Cass
R. Sunstein*
Não
é estranho que os executivos
queiram prever o futuro e que tentem
antecipar quais serão os produtos
de sucesso, quais os candidatos a
uma vaga que terão um excelente
desempenho e quando abrirá
as portas da nova sucursal da empresa.
Sob algumas condições,
a melhor maneira de responder tais
questionamentos consiste em perguntar
para um grupo numeroso de pessoas
e se ater à opinião
da maioria.
Segundo
afirma James Surowiecki em The wisdom
of crowds (A sabedoria das multidões,
Editora Record), as conclusões
de um grupo grande podem, de alguma
forma, ser melhores do que as dos
experts, pela simples razão
de que esses grupos reúnem
o conhecimento disperso e, com freqüência,
o que poderia ser descrito como o
“julgamento estatístico”
do grupo, ou a opinião média,
é surpreendentemente bom.
Não
é fácil, no entanto,
perceber quando e por que os julgamentos
estatísticos serão adequados.
As melhores explicações
provêm do Marquês de Condorcet,
um nobre francês que, em 1785,
expôs uma explicação
aritmética conhecida como o
“teorema do júri de Condorcet”.
Para entender como funciona o teorema,
suponhamos que várias pessoas
respondam à mesma pergunta
e que há duas respostas possíveis
(correta e incorreta).
Suponhamos
também que a probabilidade
de que cada pessoa responda corretamente
supera os 50%. Com poucos cálculos,
o teorema demonstra que a probabilidade
de que a maioria responda de maneira
acertada se aproxima de 100% à
medida que o tamanho do grupo aumenta.
Em
poucas palavras, os grupos dão
melhores respostas do que os indivíduos
isolados e os grandes grupos dão
respostas mais acertadas do que os
pequenos, desde que se cumpram as
duas condições: que
a resposta da maioria “ganhe”
e que cada pessoa tenha mais probabilidades
de acertar do que de errar. Os especialistas
em ciências sociais estenderam
o teorema de Condorcet para perguntas
com mais de duas respostas possíveis,
visto que enquanto for mais factível
que as pessoas escolham as respostas
certas, a resposta da maioria tende
a ser a correta quando o grupo for
suficientemente grande.
O
teorema ajuda a entender o assombroso
crescimento dos “mercados de
previsão”, nos quais
as pessoas arriscam sua opinião
sobre acontecimentos futuros. Os exemplos
mais famosos são os Mercados
Eletrônicos de Iowa, que invariavelmente
superam as pesquisas de previsão
das eleições presidenciais,
e o “Hollywood Stock Exchange”,
que conseguiu antecipar muitos sucessos
de bilheteria (previu 15 dos últimos
16 principais ganhadores do Oscar).
Algumas
empresas, como a Microsoft, Google
e Eli Lilly, incentivam seus funcionários
a participar nos “mercados de
previsão”, apostando
nos produtos que serão bons
vendedores, quando serão inaugurados
novos escritórios e para quanto
vão subir os lucros do trimestre.
No
entanto, aqueles que entrarem nos
mercados de previsão deveriam
levar em conta a advertência
que formulara o mesmo Condorcet: suponhamos
que cada indivíduo tem mais
probabilidades de errar do que de
acertar, porque muito poucos no grupo
têm acesso à informação
precisa. Nesse caso, a probabilidade
de que a maioria decida corretamente
se aproxima de zero à medida
que o grupo aumenta.
Por
isso, faz sentido que os executivos
perguntem à opinião
de seus funcionários sobre
os ciclos de produção
dos produtos próprios, mas
seria inútil perguntar pelas
datas de desenvolvimento de produtos
da concorrência. Quando a maioria
pode errar porque carece de informação
relevante, é melhor ignorar
sua opinião e, em vez disso,
recorrer aos especialistas.
©
2006 Harvard Business School Publishing,
distribuído por New York Times
Syndicate
17/04/2007
Sunstein, Cass R.
Autor
do livro Infotopia: how many minds
produce knowledge, publicado por Oxford
University Press.
Fonte:
HSM
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