Globalização - O mundo em blocos

Globalização- O mundo em blocos Globalização


A questão da globalização deve ser tema de quase todos os vestibulares. Como você sabe, a globalização vem ocorrendo, principalmente, por causa do desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação. O fato de os meios de transporte estarem cada vez mais velozes também contribuiu para a integração entre países, regiões e continentes.
As principais conseqüências da globalização são a integração e a interdependência econômica cada vez maiores entre países, regiões e continentes. Hoje a economia mundial está nas mãos das grandes corporações de empresas transnacionais. Outro efeito da globalização é o aumento da concorrência entre empresas em nível nacional e internacional

O Mundo em Blocos

As fronteiras dos países estão mudando. Não é o resultado de nenhuma guerra armada, mas sim uma batalha travada por grandes blocos econômicos que unem esforços de vários países para superar entraves ao comércio entre eles. A tendência ganhou força com a constituição de gigantes econômicos, como a União Européia, o Nafta e o Mercosul. Esses blocos marcam a chamada Nova Ordem Mundial, na qual a antiga bipolarização entre países alinhados à União Soviética (socialista) e aos Estados Unidos (capitalista) cede lugar à multipolarização – divisão do poder entre alguns megablocos econômicos. Os países mais pobres, entretanto, continuam na periferia.

A Guerra Fria: bipolarização
Na Europa, o primeiro bloco
Os Tigres Asiáticos
A nova ordem mundial
Os tipos de blocos
Os gigantes econômicos
Outros blocos

A Guerra Fria: bipolarização

Para entender a origem dos atuais blocos econômicos – nome geral para definir as associações econômicas entre nações de uma mesma área geográfica – é necessário compreender primeiro a reorganização do mundo capitalista pós-Segunda Guerra Mundial e a estrutura do poder geopolítico nessa época. Antes da Primeira Guerra, cinco grandes potências influenciavam os rumos das demais nações do mundo: Reino Unido, França, Alemanha, Império Austro-Húngaro e Rússia. Estados Unidos e Japão eram, então, potências emergentes. Esse quadro de forças internacionais, dominado pela Europa, foi totalmente dissolvido após as duas grandes guerras mundiais. Em 1945, com a Europa arrasada pela guerra, o panorama internacional apresentava apenas duas grandes superpotências: Estados Unidos e União Soviética, representando respectivamente, os blocos capitalista e socialista.
Nas conferências de Ialta e Potsdam em 1945, foram estabelecidas áreas de influência soviéticas e norte-americanas. Os países do Leste europeu (Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Iugoslávia e Albânia) ficaram na esfera soviética com o estabelecimento de regimes de governo comunistas. Também foi decidida a divisão de Berlim, a capital alemã, em quatro zonas de ocupação militar: Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética.
Para estabelecer uma zona de influência norte-americana (e capitalista) na Europa ocidental, os Estados Unidos lançaram o Plano Marshall em 1947, que injetou bilhões de dólares na região e impulsionou sua reconstrução. Também nesse ano, foi assinado o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt) para promover e regular o comércio entre as nações. Em contrapartida, a União Soviética criou, em 1949, o Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon).


Fique ligado!
Desde 1995, o Gatt chama-se Organização Mundial do Comércio (OMC). A supervisão dos acordos comerciais assinados entre os vários países e a solução de disputas comerciais estão entre algumas de suas funções. A OMC procura evitar que seus membros favoreçam produtos nacionais em detrimento dos estrangeiros ou privilegiem determinados países. Para isso, tem o poder de impor sanções às nações que desrespeitarem as regras de conduta assinadas.

 

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Na Europa, o primeiro bloco

A reconstrução econômica da Europa exigia a superação da fragmentação política, que limitava a expansão das empresas industriais e financeiras do continente. A formação de organizações econômicas entre as nações foi um jeito de superar esses problemas. A primeira foi a Comunidade Européia do Carvão e do Aço (Ceca), criada em 1952, que aboliu as taxas alfandegárias para esses produtos entre a Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Em 1957, nascia o primeiro bloco, a Comunidade Econômica Européia (CEE), com o objetivo de eliminar todas as barreiras alfandegárias entre os países. Ela cresceu, foi mudando seus objetivos e incorporando novos países com o passar dos anos, tornando-se a atual União Européia.
Na esteira das associações econômicas como a CEE, surgem a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) em 1967, o Pacto Andino em 1969 e o Mercado Comum do Caribe (Caricom) em 1973. Porém, os atuais grandes blocos vão surgir somente no final da década de 80 e início da de 90.
O estabelecimento de blocos econômicos agilizou o comércio mundial. Antes de sua implantação, todo produto originário de um outro país quase sempre chegava ao consumidor com o preço muito elevado devido à rigidez dos controles alfandegários e às taxações presentes nas transações de importação. A adoção desses vários tratados entre nações colocou fim a essas barreiras comerciais, fato conhecido como "liberalização comercial".

