Litran,
pintor francês).
Na época
o regente
Feijó
estava mais
preocupado
com outra
agitação
rebelde que
ocorria no
Pará,
a Cabanagem,
e além
do mais não
dispunha de
tropas para
a luta no
sul, e por
isso os farrapos
se sentiram
fortes depois
de derrotarem
as tropas
imperiais
em Pelotas
e então
constituíram
um governo
provisório.
A partir daí
eles pretenderam
criar uma
república
que ficaria
confederada
como outras,
a serem estabelecidas
em território
brasileiro,
mas nessa
altura dos
acontecimentos
o governo
imperial reagiu,
retomou a
capital da
província,
conseguiu
atrair para
o seu lado
o general
Bento Manuel
Ribeiro, considerado
o melhor comandante
dos rebelados,
e assim conseguiu
derrotar os
rebeldes na
batalha de
4 de outubro
de 1836, quando
aprisionou
Bento Gonçalves
e outros chefes
do movimento,
durante um
confronto
ocorrido na
ilha de Fanfa,
no rio Jacuí.
a quase 40
km de Porto
Alegre, com
baixa de duzentos
soldados feridos,
cento e vinte
mortos.
Apesar disso
os rebeldes
proclamaram
a república
de Piratini
e elegeram
Bento Gonçalves
como presidente,
cargo que
na ausência
do titular
foi ocupado
provisoriamente
por José
Gomes de Vasconcelos
Jardim. Mas
o retorno
de Bento Manuel
às
suas hostes
deu novo ânimo
ao movimento
revolucionário,
que derrotou
o general
Mena Barreto
em 19 de maio
de 1837, enquanto
a fuga de
Bento Gonçalves
e seus companheiros
do Forte do
Mar, na Bahia,
ocorrida em
10 de setembro
do mesmo ano,
deu um novo
rumo à
guerra civil.
Assumindo
a presidência
da República
de Piratini
o líder
rebelde ordenou
a invasão
Santa Catarina
em 1839, o
que foi feito
por suas tropas
comandadas
por Davi Canabarro
e auxiliadas
por Giuseppe
Garibaldi,
revolucionário
italiano que
havia sido
exilado do
seu país
(e com ele
cerca de cinqüenta
outros italianos,
seus companheiros
e também
refugiados
políticos),
que conquistaram
a vila de
Laguna e então
proclamaram
a República
Juliana -
denominada
dessa forma
porque o fato
ocorreu no
mês
de julho -
, confederada
com a de Piratini,
enquanto os
navios mercantes
encontrados
no porto de
Laguna foram
armados e
Garibaldi
nomeado comandante
da esquadra
republicana.
Porém,
os revoltosos
logo foram
atacados por
terra e mar,
sofreram algumas
derrotas sérias,
e quando Luis
Alves de Lima
e Silva, então
barão
e depois Duque
de Caxias,
assumiu em
1842 a presidência
e o comando
das armas
do Rio Grande
do Sul, foi
iniciada uma
campanha militar
de perseguição
aos rebeldes,
que culminou
com a retomada
de Porto Alegre,
em junho de
1843, pelo
conde de Porto
Alegre, e
a assinatura
da paz em
1º de
março
de 1845, pelo
general Canabarro
e Caxias,
garantindo
liberdade
aos escravos
que participaram
das lutas,
bem como a
devolução
das terras
confiscadas
aos fazendeiros
gaúchos.
FERNANDO
KITZINGER
DANNEMANN
Fonte:
Recanto
das Letras
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