Planejando a Educação Física Escolar

 

Prof. Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira

 

 

 

            A Educação Física Escolar ao deixar de ser considerada, por lei (LDB 5.692/71), como atividade para ser considerada, por lei (LDB 9.394/96), como componente curricular, assumi um novo papel no contexto educacional. Esse novo papel vem atender aos longos processos de discussões e produções mais fortemente iniciados nos anos oitenta. Trata-se de um papel pedagógico formativo e informativo de nossas crianças, jovens e adolescentes, integrantes do processo educacional. Formativo no sentido de estar contribuindo com aspectos relacionados ao desenvolvimento físico, social e psicológico e, informativo, no sentido de estar contribuindo com os aspectos relacionados à transmissão e produção do conhecimento vinculado ao objeto de estudo da área – o movimento humano.

Esse entendimento exige que a Educação Física Escolar seja estudada e organizada de forma a atender o máximo possível a condição formativa e informativa. Para tanto, coloca-se como ponto central dessa inserção pedagógica o planejamento, etapa imprescindível à estruturação e desenvolvimento de um componente curricular.

É senso comum entender a Educação Física como o momento do jogar, do brincar e não o momento do refletir, pesquisar, analisar e avaliar. O processo histórico, que não temos a intenção de resgatar aqui, pois supõe-se de conhecimento geral e uma vez que muitos autores já o fizeram de várias maneiras e formas, pode muito bem justificar e clarear o porque desse senso comum – atividade com fim em si mesma, recreação, esporte por esporte e tantos outros significados vazios. Esta prática, por vezes, acaba levando os docentes ao improviso e ao desenvolvimento de atividades sem a devida preparação, organização e sentido.

Desta forma, pretendemos neste trabalho, apresentar uma possibilidade de estruturação da Educação Física Escolar, de forma a propiciar um sentido e um processo de sistematização dos conteúdos da área com vistas a subsidiar as intervenções pedagógicas.

 

 

 

Planejamento curricular

 

            O principal questionamento quando trabalhamos com o planejamento curricular é o seguinte: Como organizar os conteúdos da Educação Física Escolar?

            Os professores têm muita dificuldade em estar organizando a sistematização dos conteúdos. Quando trabalhar e com o que trabalhar em cada uma das séries? As demais disciplinas possuem conteúdos sistematizados que indicam claramente o que trabalhar ao longo dos anos escolares, mas a Educação Física não o possui e isso acaba por gerar dúvidas e trabalhos desarticulados e sem seqüência lógica.

            Isso é fundamental para qualquer organização curricular que se pretenda. No que diz respeito ao planejamento e sistematização dos conteúdos da Educação Física Escolar tem-se a dúvida:  deve atender ao desporto, à linha desenvolvimentista que considera os níveis de desenvolvimento e complexidade das ações motoras, à vertente da cultura corporal ou outra linha de trabalho?

            Desprezar qualquer linha de pensamento ou de prática pedagógica, é como estar limitando a ampliação e complexidade das possibilidades pedagógicas que cada uma delas traz implicitamente. Sendo assim, é importante que os docentes se apropriem de todos os conhecimentos possíveis e que, por intermédio deles, elaborem matrizes curriculares a ponto de propiciarem avanços pedagógicos palpáveis e úteis ao momento histórico que  esteja vivendo. 

Contudo, faz-se necessário entender as limitações tanto pessoais quanto estruturais dos avanços. Isso pode minimizar choques e retrocessos pedagógicos traumáticos para todos que participam do processo educativo.

De acordo com Sacristán (1992, p.312), o professor não atua seguindo modelos formais ou científicos, nem elabora estratégias de intervenção precisas e inequívocas segundo modelos de ensino ou de aprendizagem, nem decide a sua prática a partir de filosofias ou declarações de objetivos, pelo fato de responder pessoalmente, e na medida de suas possibilidades, com diferente grau de comprometimento ético-profissional, às exigências do seu posto de trabalho com um grupo de alunos em condições determinadas. Porém, não podemos concluir que, por isso tudo, é um mal profissional.

         Na sua atividade prática, pode aproveitar idéias e teorias científicas, muito embora se trate sempre de uma elaboração pessoal perante situações complexas em que se deveria contar com o tacto, com a experiência e com o saber-fazer, depurados por uma crítica realizada a partir dos valores que guiam a ação e a partir do melhor conhecimento possível da realidade e de como esta poderia ser.

         O conhecimento científico e as teorias pedagógicas, são importantes para conhecermos melhor, para nos conscientizarmos das conseqüências e para descobrir, com mais clareza, caminhos alternativos. Porém, em si mesmas, não orientam diretamente a prática docente.

 

            O autor nos aponta, de forma bastante clara, que entendermos o nosso cotidiano, nossas condições e realidade se coloca como ponto central nas possibilidades de avanços na prática pedagógica. A leitura,  compreensão e domínio dos conhecimentos e  teorias pedagógicas se fazem como base do saber-fazer, entretanto as variáveis das condições locais, estrutura, possibilidades de ações, administração, demais docentes, alunos e tantas outras, impedem, por vezes, a aplicação de novas ações em sua plenitude. Isso deve servir de alerta e, ao mesmo tempo, de reflexão para avanços gradativos e continuados. Neste sentido destacamos também o trabalho de Oliveira (1999) que demonstrou como atuar de forma gradativa na implantação de novas propostas metodológicas e os percalços que o docente vivencia nesta mudança.

            Assim colocado, como a Educação Física pode ser pensada e organizada no meio escolar?

            O primeiro passo ao qual devemos no dedicar é o de uma visão macro da área. Os Parâmetros Curriculares Nacionais os definem como blocos (a) esportes, jogos, lutas e ginásticas; (b) atividades rítmicas e expressivas e (c) conhecimento sobre o corpo. Porém, entendemos que os conteúdos da Educação Física exigem uma ampliação e redefinição desta sugestão, ou seja, classificamos como núcleos de concentração e procuramos ampliar suas abordagens e propiciar maior complexidade deixando-lhes o movimento humano como objeto de estudo e não apenas modalidades esportivas. Desta forma, os estruturamos como: a) o movimento em descoberta e estruturação; b) o movimento nas manifestações lúdicas e esportivas; c) o movimento em expressão e  ritmo e d) o movimento e a saúde onde:

 

a)      O movimento em descoberta e estruturação:  compreende a fase inicial do movimento humano, ou seja, a descoberta e a vivência exploratória. Os conteúdos relacionados a este núcleo cuidarão de oferecer uma formação suficiente à vivência e ao entendimento do mundo motor de base. A fase de estruturação compreenderá os conhecimentos afetos à reelaboração e adaptação do mundo motor ao atendimento das diversas manifestações construídas e praticadas pelo homem;

 

b)      O movimento nas manifestações lúdicas e esportivas: compreende o estudo da cultura elaborada em relação ao mundo motor. Contemplar o maior número de experiências e vivências dentro do que o homem criou e estruturou no mundo motor é a função básica deste núcleo. A sociedade pode ser demonstrada e estudada por meio dos conteúdos deste núcleo e, o estudo pormenorizado dos conteúdos aqui tratados, poderá contribuir no entendimento maior de como esta se organiza. Os jogos e esportes e suas múltiplas variações são os componentes centrais;

 

c)      O movimento em expressão e ritmo:  o corpo e suas possibilidades motoras é muitas vezes esquecido em sua beleza e condição expressiva. Realçar esta faceta de fundamental importância na estruturação biopsicológica de nossos alunos é função deste núcleo. A escola é um dos poucos espaços sociais onde as habilidades artístico-motoras podem ser vivenciadas, exploradas e, assim, contribuir na formação de um sujeito que consiga perceber e entender um pouco melhor a arte, o seu próprio corpo e suas possibilidades. As artes cênicas e a ginástica são os grandes componentes deste núcleo;

 

d)      O movimento e a saúde: o movimento coloca-se como elemento imprescindível às condições básicas de saúde, assim este núcleo deverá abarcar as questões básicas da higiene, saúde e atividade física permanente. Este núcleo, da mesma forma que os demais, é constante em toda a vida escolar do aluno. Ao encerrar o ensino médio, a última etapa da Educação Física curricular obrigatória, o aluno deverá possuir autonomia sobre os conhecimentos relacionados ao corpo, suas condições básicas de higiene e de como se organizar para uma vida saudável fazendo uso dos conhecimentos aqui trabalhados.

