Surgimento das cidades |
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A necessidade de centralização levou ao aparecimento da cidade, centro administrativo que reunia várias aldeias surgido em torno do templo do principal deus totêmico da comunidade. Nesse templo era armazenada a produção excedente das aldeias; à sua volta, viviam as pessoas que se dedicavam à administração, ao comércio e ao artesanato.
Entre os servidores do templo, destacavam-se os sacerdotes (herdeiros dos “feiticeiros” das aldeias neolíticas), intérpretes da vontade dos deuses, que acabavam por assumir a função de dirigentes das cidades. Exerciam tarefas de muita importância. Como a distribuição das águas e das sementes, a supervisão das colheitas e a armazenagem dos grãos, apropriando-se também de boa parte das terras e da produção dos camponeses, como pagamento de impostos devidos aos deuses.
A
DIVISÃO DO TRABALHO, AS DESIGUALDADES SOCIAIS, O ESTADO
Além do desenvolvimento da agricultura, com direção
centralizada dos trabalhos coletivos de irrigação,
outros fatores contribuíram para transformar as aldeias em
cidades. As técnicas de trabalhar metais, ouro, prata, bronze,
se desenvolveram com rapidez, tornando-se profissões especializadas,
como joalheiros e metalúrgicos.
A
existência das primeiras cidades dependia também da
possibilidade de se organizar o transporte eficaz de grandes quantidades
de produtos e de matérias primas. Os habitantes das cidades
precisavam receber com regularidade alimentos vindos dos campos
ou de localidades distantes. Era indispensável ir buscar
em florestas e montanhas, por vezes longínguas, madeira,
metais e até pedra.
Essas necessidades levaram a um grande aperfeiçoamento dos
meios de transporte e ao desenvolvimento do comércio.
As canoas primitivas foram sendo aperfeiçoadas, até se transformarem em autênticos navios, capazes de transportar artigos volumosos. A descoberta da vela aumentou o raio de ação dos navios. De igual significação foi o desenvolvimento dos transportes terrestres, com a invenção da roda, da tração animal e também do arado de metal.
O comércio, de início, se processava por simples troca; depois, pelo uso do gado (pecúnia) como unidade de troca, ou por meio de artigos valiosos facilmente transportáveis, tais como os metais (cobre e posteriormente ouro e prata). O aparecimento de mercadores especializados deveu-se à necessidade de se adquirir produtos estrangeiros em regiões distantes, transformando essa atividade numa profissão.
O desenvolvimento do comércio e da vida urbana em geral tornou inevitável a invenção da escrita, dos processos de contagem, dos padrões de medida e do calendário, que foram sendo melhorados com o tempo.
Nas cidades, os cidadãos passaram a ser classificados de acordo com a sua função, incluindo os sacerdotes, os escribas, os mercadores, os artesãos, os soldados, os camponeses, os escravos domésticos, os estrangeiros. A divisão do trabalho e as desigualdades de riquezas entre os cidadãos criaram a necessidade de leis e de forças capazes de fazer cumprir as leis. A liderança natural do grupo, que nas aldeias era exercida pelos mais velhos e sábios, cedeu lugar ao governo de um só homem, geralmente o principal administrador do templo ou um grande chefe guerreiro, surgindo assim a cidade-Estado.
Por volta de 3 500 a.C., as cidades dos vales dos rios Nilo, Tigre e Eufrates já constituíam civilizações com governo centralizado nas mãos do rei e o trabalho baseado na servidão dos camponeses.
Autores:
Fábio Costa Pedro e Olga M. A. Fonseca Coulon.
História: Pré-História, Antiguidade e Feudalismo,
1989
Fonte:
Autores: Fábio Costa Pedro e Olga M. A. Fonseca Coulon.