Jane
Austen
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Segundo o costume inglês, cabia-lhe o designativo de Miss Austen, por ser a mais velha, tratamento este que passaria a Jane caso Cassandra viesse a casar-se, e, como tal não aconteceu, Jane costumava brincar dizendo ser ela a outra Miss Austen. (Oportuno esclarecer que, segundo aquele costume, a escritora devia ser chamada por Miss Jane, omitindo-se o nome de família.) Vítima de moléstia que hoje se supõe fosse a doença de Addison, um distúrbio hormonal, então fatídico, que destruía totalmente as glândulas suprarrenais, a maioria das vezes por lesão tuberculosa, Jane veio a falecer aos 41 anos, na vizinha cidade de Manchester, para onde fora levada em tratamento.
Todos os irmãos, exceto Edward, casaram-se duas vezes e tiveram muitos filhos. Jane e Cassandra adoravam os sobrinhos e é da primeira a frase Its better to be a loving aunt than a famous writer (é melhor ser uma tia amorosa que uma escritora de fama).
Cassandra foi sempre sua grande amiga e confidente; chegou a ficar noiva, aos 24 anos, do reverendo Thomas Fowle, que acabou morrendo de febre amarela, nas Índias Ocidentais, antes do casamento. Jane teve uma paixonite por Thomas Lefroy, seu primo longínquo, irlandês, que passava as férias em Hampshire; em seu regresso à Irlanda, ele se casou com outra, exerceu o alto cargo de Lord Chief Justice (uma espécie de promotor público) e, na velhice, muitos anos depois do falecimento de Jane, confessou ter amado a grande Jane Austen mas fora um amor de juventude [a boys love].
Sabe-se também que em 1802, durante umas férias em Manydown, Harris Bigg-Wither a pediu em casamento; Jane, que tinha 27 anos, assumiu na hora o compromisso, mas fugiu com a irmã nessa mesma noite, voltando para a casa dos pais em Bath, sem que se soubessem as razões tanto da aceitação quanto da recusa, certamente esclarecidas em cartas à irmã, que foram por esta destruídas depois da morte da autora. No entanto, numa carta à sobrinha Fanny, filha mais velha de seu irmão Edward, Jane fala a respeito de amor e conveniência no casamento: voltando ao assunto, quero lhe suplicar para não se comprometer demasiadamente, e nem pensar em aceitá-lo a menos que realmente goste dele. Tudo pode ser suportado, menos um casamento sem Afeto. Isto pode explicar sua ruptura com Harris Bigg-Wither, com quem, aliás, manteve amizade mesmo depois do desentendimento.
A família Austen era abastada; o pai, além dos estipêndios que usufruía devido às suas funções paroquiais, preparava alunos, às vezes na condição de internos, para os exames da Universidade de Oxford. Jane passou os primeiros 27 anos de sua vida em Steventon, ausentando-se em duas pequenas ocasiões: em 1782 foi com a irmã para o pensionato da sra. Cawley, em Oxford, onde já estudava sua prima Jane Cooper.
No pensionato, Jane contraiu crupe (difteria), doença então conhecida na Inglaterra pelo nome de ferida pútrida na garganta. Se não fosse pela advertência aos pais de Jane e Cassandra, a autora teria morrido nessa ocasião. Posteriormente, em 1785/87, as irmãs Austen foram estudar no pensionato de madame Latournelle, em Reading. Mas a formação literária de Jane só se deu realmente quando, na volta de Reading, começa a estudar com o pai e os irmãos mais velhos. Ela escrevia abundantemente: cartas, peças de teatro, poesia, farsas, novelas. Em 1802, o pai se jubilou de suas atividades eclesiásticas e a família foi morar em Bath. Nessa época, Jane já havia composto as versões iniciais de três novelas que iria mais tarde reescrever e publicar. Em 1803, o sr. Seymor, empregado de seu irmão Henry, enviou seus manuscritos de Susan para os editores Crosby & Co., que os adquiriram por dez libras para publicação. No entanto, passados seis anos, a novela não havia saído; Jane, usando o pseudônimo de mrs. Ashton Dennis, consegue recuperar os originais e os transforma em A abadia de Northanger (Northanger Abbey), publicado postumamente.