 

            A apresentação dos núcleos e suas nomenclaturas deve ter deixado claro que entendemos o objeto de estudo da Educação Física como sendo o movimento humano. Este entendimento é baseado nos estudos fenomenológicos de Merleau Ponty (1994), nos estudos sobre a motricidade humana de Sérgio (1995), e nas propostas de ensino aberto de Hildebrandt e Laging (1986), Grupo de Trabalho Pedagógico (1991) e Gallardo, Oliveira e Araveña (1998).

 

            Para melhor visualização dos conteúdos dos núcleos temáticos, organizamos o quadro abaixo:

Quadro 01: Organização dos núcleos temáticos e seus respectivos conteúdos

Núcleos

Conteúdos Básicos

a) o movimento em descoberta e estrutu-ração

 

Habilidades motoras de base (locomotoras, não-locomotoras, manipulativas, coordenação viso-motora), esquema corporal, percepção corporal

b) o movimento nas manifestações lúdicas e esportivas

Jogos (motores, sensoriais, criativos, intelectivos e pré-desportivos); Esporte Institucionalizado (basquetebol, voleibol, handebol, atletismo, futebol, futsal, ciclismo, outros) e Esportes Alternativos (capoeira, escaladas, caminhadas, passeios, bets, malha, peteca, outros)

c) o movimento em expressão e  ritmo

Ginástica, Dança, Brinquedos Cantados, Cantigas de Roda, outros

d) o movimento e a saúde

Higiene e Primeiros Socorros, Ergonomia, Bases Anátomo-fisiológica do corpo humano,  Bases nutricionais, Aspectos básicos da metodologia do treinamento, Avaliações do crescimento, desenvolvimento, composição corporal e aptidão física

 

            Os conteúdos apresentados no quadro acima demonstram, de forma ainda reduzida,  a riqueza de conteúdos que a Educação Física Escolar pode utilizar em suas práticas e superar a mesmice que adota no sistema escolar que causa desânimo e desinteresse nos alunos ao longo da vida escolar  (Oliveira, 2001).

            A partir do momento que um quadro de organização geral dos conteúdos e núcleos foi definido (Quadro 01), deve-se partir para o segundo passo, que é o da distribuição destes núcleos em forma proporcional a ser destinado ao longo da vida escolar, considerando-se as etapas de crescimento, desenvolvimento e maturação sócio-cognitiva e motora dos alunos.

            O Quadro 02 abaixo apresenta uma sugestão de como pode ser organizada essa distribuição e a Figura 01 representa visualmente esta distribuição. Todavia, deve ficar claro que os docentes devem organizar esta distribuição de acordo com sua realidade.

 

Quadro 02: Proposta de distribuição de conteúdos ao longo das séries escolares

Séries

Núcleos

Ed. Infantil

Ensino Fundamental

Ens. Médio

I

II

III

1­a

2a

3a

4a

5a

6a

7a

8a

1o

2o

3o

a) o movimento em descoberta e estruturação

 

50%

50%

45%

40%

40%

30%

30%

20%

15%

10%

10%

10%

5%

5%

b) o movimento nas manifestações lúdicas e esportivas

15%

15%

20%

30%

30%

30%

30%

40%

45%

50%

50%

45%

40%

40%

c) o movimento em expressão e  ritmo

30%

30%

30%

20%

20%

20%

20%

15%

15%

10%

10%

10%

15%

15%

d) o movimento e a saúde

5%

5%

5%

10%

10%

20%

20%

25%

25%

30%

30%

35%

40%

40%

 


 

 

 

            Para a distribuição percentual dos núcleos foram levados em consideração, além dos componentes, os interesses que os alunos manifestam ao longo da vida escolar. A percepção deste interesse foi extraída de forma empírica e através da vivência junto às escolas em projetos de ensino e pesquisa realizados na Universidade Estadual de Maringá.

            Pode-se perceber que o núcleo “a” tem um desenvolvimento decrescente. Este processo baseia-se no desenvolvimento e amadurecimento dos aspectos motores das crianças, jovens e adolescentes. Passa-se pela fase da vivência e descoberta com intenção de se chegar à fase da exploração e reconstrução do mundo motor. A fase de reconstrução acaba por exigir elementos outros que não apenas o movimento isolado, mas, este, atrelado às manifestações corporais construídas pelo homem, os esportes, as danças, ginásticas e outros. E esses componentes estão também contemplados nos demais núcleos, fazendo assim uma interface de conteúdos e objetivando muito mais do que simplesmente aprender uma badeja do basquetebol ou uma cortada do voleibol. O movimento deve ser discutido, entendido e reconstruído de acordo com as possibilidades de cada aluno.

            Para melhor entendimento dessa seqüência vejamos:

Educação Infantil: descoberta dos movimentos fundamentais – fases: inicial, elementar e madura (Gallahue e Ozmun, 2001, p.100),  desenvolver o maior número possível de vivências e variações procurando levar os alunos a perceberem as condições motoras;

Educação Fundamental (1a à 4a série): exploração dos movimentos fundamentais. Coloca-se como uma fase onde as vivências devem ser intensificadas e ampliadas em graus de complexidade. Nesta fase as combinações devem ser estimuladas e exploradas com o propósito de uma sólida fundamentação do âmbito motor básico.

Educação Fundamental (5a à 8a série): especialização dos movimentos fundamentais e adaptação aos modelos padronizados das manifestações culturais. A sólida estrutura organizada no período anterior deve permitir que os alunos consigam se adaptar com facilidade às exigências motoras das manifestações culturais lúdico/esportivas e ampliar esta adaptação construindo formas alternativas do âmbito motor. É o momento onde os alunos estarão estruturando modelos próprios para vencer os obstáculos motores, por isso se trata de uma fase de muitas experiências.

Ensino Médio: aperfeiçoamento dos movimentos básicos e especializados. Neste período os alunos estarão dando a forma final e inovadora de como pretendem participar das manifestações culturais lúdico/esportivas. A estruturação motora atinge o ponto alto nesta fase e serve como elemento fundamental por toda a vida.

            Em relação ao núcleo “b” o do movimento nas manifestações lúdicas e esportivas, pode-se perceber uma sugestão de ordem crescente ao longo de toda a vida escolar. Para que haja um aproveitamento adequado de nossas manifestações lúdico/esportivas faz-se necessário uma ampla base dos movimentos fundamentais. Assim, considerou-se um percentual menor nas fases iniciais com ênfase no término da 8a série, período do ápice das experiências lúdico/esportivas com pequeno recuo nas séries subsequentes. O ensino médio é a última etapa de uma intervenção sistematizada da Educação Física, portanto uma atenção maior deve ser dada aos aspectos de estruturação de conhecimentos para a futura prática da atividade física, que esperamos possa se constituir na prática permanente da atividade física para todos.

