Índia |
|
|
|
Nos dois milênios compreendidos entre 1500 a.C. e o século VII da era cristã ocorreu a invasão dos arianos que, pelo Punjab, se infiltraram nas planícies do médio Indo e avançaram até o vale do Ganges.
A civilização védica (de Veda, o conhecimento sagrado) formou-se pela fusão dos arianos com os povos que viviam na planície indo-gangética. Os arianos, de pele clara e vinculados lingüisticamente a helenos, germanos e eslavos, defrontaram-se com uma civilização adiantada, homogênea e brilhante, com cidades e instituições estabelecidas, que dominaram pela força de suas armas superiores. Os invasores devastaram cidades e obras de arte, mas deixaram uma das coleções literárias mais extraordinárias do mundo, os Vedas, textos sagrados escritos em sânscrito, ao longo dos séculos, e divididos em quatro livros básicos, Rigveda, Yajurveda, Samaveda e Atharvaveda, e complementados por compilações de comentários: Brahmanas, Aranyakas e Upanishads.
Com o tempo, crenças não arianas foram incluídas nos sistemas religiosos e estabeleceu-se a divisão social em castas, que exerceu influência determinante no futuro desenvolvimento da Índia. Com o passar dos séculos, as quatro castas básicas subdividiram-se em milhares de outras. Ao longo dos séculos VI e V a.C., os principados converteram-se em monarquias e o comércio prosperou.
Desenvolveram-se duas grandes religiões que buscavam a salvação individual: o budismo, pelo ascetismo e a negação do desejo, e o jainismo, pela mortificação pessoal. Rejeitadas pelos brâmanes, as duas religiões foram propagadas pelos comerciantes e revolucionaram o meio intelectual do país.
Gautama Buda e Vardhamana Jnatriputra Mahavira, fundadores do budismo e do jainismo, são as principais figuras da época. Ao longo do milênio seguinte, o jainismo e o budismo difundiram-se largamente. As artes e o pensamento alcançaram grande esplendor, e a sociedade hierarquizou-se cada vez mais com a criação de milhares de castas; no nível inferior extremo ficavam os párias, ou intocáveis. Essa civilização complexa estendeu-se, nos impérios Mauria, de 321 a 185 a.C., e Gupta, de 320 a 540 da era cristã, até o Nepal, Himalaia, Tibet, Sião (atual Tailândia), Indonésia, Sri Lanka e o reduto dravídico do Deccan. Sob o domínio de Ciro o Grande e Dario I, os Persas anexaram a região do Indo.
Em 326 a.C., Alexandre o Grande dirigiu uma expedição que ocupou o Punjab e o Sind e anexou diversos reinos hindus. Candragupta Mauria, fundador do império Mauria, expulsou os gregos e tornou-se senhor de Mágada. Seu filho Bindusara e seu neto Açoka, o "rei monge", ampliaram e consolidaram o império, que se estendeu por toda a Índia. Açoka, o mais famoso dos imperadores indianos, foi budista fervoroso. A história de seu reinado consta da literatura sânscrita e está gravada em rochas e pilares espalhados pelo domínio. Com sua morte, o império entrou em desintegração, e em 185 a.C. o comandante-chefe das forças armadas, Pusyamitra Sunga, assassinou o último imperador mauria e fundou a dinastia Sunga. À queda do império Mauria seguiram-se diversas invasões estrangeiras.
No início do século II a.C. chegou Demétrio II, do reino grego de Bactria, sucedido por Menandro. A reação local confinou a presença grega ao Punjab. Com a morte de Menandro, o maior dos reis indo-gregos, o poderio helênico enfraqueceu-se e caiu sob os ataques dos citas, originários da Ásia central. Os citas associaram-se aos partas e mais tarde a eles se submeteram. O mais famoso soberano parta, Gondofares, reinou de 19 a 45 da era cristã. Citas e partos foram derrotados pelos kushans, provenientes da Ásia central e os mais poderosos invasores da época. Seu principal soberano foi Kanishka, fundador da segunda dinastia, que viveu no século I da era cristã e difundiu a doutrina budista pelo continente asiático. Seguiu-se um período obscuro da história política do país, em que as dinastias locais combateram a ocupação estrangeira. Os andhras dominaram o Deccan; o sul permaneceu sob o domínio tâmil; e no norte os bharasivas derrotaram os kushans.
O império indiano ressurgiu com a fundação da dinastia Gupta por Candragupta I no ano de 320. Seu filho e sucessor Samudragupta, que reinou de 330 a 380, ampliou e consolidou o império, que conheceu seu apogeu sob Candragupta II. Seu reinado marcou a idade de ouro da literatura sânscrita. O império Gupta terminou no final do século V, embora a família continuasse a governar por muitos séculos com autoridade reduzida. Seu fim foi determinado pela invasão dos hunos brancos ou neftalitas, que conquistaram a maior parte do país.
A dissolução do império Gupta, considerado o período da Índia clássica, conduziu à idade média indiana, na qual o país dividiu-se em centenas de estados independentes. Essa época, que se prolongou até o século XIII, caracterizou-se pelo triunfo dos guerreiros e o declínio dos comerciantes e pela perseguição aos fiéis do jainismo e do budismo. Os brâmanes recuperaram sua antiga autoridade religiosa e impuseram o hinduísmo sincrético que se formara com o tempo a partir de elementos védicos e pós-védicos, não arianos e por uma multiplicidade de cultos, práticas particulares e preceitos de pureza, não-violência e vegetarianismo, tomados do jainismo e do budismo.
O hinduísmo culminou na coexistência de três deuses máximos: Brahma, o criador do mundo, Vishnu, o conservador, e Shiva, o destruidor. Mais do que uma religião, o hinduísmo é uma ordem social e, sobretudo, o fundamento da civilização indiana, a tal ponto que conserva sua vitalidade na Índia contemporânea.
O islamismo entrou no país a partir da conquista de Sind, no século VI, e da fundação posterior de colônias mercantis na costa de Malabar, mas não logrou o domínio global do subcontinente.
Fonte: Numismática