Information R/evolution
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Tentava descrever um conceito dinâmico, visual e participativo num formato estático que representava a antítese do que pretendia transmitir. Realizou então o vídeo que se tornaria num ícone da Web 2.0. Ironicamente, este vídeo viria a tornar-se numa metáfora viva do conceito que Wesch tanta dificuldade tinha em transmitir. Através dos conceitos da Web 2.0, para além da descrição do que pretendia, o vídeo tornou-se ele próprio numa prova viva do que é a Web 2.0, contando já com mais de 3.5 Milhões de visualizações e 6.000 comentários no YouTube. No entanto, o trabalho deste professor de Antropologia da Universidade do Kansas não ficou por aqui. Realizou também Information R/Evolution. Afinal o que é a Informação? Como a caracterizamos? É uma "coisa"? Tem alguma localização lógica? Onde pode ser encontrada? Numa prateleira? Num Filesystem? Inserida numa categoria? Este vídeo explora a forma como nós encontramos, guardamos, criamos, criticamos e partilhamos informação.
Este outro vídeo resume alguns dos aspectos mais importantes dos alunos de hoje - como aprendem, o que precisam de aprender, os seus objectivos, esperanças, sonhos, o que esperam e que tipo de mudanças se espera que venham a sentir ao longo de suas vidas.
A Vision of Students Today
Fonte: http://obviousmag.org/
Educação 2.0
Prof. José Paulo de Araújo
No artigo From Knowledgeable to Knowledge-able: Learning in New Media Environments, Michael Wesch, professor da Universidade do Kansas, apresenta neste artigo uma reflexão sobre a educação que ainda predomina em grande parte das escolas e que se fundamenta nos pressupostos de que aprender é acumular conhecimentos valiosos que são transmitidos dentro de uma estrutura social na qual se destaca a autoridade do professor.
Para o autor, essa educação vem sendo ameaçada pelas novas tecnologias de informação e comunicação, que há algum tempo vêm instaurando novas formas de interação, discurso, sociabilidade e colaboração. E as novas gerações parecem cada vez mais familiarizadas com essa verdadeira revolução tecnológica e social.
Wesch assinala dentre os marcos dessa revolução: a popularização dos blogs, que deram aos usuários o poder de se transformar em produtores de informação e não mais meros consumidores como nas décadas anteriores; a Wikipedia, que provou que conteúdo produzido por usuários pode ter qualidade compatível com a de obras produzidas por especialistas; e as novas formas de organizar coletivamente o aparente caos da Web, tais como as tags (etiquetas).
Nesse novo contexto de mídias, ele afirma, chega-se ao ponto em que o usuário não mais precisará buscar a informação, pois ela poderá chegar até ele.
Ao ignorar essa realidade, a educação acaba por gerar o fenômeno que wesch chama de crise da significância, pela qual os alunos lutam para encontrar sentido naquilo que a escola lhes impõe e quando não o encontram demonstram comportamentos disruptivos desatenção, confrontação e até agressividade.
A solução para Wesch está na aceitação de que a informação no mundo atual não mais se encontra em um lugar privilegiado (a escola) nem tampouco nas mãos de um ser privilegiado (o professor). Ela está em todos os lugares, acessível por diversas tecnologias que os próprios alunos já dominam. O que falta é lançar o foco sobre o por que aprender (a significância para o aluno), facilitar o como aprender (dando-lhe recursos que a tecnologia não garante) e deixar que a aprendizagem ocorra naturalmente.
O como é para Wesch de vital importância. Na educação que vimos fazendo até então, simplesmente organizávamos o conhecimento a ser transmitido em disciplinas estanques (língua portuguesa não tem a ver com matemática, que não tem a ver com geografia etc.). Na educação verdadeiramente contemporânea, wesch defende que o foco seja deslocado para as subjetividades, isto é, para as formas de abordar, compreender e interagir com o mundo.
Ensinar com foco em subjetividades implica criar instabilidade, desafiar os pressupostos que todos os seres humanos têm arraigados dentro de si. Isso é desafiador e só ocorre onde há respeito mútuo entre professor e aluno. Cabe ao professor, nesse contexto, instilar no aluno a confiança necessária de que ele precisará para enfrentar o desafio de questionar tudo, inclusive a si mesmo.
Wesch não tem respostas sobre a forma certa de enfrentar esse desafio, que ele chama de antiensino. Na verdade, ele aponta as dificuldades inerentes ao processo a partir de sua própria prática no ensino superior p.ex. a necessidade de cumprir exigências institucionais para avaliação de aprendizagem.
O que ele destaca, entretanto, também a partir de sua experiência, é que o antiensino permite criar ambientes efetivamente favoráveis à aprendizagem significativa para o aluno.