            Um pequeno exemplo de estruturação seqüencial que pode ser organizado:

Educação Infantil:  aplicação de jogos de baixa organização onde as crianças possam vivenciar de forma variada e estimulante as formas básicas de locomoção e ampliar o leque motor;

Ensino Fundamental (1a à 4a série): nesta fase a combinação dos movimentos é a tônica. A introdução de manifestações lúdico/esportivas se dará por intermédio dos grandes jogos e da prática do esporte básico que atende à ampliação motora geral que é o atletismo. Entretanto, salienta-se que o atletismo é utilizado apenas como elemento estimulador e estruturante e não como elemento finalizador das ações e do próprio esporte. É importante salientar que a variação e aplicação de esportes alternativos são um fator determinante na motivação dos alunos.

Educação Fundamental (5a à 8a série): esta fase caracteriza-se como a fase do aprendizado dos desportos institucionalizados. Isto se convencionou historicamente na Educação Física e hoje é mantido em grande parcela das escolas. Os alunos ao iniciarem a 5a série já esperam por estes conteúdos e práticas. Entretanto, pode-se ampliar esta expectativa oferecendo-se uma gama maior de opções em relação aos esportes aplicados, com ênfase nos esportes alternativos e na valorização de todos os participantes, independentemente de suas condições de performance. O valor, integrador e socializador, deve ser o norte desta etapa que se coloca como fundamental para a estruturação da personalidade de nossas crianças.

Ensino Médio: o aluno já está preparado para o enfrentamento das mais complexas operações motoras. Deve ser estimulado a ampliar e reorganizar as ações motoras com vistas à ampliação do grau de complexidade das mesmas, ou seja, ser colocado frente a situações motoras onde sua criatividade possa superar a ação básica do adaptar-se. A fase criativa e inovadora deve ser fortemente estimulada. É onde os desportos e suas variações podem contribuir por intermédio de seus sistemas organizacionais, estruturais e de exigência motora.

            O núcleo “c” o do movimento em expressão e  ritmo é um espaço reservado à contemplação da beleza do movimento humano e suas expressividades. A experiência tem nos demonstrado que se trata de um conteúdo com grande aceitação na fase inicial de estudos e com rejeição ao longo do processo. Muitos são os fatores que contribuem para esta  “rejeição”, fatores que vão desde o despreparo dos docentes em aplicar de forma variada e rica esses elementos até uma resistência natural dos alunos em seus processos de desenvolvimento, onde nas fases pré-adolescência e adolescência existem uma negação à exposição frente aos demais, aspecto que necessita ser bem trabalhado e adequado para que frustrações não venham a inibir desabrochares futuros nas artes.

            Deste modo, considerando esses elementos sugeriu-se um  desenvolvimento do núcleo “c” onde são respeitandas essas limitações dando-lhe ênfase nas séries iniciais, com recuo nas séries intermediárias e com novo aumento percentual nas séries finais do ensino médio.  A retomada desse núcleo no ensino médio se dá também pela experiência nessa área, pois constatamos que os alunos tornam-se mais receptivos a aulas com temas relacionados às danças populares e atividades expressivas.

            Assim, para melhor visualização podemos ter:

Educação Infantil: a predisposição das crianças em participar de atividades dançantes e expressivas deve ser explorada ao máximo. Nesta fase as cantigas de roda, brincadeiras cantadas, festivais, teatrinhos, mostras de danças, contos e outras formas de estar explorando a capacidade rítmica e expressiva deve ser utilizada. As crianças estarão ampliando as capacidades coordenativas e rítmicas ao vivenciarem estas ações e, com isso, solidificando um arcabouço motor de base.

Ensino Fundamental (1a à 4a série): a aceitação das crianças em relação a este núcleo ainda é bastante forte. Neste período são reduzidas as brincadeiras cantadas e incentivadas formas mais estruturadas de séries ginásticas, de danças e de coreografias que devem ser organizadas com o propósito de contribuir na constituição de estruturas motoras mais complexas.

Ensino Fundamental (5a à 8a série): trata-se de um período onde existe a “rejeição” citada anteriormente. Os alunos colocam-se de forma contrária às vivências com danças e expressão corporal. Neste período os docentes deverão organizar ações que possam sensibilizar os alunos e convocá-los para uma participação mais efetiva. O estímulo para com os desportos é muito forte e, o trabalho de convencimento a cuidados e experiências com o ritmo, a dança e a expressão corporal deve ser vinculado aos interesses dos alunos para que não se perca este espaço importante e estruturante do âmbito motor.

Ensino Médio: é uma fase onde o docente volta a ter espaço de intervenção mais efetiva em relação ao núcleo do movimento em expressão e ritmo, pois se trata de uma fase onde as questões de gênero se colocam melhor resolvidas e os alunos aceitam aproximações e ações em conjunto. Outro fator importante é o de se ressaltar a importância que esses conteúdos têm para as questões relacionadas a relaxamento, stress e concentração.

            O núcleo “d” o do movimento e a saúde,  é a base para a autonomia futura dos alunos sobre os conhecimentos vinculados à saúde e à prática da atividade física permanente. A estrutura proposta foi colocada de forma crescente ao longo da vida escolar, pois acompanha o amadurecimento e capacidade de abstração dos alunos. Os conteúdos deste núcleo estão em estreita relação com as áreas de ciências e biologia. Faz-se necessário não se confundir as ações e as abordagens para que não haja sobreposição de conteúdos das áreas. A interdisciplinaridade deve ser explorada intensivamente neste núcleo. 

            A organização seqüencial pode ser assim estruturada:

Educação Infantil: uma fase onde os princípios básicos de higiene e cuidados com o corpo devem ser estimulados. Os conteúdos devem ser lembrados e cobrados constantemente nas ações dos alunos. A importância da água, das frutas, do lavar as mãos, das roupas e de alguns cuidados em relação a quedas, pequenas escoriações e outros se colocam como temas importantes de serem observados neste período escolar.

Ensino Fundamental (1a à 4a série): os alunos nesta fase já começam a acessar conhecimentos mais sistematizados e a possuir relações mais diretas com o cotidiano. Assim, torna-se imprescindível abordar conteúdos ligados ao dia a dia e aprofundar as observações dos períodos anteriores. Já é possível iniciar conhecimentos de primeiros socorros em situações como escoriações, batidas, cortes, queimaduras, picadas de insetos e outros mais corriqueiros e que têm relação direta com o cotidiano das crianças. As questões ligadas à higiene e alimentação não devem ser esquecidas e sim lembradas e organizadas a ponto de subsidiar hábitos saudáveis. Quanto aos conhecimentos do corpo e dos movimentos, faz-se necessário abordar os músculos envolvidos nos movimentos, as exigências cárdio-respiratórias e as valências físicas de forma geral.

Ensino Fundamental (5a à 8a série): os conhecimentos devem ser aprofundados e direcionados às ações que são executadas no decorrer das aulas. As exigências físicas, fisiológicas e motoras dos esportes devem ser claramente apresentadas e estudadas para o perfeito entendimento dos praticantes. Os alunos necessitam estar de posse desses conhecimentos para poderem ter consciência de como o corpo é exigido e necessita de ações para estimulações adequadas. Sem dúvida, os conhecimentos sobre primeiros socorro e higiene ganham profundidade e consistência ao longo dos anos, sendo possível a realização de esquetes sobre procedimentos dos casos discutidos e estudados. As condições alimentares devem ser enfatizadas, uma vez que estamos sendo colocados em risco pela adoção de hábitos alimentares irregulares e com conseqüências sociais comprometedoras.

Ensino Médio: agora é a fase de fechamento dos conhecimentos para a autonomia em relação ao mundo motor e suas possibilidades. Os alunos necessitam sair do Ensino Médio com conhecimentos que possam subsidiá-los no cotidiano sobre a prática permanente da atividade física. A autonomia só será possível se as temáticas discutidas forem suficientes para elucidarem os problemas e dúvidas dos alunos e suas necessidades cotidianas. Nesse espaço de ensino é necessário que temáticas como sexo e esporte, drogas e esporte, anabolizantes, política desportiva, esportes alternativos, sedentarismo, religião e esporte, esporte de alto nível, esporte e lazer, tempo livre e outros sejam plenamente discutidas.

