Histórias
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Reinações
de Narizinho (1931) - O livro-mãe, a locomotiva do
comboio, o puxa-fila. A saga do Picapau Amarelo começa. Aparecem
Narizinho, Pedrinho, Emília, o Visconde, Rabicó, Quindim,
Nastácia, o Burro Falante... e o milagre do estilo de Monteiro
Lobato vai tramando uma série infinita de cenas e aventuras,
em que a realidade e a fantasia, tratadas pela sua poderosa imaginação,
misturam-se de maneira inextrincável - tal qual se dá
normalmente na cabeça das crianças. O encanto que
as crianças encontram nestas histórias vem sobretudo
disso: são como se elas próprias as estivessem compondo
em sua imaginativa, e na língua que todos falamos nessa terra
- não em nenhuma língua artificial e artificiosa,
mais produto da "literatura" do que da espontaneidade
natural.
2
Viagem
ao céu e O Saci (1932) - Pedrinho consegue obter
uma boa dose do pó de pirlimpimpim, o pó mágico
que transporta as criaturas a qualquer ponto do Espaço e
a qualquer momento do Tempo. Distribuindo pitadas a Narizinho, Emília,
Visconde, Nastácia e o Burro Falante, empreende a viagem
ao céu astronômico. Vão parar na Lua, onde tia
Nastácia vira cozinheira de São Jorge, enquanto os
outros visitam Marte, Saturno e a Via Láctea, onde encontram
o Anjinho de Asa Quebrada. Enquanto brincam no espaço sideral,
vão aprendendo noções de astronomia. Só
voltam de lá quando dona Benta os chama com um bom berro:
"Já pra baixo, cambada!". Na segunda parte, "O
Saci", desenvolve-se a estranha aventura vivida por Pedrinho
que conseguiu pegar um saci com a peneira e conservá-lo preso
numa garrafa. O diabinho de uma perna só proporciona ao garoto
ensejo de conhecer a vida noturna e fantástica das matas
- com visões da Mula Sem Cabeça, da Caapora, do Lobisomem,
do Boitatá, e das principais criações mitológicas
do nosso folclore.
3
Caçadas
de Pedrinho e Hans Staden (1933) - Pedrinho organiza uma
caçada de onça e sai vitorioso, como também
sai vitorioso do ataque das onças e outros animais ao sítio
de dona Benta. Depois encontra um rinoceronte, fugido de um circo
do Rio de Janeiro, que se refugiara naquelas matas - um animal pacatíssimo
do qual Emília tomou conta, depois de batizá-lo de
Quindim. Completa o volume a narrativa feita por dona Benta das
célebres aventuras de Hans Staden. Esse aventureiro alemão
veio ao Brasil em 1559 e esteve nove meses prisioneiro dos tupinambás,
assistindo a cenas de antropofagia e à espera de ser devorado
de um momento para outro. Mas se salvou e voltou para a Alemanha.
Lá publicou o seu livro: o primeiro que aparece com cenário
brasileiro e um dos mais pungentes e vivos de todas as literaturas.
4
Emília
no país da Gramática (1934) - Temos aqui uma
das obras-primas de Monteiro Lobato e o mais original de quantos
livros se escreveram até hoje. Lobato representa a língua
como uma cidade, a cidade da Gramática, e leva para lá
o pessoalzinho do sítio, montado no rinoceronte. E é
esse paciente paquiderme o gramático que tudo mostra e explica.
Há a entrevista de Emília com o venerando Verbo Ser,
que é pura criação. E a reforma ortográfica,
que Emília opera à força, com o rinoceronte
ali a seu lado para sustentar suas decisões, constitui um
episódio que não só encanta as crianças
pela fabulação como ensina as principais regras da
ortografia.
5
Aritmética
da Emília (1935) - Na Aritmética da Emília,
Monteiro Lobato usa do mesmo recurso e consegue, a partir de matéria
tão árida como a aritmética, transformar o
velho Trajano numa linda brincadeira no pomar. O quadro-negro em
que faziam contas a giz era o couro do Quindim.
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História
das Invenções (1935) - Certo dia, dona Benta
resolve ensinar física aos meninos, e em vários serões
faz um verdadeiro curso da matéria, melhor que quando feito,
penosamente, nos colégios. A física perde a sua secura.
Os diálogos, os incidentes, as constantes perguntas dos meninos
e as ocasionais maluquices da Emília, amenizam o processo
do aprendizado (1935).
7
O
Poço do Visconde (1937) - Um livro interessante em
que a geologia, sobretudo a geologia especializada do petróleo,
é exposta ao vivo e com profundo conhecimento da matéria.
O Visconde vira geólogo, faz conferências, ensina a
teoria e depois passa à prática, com a abertura de
poços de petróleo nas terras do sítio de dona
Benta. E tão bem são conduzidos os estudos geológicos
e geofísicos, que a Companhia Donabentense de Petróleo,
fundada pelo pessoal do sítio, consegue abrir o primeiro
poço de petróleo do Brasil: o Caraminguá nº
1. É o livro pelo qual Monteiro Lobato leva sua campanha
pelo petróleo aos leitores infanto-juvenis, como havia feito
com os adultos em O Escândalo do Petróleo.
8
Histórias
de Tia Anastácia (1937) - São as histórias
mais populares do nosso folclore, contadas por tia Nastácia
e comentadas pelos meninos. Nesses comentários, no fim de
cada história, Pedrinho, Narizinho e Emília revelam-se
bem dotados de senso crítico, e "julgam" as histórias
da negra com muito critério e segurança. É
um livro que "ensina" a arte da crítica - lição
que pela primeira vez um escritor procura transmitir às crianças.