A
invenção do papel – com fibras vegetais
- é atribuído a um oficial do tribunal
chinês, Cao Lun, 105 A C. A primeira fábrica
de papel foi instituída em Tsai Lun, China, no
mesmo ano. A técnica de produção
de papel foi mantido em segredo pelos chineses, por
cerca de 500 anos. Os japoneses conheceram-no no século
VII, e já em 770 produziram a primeira publicação
- uma oração budista impressa em bloco
batido - técnica do carimbo, do qual editaram
cerca de 1.000.000 de exemplares. A tecnologia para
a fabricação do papel chinês, manual
e em pequenas folhas, foi conhecida pelos europeus depois
que os árabes venceram os chineses em Samarcanda,
751 da nossa era. Os árabes, que ali aprenderam
a confecção do papel começaram
a fabricá-lo e a usá-lo intensivamente,
ainda nesse estado de fabricação primitivo.
Levaram os segredos da fabricação para
a Espanha, quando mouros invadiram a península
Ibérica no século IX. Depois que os mouros
perderam o domínio territorial na Catalunha,
Espanha, o segredo de fabricação disseminou-se
pela Europa. A introdução do papel na
administração pública árabe
iniciou-se sob o reinado do califa Arun Al Rashid -
o das Mil e uma Noites - para evitar falsificações
de documentos, porque o pergaminho era mais fácil
de ser fabricado que o papel.
|
|
|
O papel
começou a ser fabricado fora da jurisdição árabe,
japonesa e chinesa, na Itália, em Fabriano, em 1276. O papel
começou a substituir paulatinamente o pergaminho. Na França,
a fabricação iniciou-se em 1348, na Alemanha em 1390
e na Inglaterra, em 1494. Um bom trabalhador não podia fazer
mais de 750 folhas por dia. Isso explica o alto valor de todas as
peças literárias da época e seu pouco uso. O
processo de fabricação continuou artesanal e moroso
até ao séc. XVIII, quando em dezembro de 1798, o francês
Louis-Nicolas Robert, patenteou uma máquina para fazer "papel
de grande comprimento" ou "fitas de papel". Robert,
ao inventar a máquina capaz de produzir um papel com 12 a 15
metros de comprimento por cerca de 40 cm de largura, era empregado
de um impressor famoso: Didot. Este comprou-lhe a patente, mas não
conseguiu viabilizar inteiramente o invento. O cunhado de Didot, um
inglês, roubou-lhe o desenho da máquina e, de regresso
à Inglaterra, comercializou o invento. Dois industriais ingleses,
Henry de Fourdriner e seu irmão, aperfeiçoaram o invento
transformando-o numa máquina de confecção cilíndrico.
O processo de fabricação foi sendo constantemente aperfeiçoado,
sendo que, atualmente, máquinas de papel podem facilmente produzir
mais de 1000 metros de papel por minuto e por processos completamente
diferentes que aqueles.
A
fabricação do papel em rolos contínuos, já
numa escala industrial, iniciou a revolução cultural
do Ocidente que revolucionou o mundo e ainda o estamos vivenciando.
A invenção dos tablóides[1] na Inglaterra e
nos Estados Unidos se deveu à maior facilidade de produzir
papel por volta de 1860, não mais em folhas, mas em rolos
enormes. Só a partir da industrialização do
processo de fabricação de papel é que surgiram
livros, jornais e revistas, num processo cada vez mais democratizado
em que se difundiu desde então, a cultura generalizada, a
ciência, a fé, o terror e a publicidade impressa.
Autor:
Prof.
Dr. Octávio Eduardo Mourão de Freitas
-------------------------------------
[1]
O tamanho tablóide tem cerca de meio formato dos jornais
da atualidade.
Voltar
| Sobe