A arte do Storyboard
 


Storyboard é um filme contado em quadros, um roteiro desenhado. Lembra uma história em quadrinhos sem balões. Mas existe uma diferença fundamental: apesar da semelhança de linguagem e recursos gráficos, uma história em quadrinhos é a realização definitiva de um projeto, enquanto que um storyboard é apenas uma etapa na visualização de algo que será realizado em outro meio. O story é um desenho-ferramenta, um auxiliar do cineasta.

Eisenstein, Fellini e Kurosawa desenhavam seus próprios stories. Na verdade, existe o storyboard que acompanha a produção de um filme, mais propriamente chamado shooting board”, e o storyboard utilizado na fase de criação e no esforço de venda de um filme, mostrado e discutido junto a clientes e patrocinadores.

 

Assim, um storyboard cumpre três funções: 1) ajuda os criadores a visualizar a estrutura do filme e discutir a sequência dos planos, os ângulos, o ritmo, a lógica do filme, as expressões e atitudes dos personagens; 2) ajuda a apresentar o roteiro para os responsáveis pela aprovação e liberação de verbas; 3) orienta a produção do filme, lembrando aos realizadores o que realmente foi aprovado pelo patrocinador ou cliente.

Aqui, o story serve de documento firmado entre quem paga e quem faz.

Na publicidade, o storyboard era presença infalível em todas as grandes campanhas que envolviam filmes para TV, junto com seu parente próximo, a“mancha de layout” (desenho de anúncio ou qualquer material de campanha, colorido com pinceladas rápidas e sugestivas).

Há uma década o uso do story está em declínio. Hoje em dia existem muito mais recursos visuais para simular o resultado final de um filme, para fins de apresentação. A internet e os bancos de imagens são uma fonte aparentemente infindável de “pedaços da vida” com que são montadas as mensagens de consumo.

Alguns toques de Photoshop ou programa similar de tratamento de imagem, e obtêm-se uma representação próxima de como vai ficar o filme depois de pronto (ou o anúncio impresso).

O ilustrador de agência, “manchador” ou “layoutman”, enfrenta essa concorrência desde então. O mercado ficou menor; em contrapartida, parece quehá menos profissionais habilitados para este trabalho, capazes de materializar um roteiro numa linguagem narrativa adequada, nos prazos que a publicidade exige.

Portanto, este acaba sendo um trabalho bastante especializado, raro e bem pago. Enquanto os programas simuladores de desenho não conseguirem fazer nada melhor do que bonecos parecidos com o Falcon (quem se lembra?), o ilustrador, artesão antiquado da Era de Ouro da publicidade, sobreviverá.

Fonte: http://www.spacca.com.br/

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