Trata o presente artigo de um estudo
realizado da fase preliminar da pesquisa “Os valores dos jovens no contexto
atual” . Este estudo privilegiou a fundamentação teórica, no primeiro
momento, voltada para as questões do
adolescente jovem, e para as questões relacionadas aos valores em suas
diferentes e distintas dimensões.
Posteriormente, procuramos analisar
via reflexão filosófica, os dados já obtidos na fase piloto, com o objetivo de aprofundarmos os dados em
direção ao objeto de estudo da pesquisa identificada.
Os resultados apontam para três áreas:
primeiro a necessidade e relevância de se estudar a questão do jovem, em especial,
no contexto atual pela dificuldades inerentes a seu próprio desenvolvimento
e pela as relações que deve efetivar
no contexto atual; segundo o significado e complexidade dos valores eleitos
por esses jovens, partindo do pressuposto de sua aquisição e construção em
termos histórico-sociais e; terceiro a reflexão para a realização de uma proposta
pedagógica que viabilize a realização de valores dos jovens na Escola, não
como instrução sobre valores e sim como vivência desses valores.
No contexto atual onde determinadas características
são identificadas seja no que tange a uma política neo-liberal, seja numa visão
de mundo globalizado, o indivíduo que atua nesse contexto, recebendo as
influências do meio e participando dessa sociedade com a suas ações e
reflexões, tem sido cada vez mais objeto de interesse e preocupação.
Este
contexto que apresenta os diferentes segmentos da sociedade – de forma
harmoniosa ou não – responde por um determinado período histórico-social
marcado por dimensões próprias e categorias específicas.
Entre
os segmentos da sociedade encontramos a educação que tem por finalidade a
formação do aluno, em termos de
instrução, de atitudes, de cidadania. Ora,
se esse contexto é “povoado” por Instituições e indivíduos na suas redes
de relações sociais e se entre essas Instituições encontramos a educação com um
compromisso maior na formação do indivíduo, torna-se importante perceber,
identificar e estabelecer ações e estratégias para consolidar esta formação no
momento atual. Queremos não só conhecer os atores do processo educacional, mas
perceber e refletir sobre seus conhecimentos e sentimentos como forma de lhes
oferecer melhores condições para seu desenvolvimento e exercício efetivo de
cidadania.
Entre
os indivíduos/ alunos que estão na escola, onde sistematicamente ocorre a
educação, privilegiamos um determinado período de desenvolvimento caracterizado
pela adolescência, procurando por um lado detectar os seus valores e por outro
buscar caminhos viáveis para que esses valores sejam articulados na promoção de
seu próprio desenvolvimento.
Este
artigo apresenta uma pesquisa piloto inserida no projeto de pesquisa “Os
valores dos jovens no contexto atual”
como forma inicial de conhecimento de uma realidade a ser estudada e
metodologicamente como forma de identificar dados e perguntas que necessitam de
maior precisão e coerência nos procedimentos futuros.
O
trabalho apresentado encontra-se no atual momento em desenvolvimento, uma vez
que os dados até agora obtidos com base nos estudos realizados não nos permitem
findar a mesma. Partindo também do pressuposto que a finalização deste trabalho
não é de todo pretensão da busca da verdade, visto que a realidade, a
subjetividade, a evolução da ciência é hoje em nossos dias, uma constante a considerar.
Este trabalho não propõe assim ser finalidade, mas uma perspectiva a ser sempre
redimensionada em seu tempo histórico e social.
Privilegiou-se
neste estudo as indagações que nos causam constantes inquietações sobre a
formação de valores: a presença destes valores na sociedade, suas causas e
conseqüências, suas potencialidades, em relação ao sujeito social e ao
indivíduo como pessoa, mais especificamente aos que se dirigem aos
adolescentes.
Neste
contexto nos questionamos quais seriam os valores que os adolescentes, nos dias
atuais, estabelecem como formadores e delineadores de seus comportamentos. Quais os valores privilegiados pelos
adolescentes, que a partir de experiências cotidianas e idéias construídas e
apreendidas em sua forma peculiar de leitura da realidade, fundamentariam suas
formas de ação, a serem entendidas e seguidas no desenrolar de seus
comportamentos.
A
possibilidade de uma primeira análise dos dados obtidos na fase piloto da
pesquisa, nos demonstrou a presença de informações consideradas relevantes
entres os adolescentes, não sendo constatada a presença da formação concreta de
um hábito ou comportamento arraigado. Porém trouxe a questão da educação, mais
uma vez à investigação sobre a possibilidade de “ ensinar e aprender valores” .
Com
base nos estudos alcançados desenvolvemos nosso trabalho em três etapas, onde a
fundamentação teórica norteadora privilegiou os pensamentos de Emanuel Kant,
Jean Piaget e Lev Semyonovitch Vygotsky.
A
primeira etapa constituiu-se do estudo sobre os dados da fase piloto da
pesquisa, utilizando-os para delinear o perfil do adolescente de hoje.
A
Segunda etapa, a partir do desenvolvimento da análise dos dados, discutimos
como a escola se articula para atender às demandas deste perfil dos
adolescentes.
Em
uma terceira etapa, quais seriam as possibilidades de trabalhos oferecidos
para desenvolver esta problemática nas escolas a partir dos PCN’s, em busca
de um perfil inovador de atuação no âmbito escolar.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A
presente fundamentação teórica, pode ser identificada em três dimensões
específicas: a questão dos valores; a questão da subjetividade e a categoria
jovem/ adolescente.