 

            Após essa pequena explanação sobre os núcleos e seus percentuais propostos ao longo dos ciclos escolares, salientando que se trata apenas de uma idéia inicial que pode ser modificada e adaptada de acordo com as diversas realidades e interesses, passamos ao terceiro passo que é o da organização dos conteúdos e suas subdivisões. Para esta etapa passaremos a apresentar apenas alguns exemplos dentro de cada um dos núcleos. Os docentes de forma geral deverão pesquisar e procurar suas formas de estarem estruturando este exemplo e os demais conteúdos propostos.

            A idéia de estarmos organizando estes conteúdos e fragmentando-os é para nos localizarmos, ano a ano, até onde podemos avançar em relação a cada um dos tópicos e sub-tópicos. Muitas vezes surge a dúvida, se eu trabalho o tema andar e consigo esgotá-lo na primeira e/ou segunda série eu não voltarei a falar sobre o andar novamente? A resposta é simples, sim, só que de forma complementar e de apoio às demais atividades. O que nós precisamos entender é que devemos ter uma organização suficiente que nos apoie em uma estruturação adequada de abordagem dos conteúdos. As teorias demonstram que o andar está na fase madura a partir dos 4 – 7 anos (Eckert, 1993), assim podemos deixar de considerar este tema como objeto de aula a partir da primeira série, mas não deixá-lo de observar nas demais aulas.

            Os quadros a seguir demonstrarão como podemos estar organizando os conteúdos da Educação Física. As planilhas estão organizadas de forma que os docentes possam estar conferindo, de acordo com suas possibilidades locais, o atendimento ou não de determinados conteúdos.

            Os exemplos são frutos de estudos realizados junto ao Núcleo de Estudos Pedagógicos do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá[1].

 

            Exemplo 01 – Listagem dos conteúdos propostos ao núcleo “a” o movimento em descoberta e estruturação para o eixo movimento da Educação Infantil.

Núcleo “a”) O movimento em descoberta e estruturação

1-      Habilidades motoras  (exemplificado parcialmente nos quadros abaixo)

-         Locomotoras: andar, correr, saltar, trepar, rolar, quadrupediar, girar, rastejar, escorregar;

-         Não-locomotoras: empurrar, puxar, sustentar, balançar, estender, dobrar (flexionar), encurvar, retorcer;

-         Manipulativos: empunhar, enrolar.

2-      Coordenação visomotora

-         lançar, receber, rebater;

-         coordenação óculo-manual, quicar, conduzir;

-         coordenação óculo-pedal, chutar, conduzir com os pés.

3-      Combinações

-         andar e: chutar, puxar, balançar, lançar, receber, girar;

-         correr e: balançar, transportar, saltar, chutar, arremessar, receber;

-         lançar e: receber, rebater;

-         saltar e: arremessar, girar.

4-      Esquema corporal

-         estrutura corporal;

-         conscientização segmentária;

-         postura: estática e dinâmica;

-         respiração;

-         sensação dos ritmos cardíacos;

-         lateralidade: direita, esquerda, dominância lateral;

-         equilíbrio: estático e dinâmico;

-         noções básicas de higiene: bucal, corporal, vestimenta.

5-      Percepção corporal (sentidos)

-         percepção visual;

-         percepção auditiva;

-         percepção tátil.

Após listagem geral dos conteúdos apresentamos alguns quadros com apenas parte dos conteúdos a fim de possibilitar uma visão geral de como organizar os conteúdos bimestralmente.

 

 

 

 

 

 

 

Núcleo “a” - O movimento em descoberta e estruturação

1 - HABILIDADES MOTORAS DE BASE

1.a) Locomotoras

ANDAR

SÉRIES

JARDIM I

JARDIM II

JARDIM III

BIMESTRES

- na ponta do pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- no calcanhar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateral interna do pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateral externa do pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para trás

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar lateral

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar lateral cruzado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar em diferentes velocidades

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar em diferentes direções

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar superando obstáculos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar em superfície alta e plana

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CORRER

SÉRIES

JARDIM I

JARDIM II

JARDIM III

BIMESTRES

- para frente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para trás

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- em zigue-zague

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- correr lateral (direita/esquerda)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- tocando os pés nos glúteos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- elevando joelho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- em diferentes velocidades

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- em diferentes direções

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- contornado obstáculos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TREPAR

SÉRIES

JARDIM I

JARDIM II

JARDIM III

BIMESTRES

- utilizando as mãos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- utilizando as mãos e os pés

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ROLAR

SÉRIES

JARDIM I

JARDIM II

JARDIM III

BIMESTRES

- em decúbito lateral

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- cambalhotas para frente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- cambalhotas para trás

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SALTAR

SÉRIES

JARDIM I

JARDIM II

JARDIM III

BIMESTRES

Ÿ com os dois pés

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para frente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para trás

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateralmente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ com um pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para frente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para trás

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateralmente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ em altura

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- de cima para baixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- de cima para baixo com um pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- debaixo para cima

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- debaixo para cima com um pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- em distância com os dois pés

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- em distância com um pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- pular corda em movimento pendular simples

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- pular corda com os dois pés

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- pular corda com um pé alternadamente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- pular corda simultaneamente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- pular corda com o companheiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OBS: Em todas as ações locomotoras devem ser trabalhadas as variáveis tempo-espaço

               

                Todos os conteúdos listados foram fragmentados para que o docente possa ter uma visão geral da amplitude dos conteúdos e como organizar as futuras aulas.  QUADRUPEDIAR (quatro apoios) – GIRAR – RATEJAR – ESCORREGAR devem receber o mesmo tratamento dos exemplos acima.

 

1.b) Não-locomotoras

 

EMPURRAR

SÉRIES

JARDIM I

JARDIM II

JARDIM III

BIMESTRES

Ÿ com as duas mãos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para frente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para cima

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para baixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateralmente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ com uma mão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para frente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para cima

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para baixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateralmente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ com as costas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ com o quadril

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ com os dois pés

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para frente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para cima

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para baixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateralmente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ com um pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para frente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para cima

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- para baixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateralmente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ com a cabeça

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ com o apoio de materiais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUSTENTAR

SÉRIES

JARDIM I

JARDIM II

JARDIM III

BIMESTRES

Ÿ em pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- frontal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- dorsal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateral

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ sentado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- frontal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- dorsal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateral

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ÿ de joelhos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OBS: as estruturas aqui apresentadas não representam o todo das possibilidades. Os docentes deverão refletir e ampliar os esquemas apresentados. Esta organização deve servir apenas como exemplo.

 

            Os demais conteúdos propostos para o eixo também podem ser organizados em quadros como os exemplos acima para que haja uma adequada organização.

            Exemplo 02, núcleo “b” o movimento nas manifestações lúdicas e esportivas, para o componente curricular Educação Física do Ensino Fundamental de 5a à 8a série.

Núcleo “b”) O movimento nas manifestações lúdicas e esportivas

            A quantidade de conteúdos que pode ser desenvolvido neste núcleo é enorme. Dessa forma, uma organização e adequado diagnóstico junto aos  alunos são bastante saudável, democrático e também de caráter formativo, onde os envolvidos devem estar assumindo responsabilidades com o processo. Todavia, é imperioso que o docente não se deixe abater, quando do diagnóstico,  com as indicações dos esportes que são veiculados pela mídia e que acabam sendo internalizados no subconsciente (subjetividade moldada) dos alunos, e que são escolhidos. Como de costume deverão surgir os esportes tradicionais como basquetebol, futebol, handebol e voleibol. O docente pode e deve acatar o interesse dos alunos, mas não deve deixar de negociar e apresentar novos conteúdos e esportes, em especial os que os alunos não conheçam para que possam estar constantemente acessando novos exemplos e vivências.

