Jonathan
testa a qualidade
da água em
um riacho
a noroeste
de Washington,
D.C., como
parte de um
projeto de
aprendizado
de prestação
de serviços
da oitava
série do primeiro
grau. Para
se preparar
para essa
atividade,
Jonathan estudou
princípios
básicos de
biologia e
a ecologia
dos pântanos
nas suas aulas
de ciências.
Nas aulas
de comunicação,
ele fez uma
pesquisa sobre
a maneira
pela qual
as bacias
hidrográficas
afetam a saúde
da comunidade.
Nas aulas
de estudos
sociais, ele
se uniu a
um grupo de
colegas para
examinar as
estratégias
bem-sucedidas
que os cidadãos
locais empregam
para melhorar
a qualidade
da água dos
riachos locais.
Juanita,
uma aluna
do segundo
ano de uma
grande universidade,
trabalha
como voluntária,
durante
quatro horas
por semana,
em um abrigo
para os
sem-teto.
Tendo conhecido
o abrigo
e os seus
serviços
por meio
de um curso
de sociologia,
Juanita
aprendeu
a respeito
das várias
causas que
levam os
indivíduos
à condição
de sem-teto,
e ficou
perplexa
ao descobrir
a quantidade
de crianças
que não
tinham um
lar. Após
completar
um trabalho
de pesquisa
sobre as
crianças
sem-teto,
e compartilhando
suas conclusões
com uma
coalizão
da comunidade,
ela se ofereceu
para dar
aulas de
reforço
a crianças
em uma escola
para alunos
de famílias
sem-teto.
Atualmente,
o sistema
educacional
nos Estados
Unidos proporciona
a alunos
como Jonathan
e Juanita
a oportunidade
de se envolverem
na prestação
de serviços
à comunidade,
que sejam
relacionados
às matérias
que estão
estudando.
O resultado
é que os
jovens estão
desenvolvendo
uma ética
de prestação
de serviços
e cidadania
enquanto
passam pela
rotina acadêmica.
Mas isso
não é novidade:
o ensino
público
nos Estados
Unidos,
na verdade,
sempre se
baseou no
princípio
da educação
dos jovens
para a cidadania.
E esse princípio
prevalece
em todo
o meio educacional.
Ensino
Fundamental
e Secundário
Tradicionalmente,
as escolas
envolvem
os alunos
na prestação
de serviços
à comunidade.
Campanhas
para arrecadação
de alimentos,
projetos
ambientais,
trabalhos
comunitários
de jardinagem,
auxílio
aos idosos
e programas
de aulas
de reforço,
estão entre
as atividades
mais comuns.
O
estado de
Maryland,
na verdade,
transformou
o serviço
comunitário
em um requisito
para a conclusão
do curso
secundário.
Todos os
alunos do
sistema
de ensino
público
do estado
precisam
completar
75 horas
de prestação
de serviços
entre a
6ª série
do primeiro
grau e a
3ª série
do segundo
grau. Muitas
escolas
particulares
também adotaram
esse sistema.
A
experiência
de Jonathan,
acima descrita,
é conhecida
como aprendizado
de prestação
de serviços
- a coordenação
de experiências
de prestação
de serviços
cuidadosamente
organizadas
com o currículo
acadêmico.
De acordo
com a Corporation
for National
Service
(CNS), um
órgão do
governo
americano
que estabeleceu
o aprendizado
da prestação
de serviços
como parte
do mandato
da Constituição,
este método
"reforça
a matéria
ensinada
nas escolas
estendendo
o aprendizado
além da
sala de
aula...[e
ajudando
a]...estimular
o desenvolvimento
de uma noção
de ajuda
ao próximo."
O
aprendizado
da prestação
de serviços
ocorre em
função de
várias iniciativas
convergentes,
interesses,
e pesquisas
na reforma
educacional;
entre esses
itens destacam-se
uma nova
ênfase no
desempenho
mensurável
e o desenvolvimento
do caráter
e da cidadania.
As organizações
estaduais
e federais
já começaram
a encorajar
e a apoiar
a prestação
de serviços
e o respectivo
aprendizado,
e os professores
estão recebendo
treinamento
nessa área.
Segundo
estatísticas
recentes
da CNS,
mais de
três quartos
de milhão
de alunos
de escolas
primárias
e secundárias
estão envolvidos
em algum
tipo de
serviço
comunitário.
Cada aluno
que participou
do aprendizado
de prestação
de serviços
em 1997
contribuiu,
em média,
com mais
de 15 horas
de serviços
relacionados
aos cursos
e programas
de estudo.
Várias
pesquisas
indicam
que o aprendizado
da prestação
de serviços
tem, definitivamente,
um impacto
positivo
nos alunos.
Os estudos
demonstram
que esse
fenômeno
resulta
na melhoria
do desempenho
acadêmico,
aquisição
de conhecimentos
sobre os
serviços
prestados,
progresso
em termos
de pensamento
avançado,
maior responsabilidade
social e
cívica,
maior aceitação
da diversidade
cultural,
e fortalecimento
da auto-estima.
Em última
análise
o que interessa
é o envolvimento,
e não apenas
estar exposto
à atividade.
Shelley
Berman,
superintendente
das Escolas
Públicas
de Hudson
(Massachusetts)
e presidente
do Pacto
para Aprendizado
e Cidadania
[Compact
for Learning
and Citizenship],
explicou
recentemente
como o aprendizado
da prestação
de serviços
estava integrado
à rede de
ensino de
Hudson,
envolvendo
80 por cento
do corpo
discente
durante
o ano letivo
de 1996-97.
"Estamos
criando
uma abordagem
consistente,
que compreende
todo o sistema,
para que
uma ética
de prestação
de serviços
e uma ética
de assistência
seja mantida
desde a
pré-escola
até a conclusão
da escola
secundária,"
Berman observou.
"Os
professores
de cada
nível desenvolvem
as suas
próprias
iniciativas.
Os alunos
da pré-escola,
este ano,
estão participando
de um programa
de conscientização
de deficiências
que está
angariando
fundos para
a March
of Dimes
[Marcha
das Moedas]
[uma organização
de âmbito
nacional
que apóia
a pesquisa
de poliomielite],
um programa
de reciclagem
administrado
pelos alunos,
relacionado
com a unidade
de ciência
dos estudos
ambientais,
e uma campanha
para a arrecadação
de brinquedos
para o Natal,
relacionada
com a unidade
de estudos
sociais
voltada
para a comunidade."
Berman
observa
que o verdadeiro
aprendizado
da prestação
de serviços
"ajuda os
alunos a
estabelecer
a ligação
entre o
que eles
estão estudando
na sala
de aula
e as questões
que são
encontradas
na vida
prática.
O aprendizado
envolve
os alunos
na ação
e na reflexão...e
faz com
que os educadores
vejam os
alunos não
como futuros
cidadãos,
mas como
membros
ativos da
sua comunidade."
Voluntários
nas Escolas
Em
todos os
Estados
Unidos,
organizações
fraternais
da comunidade,
cívicas
e de prestação
de serviços
têm direcionado
muitos dos
seus esforços
de trabalho
voluntário
para as
escolas.
Além disso,
existem
as iniciativas
de âmbito
nacional
(como a
America
Reads) que
coloca os
voluntários
nas escolas
para melhorar
o desempenho
escolar
dos alunos.
Para
ajudar os
voluntários
e para fazer
com que
os seus
gestos sejam
tão benéficos
quanto possível,
a Associação
Americana
de Administradores
Escolares
[American
Association
of School
Administrators]
está, no
momento,
trabalhando
para identificar
os "elementos
essenciais"
para o trabalho
voluntário
nas redes
de ensino.
Isso segue
um estudo,
no início
da década
de 90, que
investigou
três áreas
nas quais
os voluntários
seriam,
potencialmente,
mais eficazes:
na instrução
real; na
melhoria
do comportamento
e assiduidade
na sala
de aula;
e afetando
de maneira
positiva
os métodos
de ensino
e até mesmo
as atitudes
do público
em relação
à educação.
Os
voluntários
nas escolas
voltam a
envolver
o público
na educação,
contribuem
com novas
idéias para
tratar das
melhorias
na escola,
criam uma
noção mais
ampla de
apoio à
comunidade,
e melhoram
as relações
entre a
escola e
a comunidade.
Ensino
Superior
As
faculdades
e universidades
nos Estados
Unidos têm
uma saudável
tradição
de trabalho
voluntário
por parte
dos alunos,
desde serviços
de emergência
prestados
conforme
a necessidade
até compromissos
a longo
prazo. As
organizações
de alunos,
sociedades
de honra,
fraternidades
e irmandades,
unidades
residenciais,
e outros
grupos nos
campi, encorajam
ou exigem
que os jovens
dêem alguma
coisa em
retribuição,
à comunidade
na qual
a escola
está situada.
Em
1985, um
pequeno
grupo de
presidentes
de faculdades
e universidades
formou o
Campus Compact
[Pacto do
Campus],
de âmbito
nacional,
uma associação
dedicada
à prestação
de serviços
e ao respectivo
aprendizado,
baseados
no campus.
Hoje, esse
grupo, com
aproximadamente
600 membros,
organiza
encontros
e convoca
institutos
nacionais
e estaduais
de desenvolvimento
de professores
universitários
para encorajar
e apoiar
o envolvimento
com a comunidade
e o aprendizado
da prestação
de serviços.