2.1. VALORES
Neste
trabalho abordamos os valores e seus significados sob a ótica do contexto local,
do Município do Estado do Rio de Janeiro, a partir do ano de 1999 até o
presente momento, e as devidas dimensões que atingem os adolescentes no âmbito
social, histórico, cultural, político, econômico e afetivo.
Os
valores estão presentes na sociedade com significados dispostos entrelinhas, na
dimensão entre as ações e a construção do pensamento.
Na
teoria conhecida como Psicologia Genética do psicólogo suíço Jean Piaget, a
inteligência não é inata, “mas a gênese da razão, da afetividade e da moral” (Piaget,
1994) é feita progressivamente através de estágios sucessivos, onde a criança
organiza o pensamento e o julgamento. O saber é construído e não imposto de
fora. Para Jean Piaget o desenvolvimento moral é concomitante ao
desenvolvimento lógico, com aspectos paralelos de um mesmo processo geral de
adaptação. Existe uma reflexão consciente da prática passando por estágios,
indo da moral heterônoma – baseada na obediência – à moral autônoma – baseada
na igualdade – baseando-se nas relações sociais. Em um primeiro momento a
relação da criança com o adulto se estabelece na relação baseada na autoridade,
em um segundo momento se estabelece na relação entre companheiros num sistema
de reciprocidade.
Como
pudemos observar os valores estarão associados ao caminho, correto ou não, que
o desenvolvimento da moral acontecer no indivíduo. É durante o período da adolescência, onde é
forte a afirmação da própria identidade, que os conflitos morais são ativos.
Obedecer a autoridade do adulto não corresponde ao desenvolvimento do próprio
EU. Neste movimento contrário cresce a necessidade de liberdade e de coerência
consigo mesmo, norteando o caminho de adaptação e autonomia. Este exercício
entre conflito e adaptação “favorece a capacidade de adaptação do indivíduo a
uma sociedade em contínua mudança e conflito” (Díaz-Aguado, 1999), como são
hoje as sociedades industrializadas sendo necessária uma educação baseada na
resolução de problemas.
Os
valores ao mesmo tempo que estão relacionados intimamente a formação do
indivíduo, também são eleitos e emergentes da cultura e/ ou sociedade a que
cada indivíduo pertence.
Na
teoria do psicólogo Lev Senyonovitch Vygotsky a abordagem fundamenta-se na
relação entre pensamento e linguagem, procurando possibilitar a descrição e a
explicação das funções psicológicas superiores, incluindo a identificação dos
mecanismos cerebrais subjacentes a uma determinada função, onde a influência
dos mecanismos culturais são decisivos na natureza de cada pessoa. É a cultura
que fornecerá ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade
e, por meio deles o universo de significações que permite construir uma
ordenação, uma interpretação dos dados do mundo real.
Nesta
visão tornasse indispensável à construção de valores a vivência da escola no
mundo social dos adolescentes.
A
simbiose destas relações nos fazem refletir sobre que indivíduo estamos
formando em nossas escolas, ou mesmo, qual indivíduo queremos formar? E para
responder a estas indagações: quais os valores que transmitimos ou quais
adquirimos nas escolas? E estes valores estariam relacionados somente ao
ambiente escolar? Será possível ensinarmos valores nas escolas?, e que estamos
desenvolvendo a presente pesquisa.
Partindo
da idéia que os valores estão relacionados a todos os âmbitos da vida do
cotidiano é necessário criar aqui um espaço de intercâmbio constante entre
todos os aspectos da vida do ser humano. Podemos aqui citar a importância de
visualizar a questão holística como
fonte de perspectiva da formação de valores no homem de hoje.
Mas
afinal o que são estes tão mencionados valores?
Em
nosso cotidiano estamos constantemente envolvidos em situações que nos causam
sentimentos fortes de medo, orgulho, ambição, vaidade, covardia, dignidade,
piedade, indignação por injustiças, horror a violência, aflição ou angústia, e
outros sentimentos causados por situações que se manifestam em nosso senso
moral colocando a prova a nossa
consciência moral, pois teremos muitas vezes que realizar opções fundamentadas
neste senso moral, que justifique nossas ações e nos responsabilizemos por
elas.
Os
valores estão referendados aí pelo senso moral e pela consciência moral –
justiça, solidariedade, generosidade, integridade, honestidade e outros. Os
valores provam ainda sentimentos de : vergonha, culpa;, admiração, amor,
dúvida, contentamento, cólera, medo; que interferem em nossas decisões nos
levando a ações que atingirão a nós
mesmos e aos outros. Os valores estão sujeitos a transformações, pois oscilam conforme
a cultura de cada sociedade. Embora tenha esta característica ele está
relacionado a um valor
“mais profundo e subentendido: o bom ou o bem. Os sentimentos e as ações, nascidos de uma opção entre o bom e o mau ou entre o bem e o mal, também estão referidos a algo mais profundo e subentendido: nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a felicidade, seja por ficarmos contentes conosco mesmo, seja por recebermos a aprovação dos outros. Portanto, o senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidas ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade” (Chauí, 1999, p.335).
