Ernesto
Nazareth
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No Rio de Janeiro de 1880 quase tudo era importado da Europa, das penas de bico de pato às pautas musicais, incluindo idéias e modismos. Pela Alfandêga circulavam instrumentos musicais, violas, pratos, compositores, maestros e companhias que aqui chegavam para temporadas de óperas de Bellini, Rossini, Verdi e Carlos Gomes...Na cidade também eram frequentes as sociedades musicais como o Club Haydn e o Club Rossini em São Cristóvão, no qual Ernesto Nazareth fez sua primeira apresentação em público em 1886. A cidade incorporava o hábito dos concertos, destacando sempre a presença de algum pianista europeu: Gottschalk, Arthur Napoleão, Teodoro Ritter... O Rio de Janeiro importava novos passos e marcações das danças de salão. Os mestres de baile, que ensinavam à domicílio, eram muito requisitados. A valsa foi uma das primeiras danças em que os pares se enlaçavam e, por isso mesmo, escandalizou até as cortes européias.
Em meados do século XIX, originária da Polônia, trazida por Mr. Felipe Caton, a polca estreava na cidade, no Teatro São Pedro. Pelo seu aspecto brejeiro e alegre, muitos acreditavam que o novo ritmo surgira nos vaudevilles de Paris. O Jornal do Comércio assim noticiava: "A polca é mais uma importação que vem da França, furtada dos direitos apesar de toda a fiscalização da Alfandêga..." Pouco tempo depois, surgiam nos salões e teatros a mazurka, a redowa e a varsoviana. Outro ritmo que estourava nos salões cariocas era o tango; não o tango argentino, mas a fusão "à brasileira" da habanera com o andamento da polca e às vezes do maxixe que resultava num ritmo mais brejeiro e alegre (Horta, Luiz Paulo Dicionário de Música. RJ: Zahar, 1985). Ernesto Nazareth rejeitava a designação "popular" de maxixe para as suas músicas, preferindo a denominação "tango brasileiro". Os tangos se tornaram a marca principal do compositor, entre os mais famosos estão Odeon, Brejeiro e Sertaneja.
Por volta de 1920, Nazareth foi trabalhar na Casa Carlos Gomes, na Rua Gonçalves Dias. A função do pianista era executar músicas para serem vendidas. O depoimento de José de Oliveira, o "Juca", companheiro de piano de Nazareth na loja, ilustra bem esse período: Naquele tempo a única maneira de conhecer as novidades musicais era através dos pianistas que as casas contratavam para as "demonstrações" ...Não havia rádio, os discos eram raros e o cinema mudo. Isso obrigava o público a fazer música em casa...As pessoas escolhiam as partituras, ouvindo o pianista da casa. Lembro algumas meninas pretensiosas que gostavam de fazer demonstrações técnicas na frente de Nazareth. O mestre era muito exigente e não admitia que suas músicas fossem maltratadas. Quase sempre mandava suspender a execução, lançando o seu habitual: Assim não se toca Nazareth !
No dia 1º de fevereiro de 1934, passeando (ou fugindo?) da Colônia, Nazareth se perdeu pelas matas de Jacarepaguá. Foi encontrado morto três dias depois próximo à Cachoeira dos Ciganos.
Capa
do Álbum de Música para Dança Ed. Bevilacqua & C.
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Capa
do tango Feitiço Vieira Machado & Cia Editores
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Bibliografia: