Contos do Rabino
   

Perguntaram uma vez ao Dubner Maggid: “Porque razão têm as parábolas um efeito tão grande nas pessoas?” Ao que o pregador respondeu: “Posso explicar contando uma parábola.”
E foi esta a parábola que contou;

Há muitos, muitos anos, a Verdade caminhava pelas ruas, nua como no dia em que nasceu. O povo recusava deixa-la entrar nas suas casas naquele estado. Qualquer pessoa com quem ela se cruzasse fugia a sete pés. Vagueava a Verdade com grande tristeza quando um dia se cruzou com a Parábola, que se vestia com roupas de esplêndidas cores. A Parábola perguntou-lhe: “Diz-me amiga, o que te faz andar tão triste?” Ao que a Verdade respondeu: “É terrível, minha irmã. Sou muito velha e por isso ninguém me liga.”

“Não é por causa da tua idade que as gentes não gostam de ti. Eu também sou velha, mas quantos mais anos passam mais as pessoas me apreciam. Deixa-me dizer-te um segredo: o povo gosta de adornos e encobrimento. Vou emprestar-te algumas das minhas roupas e verás como o povo também vai gostar de ti.”

E assim foi. A Verdade seguiu o conselho e vestiu as roupas da Parábola. Desde esse dia, a Verdade e a Parábola passaram a andar sempre juntas e o povo gosta das duas.

Rabino Yakov Krantz (1740-1804), conhecido como “o Pregador de Dubno” (Dubner Maggid), Ucrânia.
in Jewish Preaching 1200-1800, Marc Saperstein, Yale University Press, 1989.

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O ceifeiro ladrão e a sua filha

(um pequeno conto)

Há muitos, muitos anos, um homem foi ao campo roubar trigo e levou a filha com ele para que ela o ajudasse na tarefa. “Filha”, disse ele, “fica aqui na estrada de guarda para que ninguém me veja.” Mas assim que o homem começou a ceifar a filha gritou-lhe: “Pai, estão a ver-te.” O homem levantou a cabeça e olhou para a esquerda, mas como não viu ninguém continuou a ceifar. “Pai, estão a ver-te”, gritou a criança uma segunda vez. O homem levantou a cabeça e olhou para a direita, como nada viu continuou a ceifar. Passados mais uns minutos a menina gritou uma terceira vez: “Pai, estão a ver-te”. O homem olhou para a frente, mas não viu ninguém e continuou a ceifar. “Pai, estão a ver-te”, gritou a filha pela quarta vez. O homem olhou para trás e como não viu ninguém ficou irritado com a criança: “Então filha?! Dizes que me vêem mas eu já olhei em todas as direções e não vejo ninguém.”

A filha encolheu os ombros: “Mas pai, estão a ver-te dali”, disse ela apontando para o céu.

Conto tradicional dos judeus da Tunísia, publicado pela primeira vez nos finais do século XIX pelo rabino Abba Shaul Haddad. Este conto é muito semelhante a uma outra história tradicional contada pelos judeus da Índia.

Fonte: http://ruadajudiaria.com/?p=465

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