Encontramos ainda a visão de Kant desenvolvendo sua teoria moral baseando-se na razão prática. Esta razão prática seria o instrumento através do qual o homem compreenderia o mundo dos costumes podendo assim orientar suas ações.
“Analisando os princípios da consciência moral, Kant conclui que a vontade humana é verdadeiramente moral quando regida por imperativos categóricos “ (Aranha, 1996, p. 285).
O imperativo categórico é incondicionado e absoluto e rege a ação humana visando a realização do dever. Rompe assim com a noção de moral para uma realização divina de felicidade, depositando na razão a única e exclusiva responsável pelo ato moral. A lei moral é universal.
O sujeito sendo livre e com autonomia a partir da razão automaticamente exercerá seu dever, pois todo imperativo impõe-se como dever, e o sujeito é quem se autodeterminará. Assim a norma tem sua raiz na própria natureza da razão. O caráter pessoal de liberdade é acentuado.
Hoje observamos nos jovens esta sede de liberdade por seus direitos, mas o imperativo categórico que impõe ao dever nos leva a questionar sobre a formação dos valores dimensionados simplesmente por um impulso de autodeterminação. Não podemos deixar de incluir neste contexto os valores emergindo categoricamente também das influências culturais.
Os valores estarão constantemente presentes nas relações que mantemos com as pessoas com a sociedade, fazendo parte da intersubjetividade.
As interferências do senso e da consciência moral nos levam a emitir os juízos de valor, que por sua vez nos dá a noção do diferente , e interfere diretamente na intersubjetividade.
Falando sobre esta tintersubjetividade não podemos definir seus limites e extensões de atuação, pois aí estão implicados fatores tais como: política, economia, relações afetivas, sociais, culturais; cuja dimensão torna impossível medir precisamente seus movimentos, visto que constitui-se aí a história através do tempo em um movimento imensurável.
É nesta visão que posicionamos os jovens e seus valores tentando dimensionar seus pensamentos construindo juízos de valor. E ao vivenciarem em seu cotidiano a presença de “discursos filosóficos” emitidos por dirigentes de nossa sociedade totalmente desvinculados da realidade em que vivem, constatam o conflito da realidade em que está imersa nossa sociedade hoje. E referimo-nos então a questão dos paradigmas ultrapassados e os emergentes, onde as idéias não constituem modelo fixo e sim uma série de idéias em constante mutação. Há de se questionar: onde podemos então fundar um conceito pleno de valores à serem ensinados aos nossos adolescentes em nossas escolas.
A formação deste novo indivíduo, descobridor de suas potencialidades, seu espaço como protagonista de sua história, nos desafia a levar às escolas uma nova dimensão de leitura de senso comum e consequentemente o surgimento de “novos valores”.
Estará nos adolescentes a raiz destes “novos
valores” ?
2.2. QUEM É O
JOVEM HOJE?
A
palavra adolescência vem do latim: ad
- a para a + olescere – forma incoativa de olere-
crescer, significando processo de crescimento.
Segundo
o Estatuto da Criança e do Adolescente considera-se adolescente aquela pessoa
entre doze e dezoito anos de idade. Porém, devido às questões socio-culturais
atuais os limites se ampliaram e podemos dizer que o período é compreendido
entre doze e vinte e um anos, podendo no caso dos rapazes chegar aos vinte e
cinco anos ( ABERASTURY E KNOBEL, 1992 ).
Neste
ensaio preliminar se enfoca o período operatório formal dos 15 aos 18 anos para
viabilizando o estudo dentro do que Saviani (1996), assinala radicalidade,
rigor e globalidade como requisito de uma reflexão filosófica.
“A profundidade (radicalmente) é
essencial à atitude filosófica do mesmo modo que a visão de conjunto. Ambas se
relacionam dialeticamente por virtude da íntima conexão que mantém com o mesmo
movimento metodológico, cujo rigor (criticidade) garante ao mesmo tempo a
radicalidade, a universalidade e a unidade da da reflexão filosófica”(SAVIANI,
19996,P.19)
As muitas teorias que estudam o adolescente buscando explicá-lo em termos psíquicos e somáticos, enquadrando-o numa etapa ( num tempo ) caracterizado por uma fase de “crise” devido as mudanças corporais e conflitos familiares, que uma vez superadas o jovem estaria pronto e adaptado à estrutura do mundo adulto, da sociedade, do sistema dominante. Porém, no contexto atual, o jovem não é somente um representante de uma fase do desenvolvimento humano, uma condição biológica ou psíquica. Ele é mais que isso, é uma definição cultural, é um produto da cultura, portanto dos valores preestabelecidos. Isto, em razão da cultura estabelecer uma íntima relação com os valores, onde estes forjam a cultura e esta serem sistemas de valores .
Na
constituição de signos e de instrumentos que servem para mediar a relação dos
seres humanos entre si e com a natureza, são eleitos os valores para se
construir o
pensamento humano. O pensamento que é constituído ou mediado pelo conhecimento, embora, nem todo pensamento seja para constituir conhecimento ou realizado pelo conhecimento, implicará no acesso aos conhecimentos que a cultura dispuser ou eleger como referência para uma determinada sociedade. Trata-se ,então de situar o conceito de cultura ou de interculturalidade no sistema de valores.