            Para este exemplo fizemos uma exposição que visa atender da 5a à 8a série. A fragmentação aqui exposta deverá passar pelo crivo dos docentes e verificação adequada das condições ambientais.

 

Núcleo b - O movimento nas manifestações lúdicas e esportivas

1 – Esportes Institucionalizados

1.a) Basquetebol

Conteúdos\Séries*

5a Série

6a Série

7a Série

8a Série

Bimestres

1o

2o

3o

4o

1o

1o

2o

3o

1o

2o

3o

4o

1o

2o

3o

4o

a)      A histórica do basquetebol

a.1) A criação                  

a.2) O período histórico e os fatos marcantes

a.3) A evolução do esporte

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

b)      Iniciação ao basquetebol

      b.1) Grandes jogos

      b.2) Pequenos jogos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

c)      Regras

      c.1) Adaptação de regras

      c.2) As regras do basquetebol

      c.3) A súmula do jogo de basquetebol                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

d)      Fundamentos básicos do basquetebol

d.1) Adaptação (vivência) ao material                    

d.2) Atividades motoras de base do basquetebol

1)      corridas (em linha reta / zig-zag / para trás / combinadas)         

2)      saltos e saltitos (para cima / à frente / à trás / para baixo /combinados)

3)      passes (uma mão / duas mãos / variações)

4)      dribles (em linha reta / zig-zag / à frente / à trás / à lateral- alto,  médio e baixo)

5)      arremessos (parado / em deslocamento)

     d.3) Atividades motoras de base em relação ao outro no basquetebol

1)      desarme

2)      interceptações

3)      bloqueios (corta-luz)

4)      fintas

5)      dribles (1x1 - 2x1 - 2x2 - 3x2 ...)

6)      rebotes - ofensivos e defensivos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

e)      Tática de jogo

    e.1) Defensiva (zona / variações  -  individual / variações)

    e.2) Ofensiva  (zona / variações - individual / variações)

    e.3) Análise de jogos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

f)       Habilidades motoras e físicas mais exigidas no basquetebol

    f.1) capacidade aeróbica

    f.2) capacidade anaeróbica

    f.3) resistência muscular localizada

    f.4) força explosiva de membros inferiores

    f.5) equilíbrio

    f.6) flexibilidade

    f.7) agilidade

    f.8) orientação/percepção corporal

    f.9) percepção/orientação espacial

    f.10) coordenação motora geral

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

g)      Esquemas de treinamento para basquetebol

    g.1) Técnicos

1)      dribles

2)      passes

3)      arremessos

4)      fintas

    g.2) Táticos

1)      ofensivos

2)      defensivos

    g.3) Físicos

1)      capacidades orgânicas

2)      capacidades motoras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

h)      Organização do basquetebol

h.1) Política

h.2) Econômica

h.3) Social

h.4) Cultural

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

i)        Jogo propriamente dito

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Em seguida apresentamos o exemplo 03  núcleo “c” - o movimento em expressão e ritmo, para o componente curricular Educação Física do Ensino Fundamental de 1a à 4a série.

 

Núcleo “c”) O movimento em expressão e ritmo

Conteúdos \ Séries

1a Série

2a Série

3a Série

4a Série

Bimestres

1o

2o

3o

4o

1o

1o

2o

3o

1o

2o

3o

4o

1o

2o

3o

4o

a)      Cantigas de roda

1)      representação original

2)      representação criativa

Cantigas de roda:

Eu era assim

Alecrim

Eu entrei na roda

Da minha viola

Pirulito que bate-bate

Samba-lê-lê

Terezinha de Jesus

A linda rosa juvenil

Pombinha branca

Eu fui no Itororó

O cravo e a rosa

Nesta rua

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

b)      Danças

1)      Jogos rítmicos:

1.a) com o corpo

1.b) com objetos

2)      Danças Infantis

2.a) origem

2.b) música

2.c) indumentária

2.d) movimentos

2.e) coreografias

Danças:

Pézinho

Balaio

Balainha

Tiraninha

Quadrilha

Caninha verde

Cuá Fubá

Pau de fitas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

c)      Expressão corporal

1)      imitações

2)      mímicas

3)      representação de sensações/sentimentos (alegria / tristeza / nervoso / calmo / risonho / etc.)

4)      representação de personagens do cotidiano

5)      representações históricas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Dando continuidade aos exemplos, apresentamos o exemplo 04 núcleo “d” - o movimento e a saúde para o componente curricular Educação Física do Ensino Médio.

 

 

 

Núcleo “d”) O movimento e a saúde

 

Conteúdos \ Séries

1a Série

2a Série

3a Série

Bimestres

1o

2o

3o

4o

1o

2o

3o

4o

1o

2o

3o

4o

a)      Testes e medidas

1)      Medidas antropométricas

1.1)            estatura

1.2)            peso corporal

1.3)            Índice de Massa Corporal (IMC)

2)      Testes motores

2.1) força de membros superiores e inferiores

2.2) capacidade aeróbica

2.3) capacidade anaeróbica

2.4) abdominal

2.5) flexibilidade (sentar e alcançar)

3)      Postura

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

b)      O sistema locomotor

1)      sistema ósseo e sua relação com o esporte

2)      o sistema articular e suas possibilidades de ações

3)      o sistema muscular e suas funções

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

c)      O aquecimento

1)      conceitos e objetivos

2)      importância orgânica

3)      estruturação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

d)      Capacidades Motoras – conceitos/sistemas de avaliação e possibilidades de trabalhos

1)      Força

2)      Resistência

3)      Velocidade

4)      Flexibilidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

e)      Alimentação e  esporte

1)      Os macro e micronutrientes

2)      Alimentação equilibrada

3)      Número de refeições diárias

4)      Dietas e saúde

5)      Alimentação pré e pós-competição

6)      Teor de calorias dos alimentos e perda calórica no exercício

7)      Suplementos alimentares

8)      Obesidade e esporte

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

f)        Sexo e esporte

1)      A mulher e o esporte

2)      A menarca e o rendimento esportivo

3)      A gravidez e o desempenho esportivo

4)      O homem é mais forte?

5)      As diferenças de constituição entre homem e mulher e sua influência no esporte

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

g)      Drogas e esporte

1)      Anabolizantes

2)      Drogas/álcool

3)      Estimulantes naturais

4)      Dopping Esportivo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

h)      Estruturação de treinamentos com vistas à manutenção da saúde

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

i)        Estruturação de treinamentos com vistas à performance

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

j)        Elaboração de caixa de Primeiros Socorros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

k)      Lesões articulares e musculares – cãibras – procedimentos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

l)        Primeiros Socorros:

1)      parada cárdio-respiratória e respiração artificial

2)      transporte de feridos

3)      afogamentos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

m)    Esporte e idade

1)      limites biológicos da idade

2)      influência do esporte no processo de envelhecimento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

n)      Esporte e cotidiano

1)      Estresse

2)      Necessidades básicas do cotidiano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

o)      Organização de eventos comunitários

1)      Passeio ciclístico

2)      Caminhada

3)      Apoio às campanhas de vacinações

4)      Jogos comunitários

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Procurou-se, nos exemplos acima, apresentar uma forma de estruturação atendendo cada um dos blocos em cada um dos níveis escolares (Educação Infantil – Ensino Fundamental 1a à 4a série – Ensino Fundamental 5a à 8a série e Ensino Médio). É importante destacar que estes exemplos são apenas alguns dos elementos que devem ser trabalhados nas escolas, pois conforme o apresentado no Quadro 02, muitos outros conteúdos devem ser estruturados para atendimento pleno do componente curricular Educação Física.