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Os Tigres Asiáticos

Na Ásia, paralelamente à criação da CEE na Europa, o Japão, que saiu da guerra destruído, adquiriu capacidade industrial, comercial e financeira e, na década de 70, ampliou sua influência para a Coréia do Sul, Formosa, Cingapura e Hong Kong, os chamados Tigres Asiáticos (ou Dragões Asiáticos). Mão-de-obra barata e incentivos às indústrias caracterizam os Tigres, que ampliaram suas exportações mundialmente. Em qualquer loja é possível ver produtos made in Taiwan (feitos em Taiwan).

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A nova ordem mundial

O fim dos regimes comunistas na Europa oriental e a queda do Muro de Berlim (1989) marcaram o fim da Guerra Fria e anunciou o esfacelamento da União Soviética que, em 1991, perdeu Lituânia, Letônia e Estônia, responsáveis por 70% de sua população total. Restou apenas uma única superpotência, os Estados Unidos. As repúblicas que formavam a ex-União Soviética, junto com a atual Federação Russa, transformam-se na Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
O fim da divisão geopolítica bipolar estimulou a regionalização da economia e a formação dos blocos, pois a disputa pela hegemonia passa diretamente à concorrência comercial e dá início à chamada nova ordem mundial, onde o poder está multipolarizado entre os vários blocos.

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Os tipos de blocos
Os blocos econômicos são classificados de acordo com os diferentes tipos de acordo firmados. Atualmente, há quatro classificações: a zona de livre comércio, a união aduaneira, o mercado comum e a união econômica e monetária. Os blocos formados a partir de tratados de zona de livre comércio são os que apresentam menor grau de integração. Já os firmados sob um pacto de união econômica e monetária representam o estágio de maior interdependência. Para facilitar a compreensão, observe o seguinte quadro:
Características dos tratados econômicos regionais
 Zona de livre  comércio
Livre circulação de mercadorias, ou seja, não há impostos na circulação de produtos entre os países membros.
A moeda nacional é mantida.
Cada país define o imposto de importação para os produtos
vindos de nações não-pertencentes ao bloco e as regras para o trânsito de capitais, serviços e pessoas.
 União
 aduaneira
Livre circulação de mercadorias.
Cada país define suas regras para a circulação de capitais, serviços e pessoas.
A moeda nacional é mantida.
Imposto de importação comum para as mercadorias vindas de nações não-pertencentes ao bloco.
 Mercado
 comum
Livre circulação de mercadorias, capitais, serviços e pessoas.
Imposto de importação comum para produtos vindos de nações não-pertencentes ao bloco.
A moeda nacional é mantida.
 União
 econômica
 e monetária

Livre circulação de mercadorias.
Imposto comum para produtos vindos de fora do bloco.
Livre circulação de capitais, serviços e pessoas.
Moeda é comunitária. Exemplo: euro, na União Européia.

Fonte: Magnoli, Demétrio, Globalização – Estado Nacional e Espaço Mundial, Ed. Moderna

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Os gigantes econômicos
Cinco blocos regionais dominam a economia mundial. Eles detêm a maior parte dos capitais e a liderança no comércio (traduzido pelo volume de exportações). Destes, a Apec responde pela maior população e pelas maiores exportações (US$ 1,7 trilhões em 1996). Em seguida no ranking do comércio, vem a União Européia que também é o bloco que divide melhor a riqueza entre seus habitantes. Compare os dados na tabela abaixo:
Bloco
Integrantes
PIB
(em dólares, 1997)
População
(1999)
Renda per capita (em dólares, 1997)
Exportações
(em dólares,
1996)
Apec
20 países e Hong Kong
16,5 trilhões
2,5 bilhões
6.715
1,7 trilhão
Asean
10 países
725 bilhões
510,3 milhões
1.464
77 bilhões
Mercosul
4 países*
1,1 trilhão
209,2 milhões
5.450
17 bilhões
Nafta
3 países
8,8 trilhões
404,5 milhões
22.547
436 bilhões
União Européia
15 países
8 trilhões
374,8 milhões
21.625
1,2 trilhão
* São quatro países membros (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e dois associados (Bolívia e Chile). Fonte: Almanaque Abril

Apec –
A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico foi criada em 1989 e é o maior dos blocos. Tem como objetivo estabelecer uma zona de livre comércio entre todos os seus integrantes até o ano 2020. Começou apenas com conversações informais entre os países membros da Asean e seis outros parceiros da região do Pacífico, incluindo Estados Unidos e Japão, e foi oficializado em 1993. Reúne 20 países da região da Ásia e do Pacífico, além do território de Hong Kong. Juntos somam um PIB de 16,5 trilhões de dólares e respondem por mais de 40% das exportações mundiais.
Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Cingapura, Coréia do Sul, EUA, Federação Russa, Filipinas, Hong Kong (China), Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Tailândia, Taiwan (Formosa) e Vietnã.

Asean – Criada em 1967, na Tailândia, a Associação das Nações do Sudeste Asiático tem como objetivo principal assegurar a estabilidade política como uma maneira de acelerar o desenvolvimento no Sudeste asiático. Tem programas de cooperação entre os membros em diversas áreas como transportes, educação e energia. Em 1992, os membros assinaram um acordo com o objetivo de eliminar as barreiras econômicas e alfandegárias até o ano 2002.
Membros: Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia, Vietnã.