Sendo a escola o lugar que se permite ou deveria consentir a aquisição e a construção de conhecimentos sistematizados, fica clara a sua responsabilidade de adotar uma postura cultural de garantir acesso ao conhecimento, ou seja ser uma escola cultural.
O adolescente é quem mais sofre com a falta de uma cultura do conhecimento na formação de valores, pois nesta fase de postura eminentemente interdisciplinar fazendo uma analogia com o termo pedagógico, onde ele faz a negação , confronto, a complementaridade e enriquecimento dos valores preestabelecidos pela ocidental de negar e inibir por medo o outro, o diferente. Ficando , assim obscurecida a construção de novos valores essenciais a humanidade atual, pela inexistência desta postura construtivista típica dos adolescentes.
Destarte a adolescência é a idade na vida em que se começa a enfrentar todos os dilemas de uma sociedade complexa pelo fato de nesta fase se estar vivendo uma dimensão significativa e contraditória do processo de construção da identidade e da superação de uma fase caracterizada pelo “ritual de passagem” para uma nova.
"A situação do jovem é, por definição precária. Quando Freud evoca o chefe
manteria seus filhos em estado de infantilização, permanente, proibindo-
lhes o acesso às
mulheres, ou seja, ao que permite a um menino tornar- se homem. As sociedades
humanas, contrariamente, fundam-se através
da constante passagem ( para os machos e somente para eles) da situação
de crianças reduzidas a uma experiência “infra-social” à de “homens jovens,
reconhecidos socialmente e ainda dependentes” e, finalmente à situação de
“homens detentores da plenitude de direitos e de privilégios”.
(ENRIQUEZ, 1990)
O
jovem faz a inserção no mundo adulto com suas próprias características e
valores, e depara-se com vários outros códigos de valores sociais que são
experimentados por ele com maior ou menor intensidade, com maior ou menor grau
de conflito. É importante que se reconheça nos conflitos e no comportamento do
adolescente o confronto cultural e ideológico com uma civilização em crise e a
sua importância como uma força geradora de mudança. Pode-se dizer até, que o
adolescente contemporâneo vive duas crises ao mesmo tempo, a sua própria e a da
civilização. Ou ainda que a civilização vive sua fase de adolescência.
“A
tendência que caracteriza esta etapa, é do ponto de vista do indivíduo, a necessidade do jovem de começar a fazer
parte do mundo adulto, e os conflitos
que surgem têm a sua raiz nas dificuldades do adulto para
dar passagem a essa nova geração que lhe imporá uma revisão crítica
de suas conquistas e do seu mundo de
valores”. (ABERASTURY E SNOBEL,1992)
Ora,
por que o mundo adulto dificulta essa passagem ?
Porque
o mundo adulto representa o sistema ideológico dominante, e aceitar a revisão
de conquistas e do seu mundo de valores significa arriscar a condição de
“Poder”. A dominação sobre os jovens é indispensável à reprodução da sociedade.
O
mundo adulto faz uso deste momento – a adolescência – para implantar a idéia de
“crise” vivida pelo jovem, enfraquecendo o sujeito e impossibilitando a
reconstrução dos valores sociais. É inegável e estrondoso o movimento que o
jovem faz no “processo de superação” em busca do novo, e o faz com espírito de
justiça social. A busca do novo pode significar no contexto atual a imposição,
com razão, de um novo saber, uma nova cultura.
A partir do resultado parcial da pesquisa de campo realizada em diferentes espaços escolares, observou-se um determinado perfil de jovens que está demonstrado em síntese, no quadro em anexo.
Alguns são estudiosos e outros não; alguns são populares e outros não, alguns gostam de esportes e outros não. Mas para todos há um padrão desenvolvimento, que não é rígido e varia em relação aos aspectos social, cultural, econômico e afetivo.
O
principal dilema desse período é a tarefa de olhar para o futuro. É a
perspectiva de enfrentar essa tarefa que força o jovem a se confrontar com os
problemas do contexto social, que não pode ser desconsiderado.
2.3.
ADOLESCENTE, JOVEM OU O MESMO SUJEITO ?
Utilizamos
a expressão jovem por duas razões : Primeira, esta é a forma normal e
usualmente mais utilizada para os indivíduos nesta faixa etária ; segundo, por
querer dar à pesquisa uma conotação do sujeito, mais na dimensão
histórico-social, do que simplesmente psicológica. Em termos da dimensão de
faixa etária utilizaremos o período de 15 a 18 anos, escolhido aleatoriamente,
por acreditarmos, a priori, que nesta faixa já existem valores mais definidos,
do ponto de vista da escolha e da assunção das mesmas.
Ao
utilizarmos o termo jovem buscamos uma identificação do “ator” que vive a
adolescência não como uma preocupação primordial dos fatores que envolvem esse
período de desenvolvimento, mas como o sujeito que está na fase da adolescência
com todo seu manancial de interesses, expectativas, idéias e ideais.
O
comportamento do jovem do fim do milênio é bastante diferente do jovem da
décadas passadas, pelo menos na nossa realidade. A contestação e a rebeldia de
certa forma significou a continuidade, a reprodução. Hoje nossos jovens se
comportam de maneira outra, um misto de alienação e indiferença ao sistema, que
pode vir a significar o novo.
