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O povo e o Congresso Nacional

Fernando Acacio - Publicado em 07.12.2005

Diuturnamente acompanhamos as inúmeras reclamações com relação ao desempenho dos políticos, em todas as esferas de poder, contudo, o mais interessante, é que ninguém se atentou para o relevante detalhe que, tanto as Câmaras Municipais, quanto as Assembléias Legislativas Estaduais e o próprio Congresso Nacional, possuem, (pasmem!), nada mais, nada menos, do que a cara do povo brasileiro.

Inúmeras pesquisas e até a mais recente efetuada pela agência de publicidade Ogilvy Brasil, mostram as inúmeras contradições de nosso povo, como por exemplo, a mais gritante, que diz respeito à participação da vida em comunidade, quando 95% se declaram inteiramente favoráveis, paradoxalmente, apenas 4% tem o trabalho social como sonho e projeto de vida, e ainda 78% concordam que o individualismo e o egoísmo cresceram muito nos últimos anos.

Mas a coisa não para por ai, 60% da população condenam pequenas transgressões, como por exemplo, bater o cartão de ponto de um colega de trabalho, comprar produtos piratas ou falar ao celular no trânsito, paradoxalmente, 66% não se incomoda em comprar coisas no comércio informal ou pirata, assim, pode-se muito bem concluir que o cidadão brasileiro está pensando no seu progresso pessoal, que pode acontecer, na sua visão, independente do progresso da nação.

Apenas esses dois pontos já servem para dar uma grande mostra no que a nossa sociedade vem se transformando. Justamente por isso, podemos encarar as inúmeras indignações contra os políticos como bravatas, pois ninguém toma uma ação, ao contrário do que acontece, e temos acompanhado, quando o assunto é o time do coração. Portanto, todos os cargos eletivos, refletem o pensamento da sociedade, e suas ações, nada mais são, do que o reflexo das ações da coletividade, em menor escala, porque é praticado individualmente. É correto também afirmar que o brasileiro não aprende com a sua própria história, e nem com seus intelectuais, em 1933, Gilberto Freyre já descrevia o brasileiro como um “equilibrista das contradições” em sua obra prima Casa Grande & Senzala.

Mas para que serve tudo isso? Para indicar que são necessárias mudanças profundas na sociedade, mudanças estruturais, e preventivas, que produzam mudanças de comportamento, e não apenas mudanças pontuais, tomadas quando o problema já está em curso, e apenas se quer dar uma satisfação à sociedade “indignada”. Esse caminho de mudanças estruturais é muito mais longo, o que inviabilizaria os projetos políticos individuais; por isso, sempre relegado, sempre engavetado. E assim, o Brasil vai mostrando a sua cara, uma de dia e em público e outra a noite, no particular, o interessante, é que ninguém se atentou que, mais cedo, a conta é paga por todos.

Fonte: duplipensar.net

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