Portugueses
   

De colonizadores a imigrantes

Os registros da imigração portuguesa apareceram no século XVIII e se tornaram mais regulares a partir do século XIX. Devido aos inúmeros estudos sobre o tema, hoje já se pode contar com estimativas mais confiáveis sobre o número de imigrantes que vieram para o Brasil desde o século XVI.

Nos primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século seguinte, esse número aumentou: foram registrados 600 mil e uma média anual de 10 mil imigrantes portugueses. O ápice do fluxo migratório ocorreu na primeira metade do século XX, entre 1901 e 1930: a média anual ultrapassou a barreira dos 25 mil.

A origem sócio econômica do português imigrante é muito diversificada: de uma próspera elite nos primeiros séculos de colonização, passou-se a um fluxo crescente de imigrantes pobres a partir da segunda metade do século XIX. Estes últimos foram alvo de um anedotário pouco condizente com a rica herança cultural que nos deixou o português.

Compare as estimativas do total de portugueses que entraram no Brasil desde o século XVI na tabela abaixo.

Período América
Portuguesa
Império
Colonial
Média anual
América Portuguesa
Média anual
Império Colonial
1500-1580 100.000 280.000 500 3.500
1581-1640 300.000 5.000
1641-1700   120.000   2.000
1701-1760 600.000   10.000  
1808-1817 24.000   2.666  
1827-1829 2.004   668  
1837-1841 629   125  
1856-1857 16.108   8.054  
1881-1900 316.204   15.810  
1901-1930 754.147   25.138  
1931-1950 148.699   7.434  
1951-1960 235.635   23.563  
1961-1967 54.767   7.823  
1981-1991 4.605   406  
Fonte:Brasil 500 anos de povoamento. IBGE. Rio de Janeiro. 2000

 

Imigração de massa: 1851 - 1960

A partir de meados do século XIX o perfil do imigrante português sofreu uma radical transformação: entre os que chegavam predominavam os de origem pobre; as mulheres passaram a representar parcelas cada vez maiores dos grupos de emigrantes, e as crianças menores de 14 anos pobres, órfãs ou abandonadas, chegaram a representar 20% do total de emigrados. *Vejam o passaporte de entrada no Brasil de minha bisavó materna - Anna Diaz de Oliveira. Observem a data da chegada (antes da abolição da escravatura) . Clique aqui - Vejam o verso do mesmo passaporte. Observem que, não muito legível, está o carimbo do Serviço de Imigração em São Paulo, comprovando o pagamento indenizatório da passagem para o Brasil. Clique aqui

Acontecimentos que contribuiram para a mudança:

• o aumento expressivo da população portuguesa: a taxa de crescimento que em 1835 foi 0,08% pulou para 0,75% em 1854 e para 0,94% em 1878.
• a mecanização de algumas atividades agrícolas produzindo um excedente de trabalhadores no campo.
• o empobrecimento dos pequenos proprietários rurais que se multiplicaram e engrossaram as fileiras dos candidatos à emigração. O aumento deles foi de tal ordem que permitiu um significativo fluxo de emigrantes não apenas para o Brasil, mas também rumo aos Estados Unidos e, posteriormente, em direção à África.

Portugueses pobres no Brasil: A origem política do surgimento das anedotas sobre português aqui no Brasil

Esses pequenos proprietários rurais pobres, rudes, originários do norte de Portugal, da região do Minho, contribuíram para a formação da imagem negativa e preconceituosa do imigrante português, estigmatizando-os como pessoas intelectualmente pouco qualificadas. Eles foram alvo de um anedotário pouco condizente com a rica herança cultural que nos deixou o português.

Na segunda metade do século XIX já aparecem os primeiros livros de anedotas, fazendo críticas sutis à herança colonial. O anedotário deve ser entendido como o lado mais popular do debate entre políticos e intelectuais do país que se preocupavam, sobretudo, em definir e afirmar a identidade nacional. Nesse contexto, as anedotas expressavam a rejeição do povo brasileiro ao seu passado colonial.

Os imigrantes pobres são retratados por um escritor da década de 1820, Raimundo da Cunha Mattos. Diz ele que o português pobre, ao desembarcar nos portos brasileiros, vestia polaina de saragoça, (...) e calção, colete de baetão encarnado com seus corações e meia (...) geralmente desembarcavam dos navios com um pau às costas, duas réstia de cebolas, e outras tantas de alhos... e ... uma trouxinha de pano de linho debaixo do braço. Eram minhotos que, para sobreviver, dormiam na rua e procuravam ajuda de instituições de caridade.

Símbolos Nacionais de Portugal - Bandeira e Hino Nacional (evolução da bandeira)

"A Portuguesa" foi composta em 1890, com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, e foi utilizada desde cedo como símbolo patriótico mas também republicano. Aliás, em 31 de Janeiro de 1891, numa tentativa falhada de golpe de Estado que pretendia implantar a república em Portugal, esta canção já aparecia como a opção dos republicanos para Hino Nacional, o que aconteceu, efectivamente, quando, após a instauração da República a 5 de Outubro de 1910, a Assembleia Nacional Constituinte a consagrou como símbolo nacional em 19 de Junho de 1911 (na mesma data foi também adoptada a bandeira nacional). Ouça um trecho do Hino. Clique duas vezes no play.


Heróis do mar, nobre Povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Para saber mais sobre as 4 fases migratórias da imigração portuguesa acesse aqui

Obs: Em homenagem aos imigrantes portugueses, a Camara dos Vereadores de São Paulo aprovou o projeto de lei referente ao Dia do Imigrante Português, comemorado no dia 22 de abril de cada ano. Aprovado em 21 de março de 2007, a lei nº 14.276 institui o dia 22 de Abril como Dia do Imigrante Português, entrando em vigor na data de sua aprovação em 21 de março de 2007. O 22 de Abril já havia sido instituído como o Dia da Comunidade Luso-Brasileira, dentro das comemorações do Descobrimento do Brasil, uma lei de âmbito federal. Agora, a data passa a fazer alusão também ao imigrante português, constando a partir de então no Calendário Oficial de Eventos da cidade de São Paulo.

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