O
poder neo-liberal também reconhece a necessidade do novo senso comum, só que
ele usa estratégias para imprimir um novo, visando a manutenção de hegemonia de
dogmas e conceitos considerados como verdades, que mudam só na superficialidade
( o “neo” o “pós” ) mas conservam a essência, o poder do domínio. Reproduz uma
história já vivida e já contada que, uma vez re-contada, intervém no original
garantindo a continuidade de uma tradição.
Torna-se
importante ressaltar nesta análise parcial o surgimento de um perfil de jovem
que em muito pouco se distancia do perfil do mundo adulto contemporâneo.
Enfatiza-se, então a necessidade de rever o estabelecido a partir dessa etapa –
a adolescência.
Destaca-se
a adolescência e a educação do jovem como ponto estratégico para a revisão
desses valores justamente por se tratar de um momento de superação, de
conflito, de busca , da “metamorfose”. Surge um novo corpo, uma nova cabeça,
uma nova emoção, a busca do eu no outro, surge o contra-ponto a lógica
estabelecida, surge a esperança...
O
jovem se encontra , hoje, impossibilitado de estabelecer por si próprio uma
hierarquia de seus valores, e aí reside
o problema fundamental. Falta-lhe referência.
Destacamos dois fatores que,
notoriamente, justificam a ausência deste referencial : Primeiro, atravessamos
um momento de grande crise social e , sabemos que uma das principais causas
dessa crise é a carência de uma autêntica escala de valores. Segundo, a
adolescência surge como categoria social forte a partir da segunda metade do
século XX, e o padrão de juventude passa a dominar a sociedade.
Todos querem ser jovens, desde crianças
até os velhos, todos buscam a juventude como estado ideal. Com isso, os valores ditados pelos jovens ganham grande
significado no contexto social. Pode-se dizer que a juventude surge como um
novo valor moral. Isto, sem dúvida, provocou uma desordem na lógica estabelecida.
3. COMO, NESTE
CONTEXTO, A ESCOLA SE ARTICULA PARA ATENDER AS DEMANDAS DESTE NOVO PERFIL DOS
VALORES DITADOS PELO JOVEM ?
Sabe-se que para construir para si
próprio uma escala de valores, o jovem precisa do referencial do mundo adulto,
como contraponto necessário no processo de superação que ele vai viver em
direção a sua autonomia moral.
Os valores são num primeiro momento
herdados por nós. ( ARRUDA, 1998 ). E, durante o processo de desenvolvimento da
moralidade, o sujeito vive diferentes estágios onde valores são construídos. Na
adolescência, depois de ter vivido o estágio de anomia e heteronomia, o jovem
reedita o estágio de anomia, e faz o confronto de seus próprios valores com os
valores do mundo adulto para alcançar sua autonomia - estágio em que os valores
já foram refletidos e estão interiorizados, têm significado real para o sujeito
e fazem parte de sua consciência moral. Neste momento o jovem faz um vínculo
com a realidade e com o contexto social, contexto esse que é representado pelo
sistema que por sua vez é corporeificado por sujeitos e seus valores.
Desta forma deve-se indagar no como a escola
pode reorganizar esta lógica ou deixar
emergir uma nova lógica , que dê conta de reestabelecer uma escala de valores
que sirva de referencial para o esse jovem ?
A cultura global está clamando pela paz, pela igualdade de
direitos, pelo respeito às diversidades, à individualidade, pela preservação do
meio ambiente, pela compreensão do outro[1].
A escola deve incorporar esses valores e alimentá-los permanentemente. Todas as
atividades educativas devem ser construídas apoiadas nesses valores que, ao
mesmo tempo surgem das atividades de toda a comunidade escolar.
Os valores assinalados devem estar
presente na ação de cada educador, e não no discurso. Deve ser visto não como
uma disciplina, mas como uma tarefa de aprendizagem, uma vivência.
Os
valores eleitos bons ou não são praticados no cotidiano escolar através de
projetos coletivos e pessoais. E surgem de todas as relações intersubjetivas
que ocorrem no contexto escolar como assinalado anteriormente. Daí a
importância de sua investigação e reflexão para identificar que valores estão
sendo privilegiados nesta relação.
Outro aspecto a ser considerado é que
não se pode esperar aceitação por modelos estabelecidos numa cultura
tradicional porque, com certeza, a
conscientização destes valores não serão contemplada como relevância na
problemática local, pelos adolescentes.
Durante
muito tempo a ciência se ocupou dos conhecimentos enquanto verdades absolutas,
conhecimentos científicos que ,cada vez
mais, se afastavam dos conhecimentos
produzidos no cotidiano. Com a mudança de paradigma, surge a necessidade de
conceber a ciência de outra forma, que atenda
e esteja de acordo com o modelo de sociedade atual. A Escola, por sua
vez, não pode ficar de fora destas questões. É preciso rever conteúdos e
enfoques a fim de buscar entender o presente, o momento que se vive.
Assim,
a preocupação em vivenciar valores não pode mais ocupar um lugar secundário no
contexto educacional. Cabe a escola refletir
sobre a necessidade de intervir
de modo a
contribuir para que o jovem possa tornar-se reflexivo sobre os valores que
possui, os que procura experimentar e os da realidade, que estão a sua volta.
4. EM BUSCA DE
UMA PROPOSTA
A
escola deve ser um lugar onde os valores morais são passados , refletidos, e
não meramente impostos ou fruto de hábitos. Até porque, neste contexto de caos
social nada se impõe.