Em 1805, o pai, George Austen, morre. Jane e Cassandra assumem o papel de tias, vivendo sempre rodeadas de sobrinhos. Seu relacionamento maior é com o irmão mais velho, o reverendo James Austen, cujo filho, James Edward, iria publicar em 1870 sua Memória de Jane Austen. Em 1811, sai sua primeira obra impressa, Razão e sentimento (Sense and Sensibility), assinada By a Lady (por uma Senhora). Durante toda a sua vida Jane manteve o anonimato. Nos últimos anos, já enferma, escreveu Persuasão e reviu Northanger Abbey. Deixou inacabado o último livro, Sanditon, ao morrer a 18 de julho de 1817. O irmão Henry foi quem revelou a identidade da autora e supervisionou a publicação destas duas últimas novelas completas, em 1818.
Jane Austen, cuja obra literária deu ao romance inglês o primeiro impulso para a modernidade, ao tratar do cotidiano de pessoas comuns com aguda percepção psicológica e um estilo de uma ironia sutil, dissimulada pela leveza da narrativa. Filha de um pastor anglicano, toda a sua vida transcorreu no seio de um pequeno grupo social, formado pela aristocracia rural inglesa. Aos 17 anos, escreveu seu primeiro romance, Lady Susan, uma paródia do estilo sentimental de Samuel Richardson. Seu segundo livro, Pride and Prejudice (1797), tornou-se sua obra mais conhecida, embora, inicialmente, tenha sido malvisto pelos editores, o que levou por algum tempo ser descriminada no meio editorial. Depois conseguiu publicar como já mencionamos no parágrafo anterior o romance Sense and Sensibility (1811), cujo sucesso levou à publicação, ainda que sob pseudônimo, de obras anteriormente recusadas. Vieram ainda outros grandes sucessos como Mansfield Park (1814) e Emma (1816) em um estilo menos ágil e humorístico, porém ganhando em serenidade e sabedoria, sem perda de sua típica ironia. Morreu em Winchester, um ano antes de serem publicadas as obras Persuasion e Northanger Abbey, uma deliciosa sátira, escrita na juventude, ao gênero truculento da novela gótica. Seu poder de observação do cotidiano forneceu-lhe material suficiente para dar vida aos personagens de suas obras, e a crítica considerou-a a primeira romancista moderna da literatura inglesa.
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1- Orgulho e Preconceito: Sinopse: Lizzy Bennet (Jennifer Ehle) é uma romântica e decidida mulher que não concebe a ideia de se casar sem amar o esposo, mas tem de enfrentar as formalidades de uma sociedade em que o matrimônio era só mais uma ferramenta de poder. Quando um jovem milionário, Mr. Bingley (Crispin Bonham-Carter), se estabelece na pequena Meryton, a calma do local é quebrada. Lizzy sente subitamente uma repulsa pelo amigo de Bingley, Mr. Darcy (Colin Firth, Bridget Jones e Febre de Bola), mas é envolvida em uma trama que a faria descobrir facetas ocultas de Darcy.
2- Razão e Sensibilidade: Sinopse: Uma tocante e elegante versão do clássico de Jane Austen que trata de amor, traição, paixão e suas relações com as convenções sociais. Deixadas na miséria após a morte de seu pai, Elinor e Marianne Dashwood enfrentam a incerteza do futuro e têm de casar se querem uma vida confortável. Pretendentes não faltam, como Mr. Edward Ferrars, Mr. John Willoughby e o Coronel Brandon, só que todos eles escondem facetas não tão visíveis. Aflitas pelo mesmo problema, Elinor e Marianne têm jeitos muito diferentes de encará-lo, uma pendendo para a razão e a outra se entregando à paixão. Mas só o equilíbrio pode levar as duas a uma solução. Da obra clássica de Jane Austen, Razão e Sensibilidade tem o roteiro do premiadíssimo Andrew Davies, o mesmo de Orgulho e Preconceito, e um elenco de primeira grandeza da dramaturgia britânica, em uma das produções de época mais queridas da história da BBC.
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