Em
1901, com um vôo de pouco mais de
30 minutos sobre Paris, Santos-Dumont
provou que o homem podia controlar
o seu deslocamento pelos ares a
bordo de um balão.
O
dirigível nº 6 contorna a torre
Eiffel.
Um vôo em torno da torre Eiffel
realizado cem anos atrás faz hoje
parte da história da aviação. Em
1901, o brasileiro Alberto Santos-Dumont
venceu o desafio lançado por um
magnata do petróleo chamado Henri
Deutsch de la Meurthe, que um ano
antes decidira premiar o piloto
do primeiro balão dirigível ou aeronave
de qualquer natureza que se elevasse
do solo e, sem tocar a terra e por
seus próprios meios, contornasse
a torre Eiffel e voltasse ao ponto
de partida, o campo de aerostação
de Saint-Cloud. O vôo teria que
ser realizado até 1904 e no tempo
máximo de 30min. A distância de
ida e volta era de aproximadamente
30km.
Na
tarde de 19 de outubro de 1901,
Santos-Dumont partiu de Saint-Cloud
a bordo de seu dirigível nº 6, que
media 33m de comprimento. Depois
de contornar a torre, na época a
maior construção do mundo, Santos
Dumont voltou ao local da decolagem,
levando 29min30s para percorrer
todo o trajeto. Mas só conseguiu
aterrissar o balão cerca de 1min
depois, ultrapassando assim o tempo
limite. Gerou-se uma polêmica entre
a comissão encarregada de avaliar
a tentativa, formada por membros
do Aeroclube da França. Santos-Dumont,
porém, conseguiu contornar a resistência
ao reconhecimento de seu feito com
uma proposta: caso fosse declarado
vencedor, daria metade do prêmio
aos mecânicos e técnicos de sua
equipe e a outra metade à Prefeitura
de Paris, com a condição de que
esta distribuísse a quantia entre
os pobres.
Para
Santos-Dumont, mais importante que
o prêmio era mostrar que seu dirigível
era uma máquina funcional. Com a
façanha, o aeronauta brasileiro
provou que o homem podia controlar
o seu deslocamento pelos ares. Até
então, os balões de ar quente voavam
sem controle, ao sabor dos ventos.
A data ficou consagrada como do
Dia Internacional da Dirigibilidade,
princípio fundamental da aviação.
Desde
1897 Santos-Dumont vinha realizando
vôos em balões. O primeiro deles,
batizado de Brasil, apresentava
um volume abaixo da média e, com
suas pequenas proporções, oferecia
um problema técnico, o de manutenção
da estabilidade. Para resolver essa
dificuldade, Santos-Dumont alterou-lhe
o centro de gravidade, mediante
o alongamento das cordas de suspensão
da barquinha destinada ao tripulante.
O inventor também utilizou pela
primeira vez a seda japonesa, o
que tornou o engenho mais leve e
permitiu que suportasse maior tensão.
O Brasil foi pilotado em 4 de julho
de 1898, no Jardim da Aclimação,
em Paris.
Foi
nessa época que Santos-Dumont decidiu
tentar a utilização de um motor
a gasolina em aeróstatos, o que
representaria um grande passo para
solucionar o problema de sua dirigibilidade.
Em 18 de setembro de 1898, ele decolou
do Jardim da Aclimação com seu dirigível
nº 1. Semelhante a um charuto, com
25m de comprimento e 30kg de peso,
era impulsionado por um motor a
gasolina de 3,5 HP.
Em 11 de maio de 1899 Santos-Dumont
voou pela primeira vez com o balão
nº 2, que só diferia do anterior
pela potência maior, mas o vôo não
deu bom resultado devido ao mau
tempo. O balão nº 3 foi construído
no mesmo ano, quando o inventor
empregou pela primeira vez o gás
de iluminação em lugar do hidrogênio,
mais caro. Esse aparelho era de
formato diferente, mais afilado
nas pontas e, para abrigá-lo, Santos-Dumont
construiu um hangar especial, o
primeiro do mundo.
No balão nº 4, o piloto sentava-se
num selim de bicicleta, de onde
dirigia e controlava o motor, o
leme de direção e as torneiras do
lastro, o qual, em vez de areia,
compunha-se de 54 litros de água,
guardados em dois reservatórios.
Esse balão subiu com sucesso em
1º de agosto de 1900, quando se
realizavam em Paris a Grande Exposição
e o Congresso Internacional de Aeronáutica.
O balão nº 5 apresentou como novidade
um motor de 16 HP, ao qual se adaptava
uma formação triangular de pinho,
com 41kg e fabricada pelo próprio
aeronauta. O balão, no entanto,
chocou-se com um prédio de Paris.
Santos-Dumont ficou pendurado a
vinte metros de altura, mas saiu
ileso.
As experiências aeronáuticas de
Santos-Dumont culminaram no primeiro
vôo mecânico do mundo, realizado
com o 14-bis, em 23 de outubro de
1906. O aeroplano voou 60m a uma
altura entre 1 e 2m no campo de
Bagatelle. Um novo vôo ocorreu em
12 de novembro de 1906, quando o
aeronauta brasileiro conseguiu percorrer
200m, a 6m de altura. Com o 14-bis,
Santos-Dumont ganhou a taça Ernest
Archdeacon, instituída para o primeiro
aeroplano que com seus próprios
meios se elevasse a mais de 25m,
e o prêmio do Aeroclube da França
para o primeiro avião que fizesse
um percurso de 100m.
Novembro de 2001
Fonte:
Pesquisas Barsa
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