A escola deve ser democrática , com espaço de aula reservado aos conhecimentos relacionados também a temas morais. A contribuição da escola, portanto, é a de desenvolver um projeto de educação comprometido com a ação reflexiva de questões relacionadas a valores morais que ajude ao jovem a construir e hierarquizar sua própria escala de valores.
Existem possibilidades de trabalho a
partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A proposta apresentada pelos PCNs
sustenta-se dos fundamentos da Constituição Brasileira. Baseia-se no
reconhecimento de preservação de valores que fundamentarão normas e leis no
contexto social, para que o sujeito possa exercer sua dignidade, seus direitos
e deveres, sua cidadania.
Os PCNs destinam-se a todos os
brasileiros e objetivam alcançar e fortalecer a meta maior que é a formação do
cidadão.[2]
Deve-se pensar sobre quais valores tratar para se atingir tal proposta ?
São eles o respeito mútuo, justiça, solidariedade e diálogo.
É
oportuno, ressaltar que, como diz o Professor Puig (1998, p.19) “valorar algo é
tomar uma decisão baseada em critérios totalmente subjetivos, portanto não é
possível afirmar que uma norma ou comportamento seja melhor do que outro”, ou
seja, não se pode pretender que a aprendizagem de valores se dê meramente pela
transmissão de conceitos que podem não ser significativos entre as diversas
culturas existentes, mas sim,na possibilidade da reflexão crítica das inúmeras
situações cotidianas que se apresentem , possibilitando escolhas, sem, no
entanto, perder de vista a adoção de valores universalmente desejáveis.
Os Temas Transversais propostos nos
PCN’s tratam de questões sociais como: Educação Ambiental, Orientação Sexual,
Ética, Pluralidade cultural, Saúde, Trabalho e consumo, incorporando dessa
forma, o conceito de transversalidade propiciando, portanto, múltiplas possibilidades
de situações em que o aluno adolescente atue de forma a adotar valores a partir
de critérios definidos pelos seus princípios.
A proposta do Professor Josep Maria
Puig (1998), se aproxima da metodologia que se imagina para sistematização da
criação de oportunidades que possibilitem a vivência das situações geradas
através dos Temas Transversais.
Ele propõe dinâmicas, exercícios,
atividades que levam o adolescente a observar, refletir, analisar, julgar, ou
seja, desenvolver um método de pensamento que o leve a adotar valores morais de
maneira consciente e participativa, vinculados à construção da democracia, da
cidadania, das relações interpessoais favorecendo, conseqüentemente o seu
processo de identidade pessoal.
Já, Enrique Palladino propõe no seu
livro Proyecto y Contenichos Transversales uma metodologia de projetos. Os
conteúdos dos projetos podem ser organizados a partir do interesse dos alunos,
segundo o autor. “A função do projeto é criar habilidades na organização dos
conteúdos baseada no tratamento da informação e no estabelecimento de relações
entre fatos, conceitos e procedimentos.O risco que se corre é o de a Escola
trabalhar valores através da proposta de transversalidade mas não atentar para
a mudança necessária de ordem estrutural onde as disciplinas devem estar
organizadas de modo atender os fins, logo devem ser meios e não fins em si
mesmo.
Uma
outra possibilidade que acredita-se que seja mais abrangente, mais completa e,
portanto,mais complexa, passa por alguns eixos específicos na escola:
1º
- a Escola deve elaborar o seu
projeto político pedagógico contemplando a questão dos valores morais não como
saberes/atitudes apenas inseridos em disciplinas específicas e sim como
questões macro que estão disciplinarmente e transdisciplinarmente comprometidas
na formação dos alunos;
2º
- a comunidade escolar tem que
estar disponível para um novo tipo de trabalho, portanto, há que se ter uma
ruptura no “modelo tradicional” e uma busca de um modelo pedagógico
transformador que vise esta formação do aluno “por inteiro” , isto é, instrução
e vivencia de atitudes e valores e;
3º
- a escolha de um profissional da
educação que terá o papel de articulador e mediador, no engajamento e discussão
das propostas apresentadas, levando ao aluno a possibilidade de vivenciar os
seus valores de forma ampla, dinâmica e objetiva.
Refere-se , aqui que existem possibilidades
de ações a partir de reflexões filosóficas possíveis de uma escola com cultura
de pensar e agir em prol da humanidade.
4.
CONCLUSÃO
Os dados encontrados nesta pesquisa preliminar que
visa delinear o perfil do adolescente, hoje, aponta algumas tendências que
permitem ensaiar inferências educacionais que contribuam para a abordagem de
propostas de aprendizagem, de teor significativo, para essa etapa essencial do
desenvolvimento humano.
Percebe-se, no quadro de características analisadas
nesta amostragem parcial, o adolescente , com seus medos, sonhos e conflitos
pessoais em busca de valores para fundamentar suas ações. E, é aí que se
percebe a necessidade de a Escola proporcionar ao adolescente as condições
ideais em que ele possa ressignificar a sua realidade construindo a sua
identidade baseada em valores que permitam a sua formação
sócio-econômico-político-cultural
voltada par uma sociedade justa e fraterna.
O resultado deste trabalho, pretende através deste
texto reflexivo oportunizar novas reflexões sobre a Escola ser um lugar, por
excelência, significativo e próprio para que os alunos possam alcançar, além de
sua autonomia intelectual, a sua autonomia moral.