             A exemplificação apresentada anteriormente, com a fragmentação de todo o conteúdo pode parecer conteudista e estar atrelada única e exclusivamente à linha desenvolvimentista. Afirmamos que não, pois será na ação metodológica que o docente estará dando o norte a ações participantes, integradoras e conscientes da influência do meio no desenvolvimento global dos alunos. A proposta pedagógica, seja ela qual for, não negará uma organização e visualização geral dos conteúdos possíveis e úteis de serem ministrados ao longo da vida escolar. Podemos afirmar ao contrário, que se existe alguma proposta que não se atenta para o que ensinar e por que ensinar em cada período escolar  – o laissez-faire - estará correndo o risco de ficar à margem do processo educacional. O que nos remete a refletir se não é exatamente isso o que vem acontecendo  com a Educação Física Escolar ao longo dos últimos trinta anos, uma disciplina (atividade) sem valor pedagógico e sem legitimidade.

            Antes de iniciar o próximo passo, faz-se necessário que o docente tenha claro quais são os objetivos gerais das séries escolares. Para tanto, apresentamos no quadro abaixo, uma seqüência de objetivos, de modo que possam demonstrar uma evolução no encaminhamento e desenvolvimento dos conteúdos do componente curricular Educação Física.

Quadro 3 – Organização dos objetivos do eixo movimento para a  Educação Infantil

Objetivo Geral

Vivenciar a motricidade em sua plenitude por meio de ações lúdicas a fim de estimular o desenvolvimento das habilidades motoras de base

Maternal

Estimular o desenvolvimento das múltiplas possibilidades de exploração dos movimentos relacionados ao controle do corpo

Pré I

Estimular as crianças para que atinjam o estágio elementar de execução das habilidades motoras fundamentais

Pré II

Estimular a utilização das habilidades motoras de formas variadas e criativas

Pré III

Organizar e integrar as habilidades motoras fundamentais, sobretudo aquelas culturalmente determinadas.

 

Quadro 4 – Organização dos objetivos do componente curricular Educação Física

                     para o Ensino Fundamental (1a à 8a série)

 

Objetivo Geral

Explorar e estudar o mundo motor por meio das manifestações da cultura corporal visando o entendimento da estrutura social e a estimulação ao desenvolvimento das potencialidades motoras.

1a Série

Vivenciar atividades que auxiliem no alcance do estágio maduro de execução dos movimentos fundamentais; apropriação teórico-prática das atividades da cultura corporal (familiar e do meio físico-social próximo); estimular diferentes formas de convivência harmônica entre as crianças por meio de atividades que favoreçam a cooperação, a responsabilidade, a independência e a criação de normas para o trabalho em pequenos grupos.

2a Série

Estimular o conhecimento e a participação em atividades ligadas à cultura corporal presentes no cotidiano dos participantes que façam parte de sua comunidade local ou regional; a partir do conhecimento das possibilidades e das limitações corporais, ser capaz de estabelecer algumas metas para si próprio; participar de atividades em grupo, discutindo e criando regras, valores e atitudes relacionados à colaboração, à independência, à responsabilidade e ao respeito às competências individuais e às diferenças entre meninos e meninas.

3a Série

Ampliar e aperfeiçoar as habilidades motoras desenvolvidas nas séries anteriores; estimular a capacidade de organização técnica conhecendo e diversificando as formas de realização das atividades, dos jogos e das brincadeiras; conhecer e desenvolver as atividades que fazem parte da cultura corporal regional e do estado.

4a Série

Facilitar a apropriação dos conhecimentos e vivências das atividades da cultura corporal regional e nacional; ampliar e aperfeiçoar a combinação das habilidades motoras fundamentais; analisar e construir normas, regras e valores para o desenvolvimento de atividades em grupo.

5a Série

Estudar e vivenciar as formas dos desportos institucionalizados com ênfase em seus fundamentos e valências físicas básicas; reconhecer as formas motoras básicas para a prática dos desportos e suas relações com o cotidiano; estudar a influência de hábitos saudáveis para a qualidade de vida.

6a Série

Estudar e vivenciar as formas dos desportos institucionalizados com ênfase aos seus fundamentos e valências físicas básicas; ampliar as experiências em ginástica e suas manifestações cotidianas; identificação e estudo do processo histórico desportivo; estudar sobre a influência de hábitos saudáveis para a qualidade de vida.

7a Série

Estimular a participação em atividades desportivas institucionalizadas com o propósito de aprimoramento e vivência da fundamentação anteriormente praticada; estudar os sistemas táticos e técnicos dos desportos institucionalizados; analisar as técnicas ergonômicas e posturais adequadas para as ações cotidianas.

8a Série

Estudar sobre a influência da vida ativa para a manutenção da saúde; ampliar a participação no desporto institucionalizado por meio de ações organizacionais e vivências práticas; estudar as formas básicas de condicionamento físico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quadro 5 – Organização dos objetivos do componente curricular Educação Física

                     para o Ensino Médio (1a à 3a série)

 

Objetivo Geral

Explorar e analisar o mundo motor por meio das manifestações da cultura corporal, visando o entendimento e a autonomia frente aos conhecimentos relativos à prática da atividade física permanente

1a Série

Entender o corpo como elemento de relação e linguagem humana; estudar as mudanças anatômico-fisiológicas do homem e da mulher no cotidiano e no esporte; aplicar os esquemas táticos e técnicos na prática do desporto institucionalizado; estudar e aplicar os sistemas de organização desportiva e recreativa junto aos acadêmicos do ensino fundamental.

2a Série

Analisar a participação do fenômeno esportivo na cultura humana; utilizar o desporto como elemento fomentador ao entendimento das estruturas sociais vigentes; capacitar os acadêmicos para a plena utilização dos conhecimentos sobre o corpo para a manutenção de hábitos saudáveis; vivenciar a aplicação de sistemas de treinamento junto ao grupo e individualmente.

3a Série

Capacitar os acadêmicos para que atinjam autonomia sobre os conhecimentos relativos à prática permanente da atividade física; estimular a prática das manifestações da cultura corporal como elementos imprescindíveis à qualidade de vida saudável; estimular a vivência dos conhecimentos referentes a atividades recreativas e de prática de atividade física permanente junto aos familiares e comunidade.

 

            Os objetivos apresentados não encerram todas as possibilidades de ações que devem ser trabalhadas ao longo da vida escolar, apenas foram colocados para que o docente pudesse ter uma idéia clara da evolução a ser atribuída aos conhecimentos da Educação Física, mais especificamente ao mundo motor. Iniciamos o trabalho na Educação Infantil procurando possibilitar as mais inúmeras vivências para que as crianças possam conhecer suas possibilidades. Avançamos para a exploração e estudo no Ensino Fundamental e encerramos o Ensino Médio possibilitando a exploração e análise do mundo motor com vista à autonomia. Esta seqüência deve ser organizada e contemplada nos planos pedagógicos das escolas.

            Para um resgate geral do que vimos até o momento,  organizamos a figura ilustrativa abaixo das etapas trabalhadas e a serem trabalhadas pelo docente, para que se possa possibilitar uma visualização geral das idéias defendidas aqui.

 

Figura 2 – Esquema do processo estrutural do planejamento educacional escolar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


            A Figura 2 traz em seu topo a apresentação da Proposta Pedagógica (PP) da escola. A PP deve se constituir como a luz norteadora de todas as ações a serem desencadeadas pela escola.

