Guilherme
de Almeida
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"Todos cinco pertencentes ao clima parnasiano-simbolista, todos cinco revelando um habilíssimo artista do verso, que, com mais fundamento ainda do que Bilac, poderia dizer que imita o ourives quando escreve".
O motivo de tantos elogios vindos de Manuel Bandeira não é em vão. Isso porque Guilherme de Almeida é um sonetista exímio que possui um estilo bem pessoal, pois trata o verso com extrema habilidade e, ao mesmo tempo, dá liberdade às imagens. Quando Manuel Bandeira diz que Guilherme de Almeida tem "mais fundamento ainda do que Bilac", ele refere-se a formação do poeta, pois ele sabia latim, grego e era um profundo conhecedor da cultura renascentista.
Depois desses primeiros livros, inicia-se a fase modernista do poeta: em 1922 participa da Semana de Arte Moderna e funda a revista Klaxon. Viaja pelo país fazendo conferências e palestras nas quais defende e divulga os princípios da renovação artística e estética do modernismo. No ano de 1924 publica a obra "A Frauta que Eu Perdi (subtítulo: Canções Gregas). No ano seguinte publica "Meu" e "Raça". Nessa fase percebe-se que os seus versos são livres e há também o uso de recursos como a sonoridade e a disposição gráfica. No entanto o significado desses versos, que volta e meia ainda possuem rima, não é muito agudo.
Em 1928 entra para a Academia Paulista de Letras. Ocupa a cadeira que pertencera a seu pai. No ano de 1930, é eleito para ocupar a Cadeira n. 15, na sucessão de Amadeu Amaral, na Academia Brasileira de Letras. Foi recebido, em 21 de junho de 1930, pelo acadêmico Olegário Mariano. Ainda em 1930, com a publicação da obra "Você", percebe-se que a fase "modernista" do poeta chegou ao fim. Os poemas voltam a ter a forma fixa de soneto, como versos voltam a ser metrificados e rimas raras.
Em 1932, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, Guilherme de Almeida, defensor da causa constitucionalista, alistou-se como soldado na revolução de 1932. Devido a esse ato, foi exilado por oito meses em Portugal, onde foi recebido com herói e como um dos maiores poetas da língua.
Em 1933, em 1º de agosto, retorna do exílio e vai morar na Rua Pamplona em São Paulo.
No ano de 1936 Guilherme de Almeida encontra-se com o cônsul japonês no Brasil, Kozo Ichige. Coicidência ou não, nesse mesmo ano começou a escrever "haicais em português".
Os haicais são poemas japoneses compostos por três versos. No ano seguinte, publicou o artigo "Os Meus Haicais". Nele, além de expor suas Idéias de como seria o haicai em português, também os sistematizava da seguinte forma:
Os haicais contêm:
título;
dezessete sílabas dispostas em três versos sendo que
o primeiro verso possuí cinco sílabas, o segundo sete
e o terceiro cinco.
O esquema de rimas usado pelo poeta era o seguinte: o primeiro verso
rima com o terceiro e existe também uma rima interna no segundo
verso, entre a segunda e a sétima sílaba. Representado
graficamente esse esquema fica assim:
_
_ _ _ X
_0_ _ _ _ 0
_ _ _ _ X
Exemplo:
Infância:
Um
gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".
Em 1945 funda o Jornal de São Paulo, que é temporariamente fechado pelo Estado Novo. Em 1949, junto com Franco Zampari, ajuda a fundar o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). No ano seguinte, é nomeado chefe de gabinete do Prefeito de São Paulo, Lineu Prestes.
Em 1959 Guilherme de Almeida é eleito, em concurso instituído pelo Correio da Manhã, o "Príncipe dos Poetas Brasileiros". Falece, na cidade de São Paulo, no dia 11 de julho de 1969.
Principais Obras
Poesia
Nós
(1917);
A dança das horas (1919);
Messidor (1919);
Livro de horas de Soror Dolorosa (1920);
Era uma vez... (1922);
A flauta que eu perdi (1924);
Meu (1925);
Raça (1925);
Encantamento (1925);
Simplicidade (1929);
Você (1931);
Poemas escolhidos (1931);
Acaso (1938);
Poesia vária (1947);
Toda a poesia (1953).
Ensaios:
Do sentimento nacionalista na poesia brasileira, (1926);
Ritmo, elemento de expressão (1926);
::. Confira alguns poemas e alguns haicais escritos por Guilherme de Almeida
Nós
Flor do Asfalto
Haicais
Bibliografia: Mundo Cultural
A canção do expedicionário
Autor:
Guilherme de Almeida e Spartaco Rossi (1944)
Intérprete:Francisco Alves
Gênero: Hino - Fonte: FEB
A canção do Expedicionário tem versos mais extensos, mas a gravação de Francisco Alves, que traz apenas a metade dos versos originais do poeta Guilherme de Almeida, foi a que ficou mais popular. Ouça a música clicando abaixo. Acompanhe a música lendo a letra completa ao lado.