A análise dos dados remete-nos para a necessidade de
efetivarmos a pesquisa indicada, em todo a sua extensão, englobando outras
questões valorativas não indicadas nesse estudo por razões específicas ao tipo
de trabalho que aqui se apresentou.
Sabe-se que esta mudança requer mudança também, no que
se entende por formação do aluno enquanto sujeito de sua própria história e da história de seu povo.
Esta é uma busca para a formação da cidadania : o sujeito que sabe, que faz,
mas que pensa, que se emociona e que pode participar critica e conscientemente
na sociedade em que vive.
Descrição Bibliográfica das autoras:
Profª. Dr.ª Míriam P. S. Zippin Grispun
e-mail: ezippin@rj.sol.com.br
Profª.
Titular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro/RJ
Participação em Congressos ( em
1999) :
·
XXVII Congresso Interamericano de Psicologia :
Palestra: As questões dos valores
na formação da cidadania.
Caracas- Venezuela
·
Encuentro de fin de siglo- Latinoamérica:utopias,
realidades y proyectso
Palestra: Os valores e a educação
tecnológia
Salta- Argentina
·
19 th World Conference on open learning and Distance
Education
Palestra: Education at Distance:
challenges for the next millenium
Viena- Austria.
Profª Cristina Novikoff
e-mail: mithi.koff@uol.com.br
Profª do Centro Universitário de
Volta Redonda/ UNIFOA
ü
Participação no 5º Congresso Internacional da
Sociedade Portuguesa de Ciência e Educação/SPCE: Cruzar saberes em educação/
Fevereiro, 2000.
ü
Participação no X Congresso Nacional de Educação Física
de Volta Redonda,Set,1999.
BIBLIOGRAFIA
ABERASTURY, A & KNOBEL, M. Adolescência normal.
Porto Alegre: Artes Médicas,
1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena
Pires. Filosofando –
introdução
à filosofia. São Paulo: Moderna, 1996.
BECKER, D. O que é adolescência. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1985.
BUSQUETS, Maria Dolors (org.). Temas transversais
em educação: bases para uma
formação
integral. São Paulo: Editora Ática, 1998.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São
Paulo: Editora Ática, 1999.
ENRIQUEZ, E. Da horda ao Estado. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.
Estatuto da Criança e do Adolescente / Apresentação
Siro Darlan – Lei nº 8.069 / 90.
Rio de
Janeiro: DP&A, 1998.
GENTILLI, P. & SILVA, T. T. Neoliberalismo,
qualidade total e educação. Petrópolis:
Vozes,
1999.
GRISPUM, Miriam P. Educação tecnológica; desafios e
perspectivas. Rio de Janeiro:
Bookmakeres, 1999.
GRINSPUN, Mírian Paura S. Zippin. Os valores do jovem no
contexto atual . Projeto de pesquisa. Universidade Estadual do Rio de
Janeiro. julho de 1999. mimeo.
_____________________________. A Ética
social e a orientação Educacional. Rio de Janeiro, UERJ, 1993, mimeo.
LARROSA, J. & N. Péres de Lara (orgs.) Imagens do
outro. Petrópolis: Vozes,1998.
LARROSA, J. Pedagogia profana. Belo Horizonte:
Autêntica, 1999.
LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias
psicogenéticas em discussão.
São Paulo:
Summus, 1992.
LEVISKY, D. L. (org.) Adolescência : conseqüências da
realidade brasileira. Porto Alegre:
Artes Médicas,
1997.
LEVISKY, D. L. Violência e adolescência. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1999.
MORIN, Edgar. A nação do sujeito. In: Schitman, Dora
Fried (org.). Novos paradigmas
cultura e
subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
PIAGET, J. O juízo moral na criança. São Paulo :
Summus, 1994. (org. 1932).
Parâmetros Curriculares nacionais –
Ministério de Educação e do Desporto. Secretaria de
Educação Fundamental
– apresentação dos Temas Transversais.
PALLADINO, Enrique. Proyecto y contenidos transversales.
Buenos Aires: Espacio
Editorial,
1997.
ROCHEBLAVE-SPENLÉ, Anne-Marie. O adolescente e seu mundo.
São Paulo: Livraria
Duas Cidades,
1995.
ZAGURY, Tania. O adolescente por ele mesmo. Rio de
Janeiro: Record, 1996.
SILVA, Tomaz Tadeu. Alienígenas na sala de aula.
Petrópolis: vozes, 1995.
YUS, Rafael. Temas Transversais – em busca de uma nova
escola. Porto Alegre: Artes
Médicas,
1998.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
Anexo 1
Quadro síntese do perfil do
jovem.