            De acordo com Consolaro (2000, p. 260) a PP deve ir além de um simples agrupamento de planos e atividades; não é algo para ser construído e em seguida arquivado e deve ser construído e vivenciado por todos no processo educativo. E tem por finalidade ofertar à escola autonomia financeira, estrutural e pedagógica; dar liberdade e capacidade para constituição de sua identidade e atendimento aos requisitos regionais e locais e, por fim, colocar a escola como espaço público, lugar de debate e de diálogo para uma reflexão coletiva.

            Os pontos destacados pelo autor (op. cit.) são imprescindíveis para que possamos avançar com as questões pedagógicas escolares. As atuais leis educacionais possibilitam que caminhemos nesse sentido coletivo e autônomo, entretanto, ainda há muita resistência e temor em assumir essa condição de construção pedagógica coletiva dentro da escola. Muitos temem assumir responsabilidades que lhes cabem, com o receio dos erros e da necessidade da constante atualização pedagógica.

            De nada ou muito pouco vai adiantar o desenvolvimento de um trabalho, como o aqui apresentado, se ele estiver desvinculado dessa estrutura maior que é a PP. É fundamental que o docente se inteire  das propostas e das condições gerais de sua escola para que possa atender, com a sua área de conhecimento, os propósitos pedagógicos centrais estabelecidos pela PP.

            Para encaminharmos um fechamento para este trabalho, apresentamos, na seqüência, uma organização geral dos pontos até aqui detalhados recuperando alguns exemplos e chegando até o plano de aula.

Passo 01) Definição dos núcleos temáticos para a área (verificar quadro 01)

Núcleos

Conteúdos Básicos

a)      o movimento em descoberta e

     estruturação

 

Habilidades motoras de base (locomotoras, não-locomotoras, manipulativas, coordenação viso-motora), esquema corporal, percepção corporal

 

Passo 02) Estruturação dos conteúdos e suas possibilidades de abordagem (verificar exemplos gerais)

Núcleo a - O movimento em descoberta e estruturação

1 - HABILIDADES MOTORAS DE BASE

1.a) Locomotoras

ANDAR

SÉRIES

1ª SÉRIE

2ª SÉRIE

BIMESTRES

1ºB

2ºB

3º B

4º B

 

1º B

2º B

3º B

4º B

Revisão do andar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- imitativo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- na ponta do pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- no calcanhar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateral interna do pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateral externa do pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- pé ante pé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar lateral

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar lateral cruzado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Obs.: trabalhar com as variáveis espaço-tempo.

Passo 03) Estruturação dos objetivos e suas possibilidades de abordagem (verificar exemplos gerais)

Objetivo Geral

Explorar e estudar o mundo motor por meio das manifestações da cultura corporal visando o entendimento da estrutura social e a estimulação ao desenvolvimento das potencialidades motoras.

1a Série

Vivenciar atividades que auxiliem no alcance do estágio maduro de execução dos movimentos fundamentais; apropriação teórico-prática das atividades da cultura corporal (familiar e do meio físico-social próximo); estimular diferentes formas de convivência harmônica entre as crianças por meio de atividades que favoreçam a cooperação, a responsabilidade, a independência e a criação de normas para o trabalho em pequenos grupos.

 

            De posse dos passos iniciais, elaborar a matriz que deverá atender à elaboração dos planos de curso, unidade e aula.

 

Passo 04) Organização dos planos de curso e unidade (assinalar nas planilhas os conteúdos que deverão ser trabalhados em cada uma das séries e em que bimestres)

            Esta etapa facilitará sobremaneira as etapas de organização anual e bimestral.

ANDAR

SÉRIES

1ª SÉRIE

2ª SÉRIE

BIMESTRES

1ºB

2ºB

3º B

4º B

 

1º B

2º B

3º B

4º B

Revisão do andar

X

 

 

 

 

 

 

 

 

- imitativo

X

 

 

 

 

 

 

 

 

- na ponta do pé

X

 

 

 

 

 

 

 

 

- no calcanhar

X

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateral interna do pé

X

 

 

 

 

 

 

 

 

- lateral externa do pé

X

 

 

 

 

 

 

 

 

- pé ante pé

X

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar lateral

X

 

 

 

 

 

 

 

 

- andar lateral cruzado

X

 

 

 

 

 

 

 

 

Obs.: trabalhar com as variáveis espaço-tempo.

 

            Ao finalizar esta etapa o docente deverá ter claro quantas aulas tem no ano e organizar a distribuição de forma adequada para que possa estar distribuindo os conteúdos selecionados nas respectivas cargas-horárias. Normalmente e, de acordo com a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, as escolas têm de trabalhar 200 dias ano, isso eqüivale a 40 semanas. As aulas de Educação Física normalmente são ministradas em uma média de duas horas-aula semanais. Assim, temos, aproximadamente, uma carga horária de oitenta horas aula ano, sendo vinte para cada bimestre. Esses cálculos podem variar de escola para escola de acordo com o projeto pedagógico de cada uma.

            Dessa forma, o docente deverá, obedecendo os passos anteriores, organizar a distribuição adequada dos conteúdos selecionados de acordo com a carga-horária de que dispõe ao longo dos anos escolares.

           

Passo 05) Organização dos planos de aulas

            Esta etapa se caracteriza como de difícil execução pelos docentes da área da Educação Física. A experiência nos tem demonstrado que uma parcela bastante reduzida de docentes faz uso deste elemento didático imprescindível. Entretanto, vamos reforçar o valor do plano de aula e apresentar um exemplo com ênfase na característica problematizadora.

            Um plano de aula deve estar totalmente atrelado ao contínuo das etapas anteriores e deixar clara a sua importância na organização e ordem geral dos conteúdos trabalhados.

            A estrutura básica que temos hoje se prende a três etapas básicas:

            Introdução: momento de organização dos conteúdos a serem tratados no decorrer da aula, com o adequado preparo dos alunos para o seu enfrentamento. Apresentação dos objetivos propostos e ações a serem desencadeadas.

            Desenvolvimento: momento onde os conteúdos e as ações são vivenciados, discutidos e refletidos.

            Conclusão: momento final onde se resgata o objetivo proposto para a aula e analisa-se sua importância, forma como foi tratado e se foi atendido pelas estratégias organizadas. Coloca-se também como um momento de preparo às próximas aulas programadas e ações/estudos que devem ser executados.

            Destacamos que a definição do tema da aula e seus objetivos devem ser previamente estabelecidos. As etapas salientadas se prendem ao desenvolvimento da aula.

            Ao falarmos em temas de aulas, por vezes nos defrontamos com temas que são impossíveis de serem vencidos em uma ou duas aulas. Estes devem estar sendo previstos para mais aulas e estar organizados de tal forma que haja uma seqüência adequada das ações e um avanço gradativo destas. Muitas vezes o tema se altera, mas não necessariamente o conteúdo básico.

            Como exemplo do que foi citado apresentamos os planos atendendo a seqüência dos passos anteriores.

 

PLANO DE AULA

Conteúdo Básico: Andar

Tema definido: Uma caminhada pela floresta encantada

Carga-horária estimada: 01 hora aula        Turma: 1a série  Sexo: Misto

Objetivo Geral: Levar os alunos a apresentar e vivenciar formas de caminhar fazendo uso de interpretação corporal de estórias, para que consigam perceber as diferenças existentes entre as diversas formas desta habilidade motora de base

Conteúdos

No de aulas

Estrutura Metodológica

 

Revisão do andar

- imitativo

- na ponta do pé

- no calcanhar

- lateral interna do pé

- lateral externa do pé

- pé ante pé

- andar lateral

- andar lateral

cruzado

 

Aula 01

Tema: “Uma caminha pela floresta encantada”

Introdução: apresentação do objetivo proposto para a aula e resgate de formas de caminhar alternativa que possuímos.

