Violênca Muçulmana
 

A situação do pós-Segunda Guerra Mundial

Até 1945, os dois Impérios Colônias, o britânico e o francês mantinham-se no controle de milhares de quilômetros quadrados de território islâmico, área que se estendia das margens do oceano Atlântico, ao ocidente, até o mar Arábico no oriente. Território esse que se valorizara de um modo extraordinário devido às constantes descobertas de novos lençóis petrolíferos (os subsolos da Arábia Saudita, do Kuwait, dos Emirados Árabes, do Iraque e do Irã comportam 60% das reservas petrolíferas do mundo).

Quando os colonialistas foram forçados a recuar, ambos trataram ou de resistir (Guerra da Argélia, 1956-1960) ou de formar monarquias dóceis ao colaboracionismo (dinastia Hachemita, que controlou a Jordânia e o Iraque, entre 1920-1960, e a do rei Faruk, no Egito). Situação que levou ao levante nacionalista do coronel Gamal Nasser no Cairo, de 1952, e a uma série de golpes militares que seguiram na mesma linha de emancipação (como o do general Karim Kassem no Iraque, em 1958, e o de Muhammad Kadafi, na Líbia, em 1969).

O recuo do colonialismo europeu, todavia, não trouxe a esperada paz para a região. Bem ao contrário.

Novo ciclo de violência

A guerra das caricaturas: Ocidente versus Oriente

A fundação do Estado de Israel, cuja existência fora aprovada pela ONU em 1947, provocou um novo ciclo de reações hostis em todo o Oriente Médio. A presença de um estado sionista na área da antiga Palestina indignou os povos árabes. A isto se juntou o fato do quadrilátero árabe tornar-se fronte da Guerra Fria após os dramáticos acontecimentos provocados pela nacionalização do Canal de Suez determinada por Nasser, em 1956.
Ouve então um claro alinhamento ideológico: a URSS tratou de apoiar o nacionalismo árabe emergente, enquanto os Estados Unidos, desde o anúncio da Doutrina Eisenhower, de 1957(que repelia a intromissão soviética no Oriente Médio) posicionou-se a favor do Estado de Israel e da Monarquia Saudita. Deste modo, os desertos e as antiqüíssimas cidades da Mesopotâmia, da Síria e do Egito, viraram peças no grande tabuleiro do enfrentamento mundial entre Moscou e Washington.
A importância do Oriente Médio, como área estratégica, aumentou ainda mais devido à crescente dependência ocidental e dos seus aliados mais próximos para com o petróleo árabe-iraniano. É isso que faz com que qualquer tumulto que por lá ocorra mereça a atenção da mídia internacional. Gradativamente aquela infeliz região tomou o lugar que antes era ocupado pelos Bálcãs na Europa, isto é, um caldeirão gerador de problemas e de guerras que parecem não ter fim.
Para os povos do Levante, a presença israelense e o apoio ocidental ao projeto sionista configuram a existência de uma Nova Cruzada, tendo os seguidores de Maomé como vítimas.Cruzada essa que somente pode ser respondida pelo apelo a jihad, à Guerra Santa.
Observam que desta feita, ao contrário da investida medieval, interessa ao Ocidente o controle direto das jazidas petrolíferas e seus arredores. O que a faz sobrepor-se às antigas motivações religiosas dos tempos anteriores.

No presente momento, como desdobramento do ataque suicida da Al-Qaeda (o informal braço vingador do Islã) aos prédios de Nova York e Washington, no 11 de setembro de 2001, dois países muçulmanos, o Afeganistão e o Iraque, invadidos e semidestruídos, encontram-se sob ocupação militar de uma coligação de países cristãos-ocidentais (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, Polônia, etc..), o mesmo se dando com o território da Cisjordânia, povoado majoritariamente por palestinos, sob controle israelense desde 1967. Isso sem esquecer-se que a parte árabe de Jerusalém, onde se ergue a sagrada Mesquita de Omar, está sob supervisão da polícia israelense, sendo fonte de tumultos sem-fim.

Protestos e explosões por todos os lados

Escombros de discoteca atingida por atentado na ilha de Bali

A resposta a isso da parte dos muçulmanos, a essa sistemática humilhação, tem sido um crescente número de sangrentos e arrasadores atentados à bomba nas capitais ocidentais (metrô de Madri e metrô de Londres), e em locais paradisíaco freqüentados pela juventude dourada ocidental ou por turistas europeus (a Ilha de Bali, na Indonésia, e em Amã, na Jordânia), com centenas de mortos, o que leva a um acirramento ainda maior do ódio entre os Euro-americanos e a gente do Islã.

Outras manifestações não tão violentas, por igual, sacudiram a periferia de Paris, os chamados banlieues de l'islam, onde rapazes desocupados, em sua maioria descendentes de árabes, incendiaram milhares de automóveis e lutaram contra esquadrões policiais. Do outro lado do mundo, na Austrália, foi à vez dos jovens anglo-saxões lançarem-se em operação de linchamento contra "os libaneses", considerados como "invasores" do espaço praiano deles, configurando-se assim um enfrentamento cada vez mais globalizado entre ocidentais e muçulmanos.

A "guerra das caricaturas", em andamento, só pode vicejar num ambiente onde as sensibilidades e aflições estão à flor da pele como ocorre entre os muçulmanos. Eriçados com a situação de inferioridade e impotência a que estão reduzidos, tendo que enfrentar as maiores potências ocidentais coligadas contra eles, explodem em protestos de massa ou em ações barulhentas contra o que consideram ser uma agressão ao Islã.

Fonte: Terra Educação

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