O
pequeno princípe
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Mas,
se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro.
Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para
ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço
um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como
que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será
diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora como música.
E
depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo?
Eu não como pão. O trigo para mim é inútil.
Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso
é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então
serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo
que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei
o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo.
Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse
a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma.
Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem
lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.
Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
Antoine de Saint-Exupéry