Auto-definição |
Análise das carcterísticas apresentadas |
|
Aparência Preocupados
com a aparência; alguns se acham feios; desorganizados; enrolados;
barulhentos e desengonçados. |
Características físicas: ® Ocorre o
estirão de crescimento e a maturidade sexual é atingida, ou seja , a
puberdade se completa. ®Surgem os
chamados caracteres sexuais que, geralmente,
causam angústia e preocupação. Obs: Em
nossa sociedade, onde a aparência física é particularmente importante na
adolescência, a auto-estima e a auto-aceitação são bastante influênciadas
pelo padrão social. Fazem mais sucesso e popularidade os que correspondem
esse padrão de beleza e de maturidade. Os demais que têm um desenvolvimento
precoce ou tardio parecem sofrer consequências negativas. |
|
Se acham
ora determinados ora confusos; auto-suficientes; auto-confiantes e
imediatistas. |
Características do pensamento: ® Em
alguns, mas não em todos, desenvolvem-se as operações formais ( Estágio
último do desenvolvimento do pensamento segundo Piaget ). ®Surge o
julgamento moral em função de princípios e a busca de novos valores. ®Ocorre a
passagem de uma lógica indutiva para a dedutiva. Obs: Neste
grupo, em particular, a grande maioria se encontra na fase das operações
concretas. Estágio do pensamento caracterizado pelo imediatismo e pouca
reflexão. |
|
São
ambíguos: ora estão bem ( alegres e excitados) ora mal (ansiosos e
depressivos); meninas são mais sonhadoras e românticas, meninos mais
agressivos e inseguros. |
Características emocionais : ® Variam
facilmente de estado de humor. Alternância constante entre dois extremos: uma
intolerância exacerbada que se manisfesta por meio de uma agressividade e uma
depressão dissimulada entre tentativas de risos e vozes altas. Obs: É
importante entender que tanto a agressividade quanto os momentos depressivos
são elementos indispensáveis para a boa elaboração das fases que se acumulam
: Elaboração do seu projeto pessoal. A agressividade facilita a utilização de
recuros internos no movimento que ele faz de tentar a vida, buscar
possibilidades e usar a criatividade. A depressão conduz ao recolhimento
indispensável para o contato com as vivências internas, que ajudam a entender
o que se passa com ele para poder assumir nova identidade. |
|
Na relação com amigos: Brincalhões
e fiéis com os amigos. Para eles “amizade é coisa séria”. Confiam e
contam tudo para os amigos. Adoram ajudar e
aconselhar. São
ciumentos e egoístas. Na relação com a sociedade: Definem a
sociedade como “lixo” , “sofrimento”. Caracterizam
a sociedade como preconceituosa, violenta e que provoca medo. Na relação com a família: A família
para eles é “tudo”. É a representação da afetividade. Onde há troca de amor,
amizade e segurança. Na relação com ele mesmo : Não
apresentaram nenhum ponto comum de identificação. Na relação com a Escola : Veêm o
futuro através da escola. Consideram
a escola como espaço social. |
Características relacionais (
socialização ): ® Existe
apesar da busca de identidade, uma forte identidade grupal. As amizades são
as coisas mais importantes do mundo e ajudam a consolidar sentimentos de
solidariedade, ajuda mútua e companherismo. ® Eles se
tornam mais unidos e mais significativos. ®Os grupos
são formados em função de interesses comuns. ®Há
conformidade com as normas do grupo. Há uma submissão grande, quase um pacto
de fidelidade às regras do grupo. Geralmente a identidade é do grupo e o que
ser , o que fazer está submetido a vontade do grupo. ®Rejeitam
o modelo de sociedade atual. Ocorre uma separação progressiva dos valores do
sistema. ®Apresentam
uma dificuldade no relacionamento com o mundo adulto. Fase da negação,
contestação e rebeldia. à A
família é ponto de referência, principalmente para a consolidação dos valores
afetivos e morais. à Sugere a
ausência do auto-conhecimento,
refletida nas seguintes expressões : “não sei” , “não me entendo”. à
Reconhecem a necessidade da escola enquanto instituição educativa , porém
muito mais informativa que formativa. |
|
Ação no mundo : Gostam
de: -
Conversar -
Ver TV -
Falar no telefone -
Novidades -
Aventuras e desafios -
“zonear” -
Ir ao shopping -
Comprar -
Ouvir música -
Dançar -
Viajar com amigos -
Cuidar da aparência -
Fazer amizades Não
gostam de : -
Ouvir sermão -
Ouvir conselhos -
Falsidade -
Injustiça -
Mentira -
Violência |
Características sócio-culturais: ® Fase das
novas sensações e experiências desconhecidas. ® Visão de
mundo quase descartável. ®
Comportamento consumista e utilitarista. ® Desejam
tudo ao mesmo tempo. Os interesses mudam com muita facilidade. ® Desejam
ter um futuro legal mas não estão ainda preocupados com isso. |
|
Projeto
Pessoal : Ser feliz. Ser “alguém na vida”. |
à Percebeu-se a preocupação
com o sucesso profissional tanto do ponto de vista financeiro quanto do
reconhecimento e prestígio social. |
|
Mito: Têm como ídolo os pais. Apreciam as personalidades do esporte. Valorizam os artista da TV |
à Considera-se uma forte
tendência em mitificar os destaques do esporte e TV. Porém trata-se dos pais
seus principais modelos. |
|
O que
pensam sobre : Sexo Associam ao prazer e a necessidade com segurança. Religião Veêm como opção pessoal, complemento da vida. Drogas Dizem : “É uma droga”. Definem como um mal, um prejuízo à saúde física e
mental. |
à Parece estarem informados
sobre os cuidados e os riscos do sexo sem segurança. à De certa forma é
explicado pelo afastamento da sociedade soa dogmas da Igreja. A Igreja perde
o seu poder moralizador. à Percebe-se que possuem um
bom nível de informação sobre a questão. |
|