Mercosul – O Mercado Comum do Sul foi instituído em 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção, no Paraguai. Inicia-se como uma zona de livre comércio, mas apresenta propostas de união aduaneira. Como todos os processos envolvendo a integração de países, o aperfeiçoamento das regras de liberalização econômica é gradual.
Membros: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Bolívia e Chile são países associados, ou seja, embora estejam incluídos no processo de formação de uma zona livre de comércio, não adotaram o princípio de união aduaneira.

Nafta – O Acordo de Livre Comércio da América do Norte foi iniciado em 1988 a partir de um acordo entre Estados Unidos e Canadá para garantir o livre comércio entre os dois países. Em 1994, o acordo passa a vigorar já com a presença do México. O Nafta surge graças aos esforços dos EUA como uma forma de fazer frente ao poder da União Européia. A união, no entanto, não é tão ambiciosa como a dos europeus, visto que se trata de uma zona de livre comércio, sem pretensões de estabelecer uma moeda única ou permitir a livre circulação de pessoas. Os EUA exercem um papel hegemônico dentro do Nafta e pretendem expandi-lo para todo o continente americano por meio da Alca, uma associação de países em moldes parecidos com os do Nafta, mas abrangendo toda a América.
Membros: Canadá, Estados Unidos e México.

União Européia – Foi o primeiro bloco econômico a ser formado (1957) e o melhor organizado. Tem sua origem na criação da Comunidade Econômica Européia, agrupamento formado a princípio por seis nações, mas que foi incorporando novas adesões com o passar dos anos. A organização da UE tem sido um processo lento, com várias etapas. Um dos marcos de sua história foi a aprovação, em 1991, do Tratado de Maastricht (Holanda) que estabeleceu o ano de 1993 para a formalização da União Européia como um bloco com união econômica e monetária, fixando uma data para a implantação de uma moeda única. Em 1992, caíram as barreiras alfandegárias dentro do bloco.
A moeda comunitária, o euro, entrou em circulação em 1999, em um primeiro momento servindo apenas para transações dentro do sistema financeiro. O cronograma de implantação prevê que em 2002 a utilização seja estendida a qualquer tipo de transação comercial. O processo de integração é complexo e impõe determinadas regras para que os países possam pertencer ao grupo, por exemplo a inflação deve ser baixa e o déficit público não pode superar 3% do PIB. A integração é contínua e há expectativa de ampliar as fronteiras da UE para um maior número de países europeus.
Membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Reino Unido e Suécia.

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Outros blocos

Alca – A Área de Livre Comércio das Américas é um bloco ainda em viabilização. Estabelecido em 1994, pretende criar um corredor de livre comércio entre todos os 34 países do continente americano, exceto Cuba. Seu principal articulador são os Estados Unidos. A eliminação de todas as barreiras alfandegárias ainda está em negociação e calcula-se que a Alca começará a funcionar como bloco somente após 2005.
Membros: todos os países americanos, exceto Cuba.

Caricom – O Mercado Comum e Comunidade do Caribe nasceu em 1973. Seu objetivo é a cooperação econômica e política. Como a Asean, também tem projetos comuns em áreas de desenvolvimento como saúde e educação. É a instituição que representa os países membros na discussão da Alca.
Membros: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago.

CEI –- A Comunidade dos Estados Independentes surge em 1991 com o fim da União Soviética. Originalmente, pretendia estabelecer uma moeda única, o rublo, e a centralização das Forças Armadas. Na prática, a integração político-econômica sofre com a instabilidade política dos países integrantes que, entre outros problemas, enfrentam movimentos separatistas.
Membros: Armênia, Azerbaidjão, Belarus, Cazaquistão, Federação Russa, Geórgia, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão.

Sadc – A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento foi estabelecida oficialmente em 1992, mas teve origem na Conferência de Coordenação do Desenvolvimento do Sul da África (SADCC), criada em 1979. Pretende formar um mercado comum entre as nações africanas, além de cooperar para manter a estabilidade política na região.
Membros: Angola, África do Sul, Botsuana, Lesoto, Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo (ex-Zaire), Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.

Pacto Andino – Criado em 1969 com o objetivo de aumentar a integração econômica entre os países membros. Em 1992, começa a vigorar uma zona de livre comércio. Tentativas de acordos entre esse bloco e o Mercosul não deram certo devido às barreiras tarifárias no setor agrícola e o principal parceiro econômico de todos seus países membros continua sendo os Estados Unidos.
Membros: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.

Fonte: Vesper

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 Você sabia?
O auge da divisão entre União Soviética e Estados Unidos aconteceu em 1949 com o Bloqueio de Berlim e o estabelecimento da República Federal da Alemanha (RFA), com capital em Bonn, e da República Democrática Alemã (RDA), com capital em Berlim oriental. A construção do Muro de Berlim em 1961 era o símbolo concreto da Guerra Fria.

Links relacionados:
Site oficial da Apec (em inglês)
Site oficial da Asean (em inglês)
Site oficial da Nafta (em espanhol)
Site oficial da União Européia (em português)