Desenvolvimento:

a)       Solicitar que os alunos imaginem uma floresta encantanda;

b)       Imaginar o que se pode encontrar em uma floresta encantada. Ao se citar alguns dos elementos/situações deve-se imaginar a forma de andar para ela:

-          animais (andar imitativo);

-          pedras (lateral interna/externa);

-          espinhos (pontas dos pés);

-          rio/lagoas (deslizar);

-          lama (passos largos);

-          areia quente (calcanhar);

-          pontes/troncos (andar pé ante pé);

-          caminhos estreitos (lateral/lateral cruzado)

-          por galhos finos (pontas dos pés)

c)       Manter constante questionamento aos alunos sobre as partes dos pés que estão sendo utilizadas na execução dos movimentos;

d)       Construir uma pequena estória com as formas criadas pelos alunos.

Conclusão:

a)       Estabelecer uma pequena reunião final para atender aos questionamentos:

-          o que foi fácil? Por quê?

-          o que foi difícil? Por quê?

-          que partes do pé foram utilizadas em nossas caminhadas?

-          utilizamos estas formas de caminhar só na floresta encantada ou no dia-a-dia também? Quando?

b)       Como tarefa de casa todos deverão procurar figuras de pessoas caminhando em jornais e revistas. Observar como é o andar do papai, da mamãe, do irmãozinho, dos avós (verificar se há diferenças)

 

 

 

1

 

 

 

PLANO DE AULA

Conteúdo Básico: Andar

Tema definido: Andar corretamente

Carga-horária estimada: 01 hora aula        Turma: 1a série  Sexo: Misto

Objetivo Geral: Levar os alunos a vivenciar formas de caminhar fazendo uso de observações em sala, para que consigam perceber e destacar as diferenças existentes entre as diversas formas desta habilidade motora de base

Conteúdos

No de aulas

Estrutura Metodológica

 

Revisão do andar

- imitativo

- na ponta do pé

- no calcanhar

- lateral interna do pé

- lateral externa do pé

- pé ante pé

- andar lateral

- andar lateral

cruzado

 

Aula 01

Tema: Andar corretamente

Introdução: apresentação do objetivo proposto para a aula e observação e discussão sobre as tarefas solicitadas na última aula.

Desenvolvimento:

a)       Explorar as figuras trazidas pelos alunos e debater sobre as observações realizadas por  eles;

b)       Comentar sobre o andar corretamente e apontar detalhes que devem ser observados;

c)       Apresentar fotos e cartazes com esquemas e detalhes que devem ser observados no andar;

d)       Solicitar que todos experimentem o andar e observem os pontos destacados;

e)       Introduzir o ritmo com batidas de palmas para que os alunos comecem a perceber as diferenças rítmicas;

f)        Apresentar alguns problemas:

-          quais partes dos pés devem ser colocadas no solo ao andarmos?

-          por que andar para trás é difícil e que cuidados devemos tomar?

-          correr e andar tem a mesma técnica?

-          quem está com dificuldades no andar da forma como estamos falando?

Conclusão:

a)       Estabelecer uma pequena reunião final para atender aos questionamentos:

-          é fácil andar corretamente? Por quê?

-          que partes do pé devem ser  utilizadas em nossas caminhadas?

-          quando devemos nos preocupar com o andar correto?

-          todos andam corretamente?

b)       Como tarefa de casa procurar  responder ao questionamento: se nós conseguimos andar de formas diferentes, será que nós podemos correr de formas diferentes? De quantas maneiras podemos correr, apresente pelo menos quatro formas.

 

 

 

 

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            Como pontos de avaliação para as duas aulas exemplificadas nós temos: aula 01 – os alunos deverão demonstrar que percebem as diversas formas de andar e que conseguem destacar as dificuldades que cada uma das formas de andar exige; aula 02 – os alunos devem apontar de forma detalhada os pontos a serem observados no “andar correto”. Assim, o docente terá possibilidades de dar continuidade ao seu trabalho e adequar o planejamento elaborado, com respostas imediatas por parte dos alunos sobre a aquisição dos conhecimentos e vivências destacadas como significativas de serem trabalhadas no desenvolvimento da disciplina.

            Da mesma forma que as avaliações devem ser realizadas a cada aula, ação igual deve ser exercida ao final de cada unidade e de cada ano. Este processo contínuo de avaliação irá possibilitar que o plano seja constantemente aperfeiçoado e atualizado para que possa atender plenamente às expectativas idealizadas quando de sua elaboração. Todos nós somos levados a sonhar mais do que podemos, mas isso é fundamental para que possamos estar sempre em busca de algo melhor. Planejar mirando um ideal distante  e estar consciente das reais possibilidades nos permite readequações constantes para a possível concretização do sonho.  

            Em relação ao aspecto metodológico, pouco comentado neste trabalho e que entendemos, será o elemento que dará todo o sentido a ele, pois é na ação pedagógica da aula que efetivamente um currículo se mostra, salientamos que hoje a Educação Física possui várias propostas. As que mais se destacam estão apresentadas no trabalho Metodologias Emergentes em Educação Física (Oliveira, 1997), onde o docente poderá obter informações e optar por aprofundamentos e vivências que enriqueçam a sua prática pedagógica. Voltamos a destacar que a intenção deste trabalho foi o de apontar indicações de caminhos à estruturação de um planejamento, sem contudo, aprofundar as discussões, algo que deverá ser apresentado em futuros trabalhos do Núcleo de Estudos Pedagógicos de Educação Física da UEM.

            Encerramos este trabalho destacando que todo o material aqui apresentado é fruto de vários estudos e envolvimento com a escola que, de certa forma, tem atendido ao problema que os docentes enfrentam ao se depararem com a missão de elaboração do planejamento. O caminho é longo e trabalhoso, mas entendemos que sem o estudo e esforço para a adequada organização dos conteúdos da área, pouco se poderá avançar no sentido de legitimar a Educação Física no sistema educacional.

 

Referências:

CONSOLARO, Alberto.  O “ser” professor. Arte e ciência no ensinar e aprender. 2a ed. Maringá: Dental Press International, 2000.

ECKERT, Helen. Desenvolvimento motor. 3a ed. São Paulo: Editora Manole Ltda.,1993.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 11a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

GALLAHUE D. L. e OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2001.

GALLARDO, J.; OLIVEIRA, A. A. B. de e ARAVEÑA, C. Didática de Educação Física. A criança em movimento: jogo, prazer e transformação. São Paulo: FTD, 1998.

GRUPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO. Visão didática da Educação Física: análises críticas e exemplos práticos de aulas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1991.

HILDEBRANDT, R. e LAGING, R. Concepções abertas no ensino da Educação Física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1986.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

OLIVEIRA, A. A. B. de. Educação Física no Ensino Médio – período noturno: um estudo participante. 1999. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, Campinas, 1999.

____. Educação Física Escolar: a necessidade de novos olhares. Revista da Educação Física – Uniandrade, Curitiba – PR., v.01, n.1, set. 2001.

____. Metodologias emergentes em Educação Física. Revista da Educação Física – UEM. Maringá – PR., v.1, n.8, p.21-27, 1997.

SACRISTAN, J. S. Teoria de la enseñanza y desarrollo del curriculo. Madrid  - Espanha: Anaya, 1992.

SÉRGIO, Manuel. Motricidade humana. Contribuições para um paradigma emergente.Lisboa – Portugal: Instituto Piaget, 1995.

 



[1] O Núcleo de Estudos Pedagógicos de Educação Física da UEM é composto pelos professores Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira; Sérgio Augusto Rosa; Márcia Regina Grespan e Joceli do Carmo Knebel da Costa