Além disso,
o Campus
Compact
também inicia
projetos
que tratam
de atividades
específicas
dentro da
prestação
de serviços
- como aulas
de reforço
ou o desenvolvimento
de cooperação
entre o
campus e
a comunidade
- e produz
e distribui
os materiais
necessários
para o desempenho
dessas atividades.
As
estatísticas
de 1997-98
referentes
aos estudantes
nas escolas
do Campus
Compact
impressionam.
Por exemplo:
Os alunos dos cursos de
graduação
contribuíram
com 29 milhões
de horas
de serviços
prestados.
284.000 alunos de cursos
de graduação
participaram
de atividades
contínuas
de prestação
de serviços
às comunidade,
e 316.000
se envolveram
em projetos
de um
só evento.
Quase 11.000 membros do
corpo
docente
estiveram
envolvidos
no aprendizado
de prestação
de serviços,
e quase
12.000
cursos
de aprendizado
de prestação
de serviços
se encontravam
à disposição
dos alunos
de cursos
de graduação.
O
paralelo a
essa organização
de presidentes
é o Campus
Outreach Opportunity
League [ Liga
de Oportunidades
de Envolvimento
Com a Comunidade
no Campus]
(COOL), que
reúne estudantes
universitários
envolvidos
em projetos
de prestação
de serviços.
A COOL, fundada
em 1984, é
dedicada à
educação,
à atribuição
de poderes
e à mobilização
de homens
e mulheres
no campus
com relação
à prestação
de serviços
à comunidade
- para aumentar
a participação
e para promover
o ativismo
incessante.
A COOL atinge
os seus objetivos,
em geral,
por meio de
uma conferência
nacional com
oficinas e
sessões de
estabelecimento
de redes de
relações,
publicações,
programas
regionais
e um programa
de liderança
para treinar
e manter coordenadores
de campus.
O
sucesso
e o interesse
contínuo
no aprendizado
da prestação
de serviços
nos campi
universitários
estão diretamente
relacionados
às missões
das instituições,
à função
assumida
pelos membros
do corpo
docente,
ao ensino
e ao aprendizado
eficazes,
e às prioridades
que as instituições
tiverem
estabelecido.
Uma missão
pode citar
um quociente
de cidadania.
Os membros
do corpo
docente
são estimulados
por uma
noção de
responsabilidade
e possíveis
recompensas
- incluindo
promoção
e estabilidade.
Quanto mais
o aprendizado
da prestação
de serviços
estiver
alinhado
com as prioridades
institucionais,
maior será
a probabilidade
de ele ser
adotado
com interesse
pelos alunos,
professores,
e funcionários.
O
Futuro
No
decorrer
dos últimos
cinco anos,
têm surgido
sinais animadores
com relação
ao valor
e à missão
ampliada
da prestação
de serviços
e do respectivo
aprendizado
nos campi
universitários.
Considerando
esse crescimento,
não é difícil
ver:
o aprendizado da prestação
de serviços
mais proximamente
ligado à
maneira
pela qual
os professores
ensinam
e os alunos
aprendem.
mais escolas treinando
membros
atuais
e futuros
do corpo
docente
na pedagogia
da prestação
de serviços.
mais instituições às voltas
com o
conflito
entre
estabelecer
a prestação
de serviço
como um
valor
e exigi-la
para a
conclusão
do curso.
mais cidadãos comuns envolvidos
nas atividades
das escolas
por meio
do trabalho
voluntário.
As
escolas precisam
mudar. Em
vez de apenas
expor os alunos
a processos
e conhecimento,
elas devem
envolvê-los
em atividades
que criam
e estimulam
o conhecimento.
As comunidades
devem ajudar
as escolas
a atingir
seus objetivos,
em vez de
apenas observar
e criticar.
E os alunos
devem desenvolver
- enquanto
ainda são
jovens - uma
ética de prestação
de serviços
e cidadania
que deve prevalecer
pelo resto
de suas vidas.
Ao fazer isso,
eles podem
chegar até
a escolher
carreiras
tendo como
base as suas
experiências
na área de
prestação
de serviços.
Se
as escolas
e universidades
envolverem
os cidadãos
e as comunidades
como parceiros
essenciais
na educação,
a prestação
de serviços
e o respectivo
aprendizado
passarão
a agir como
um poderoso
catalisador
para a melhoria
das escolas
e da comunidade.
Nesse sentido,
os desafios
não são
associados
ao início,
e sim à
continuidade
e ao aperfeiçoamento
de um movimento.
__________
Terry
Pickeral
é presidente
da Cascade
Educational
Consultants,
uma organização
de aprendizado
de prestação
de serviços
em Bellingham,
Washington.
Ele é consultor
sênior da
Comissão
de Educação
dos Estados
[Education
Commission
of the States],
uma entidade
sem fins
lucrativos
que proporciona
informações
sobre política
educacional
para legisladores
estaduais.
Ele também
é membro,
em nível
nacional,
da Corporation
for National
Service.